Sunday, March 02, 2008

Era uma vez um tolo...


“Era uma vez um tolo,

Tudo o que o tolo queria era ser feliz um dia. Julgou que a felicidade estava nos amigos. Mas aos poucos deu-se conta que a maioria deles só se importa com os seus próprios umbigos. Nunca imaginara que fosse tão dolorosa a dor de uma constatação desta natureza, mas, quem sabe, aprenderia para o resto da sua vida que a vida, a vida é mesmo uma dureza…

E o tolo lá prosseguiu na sua tolice. Sonhou poder ser feliz nas suas responsabilidades. Julgou poder fazer o bem por esta e outras humanidades, mas tudo o que alcançou foi o cansaço, o desespero e a desesperança. Pouco mais conseguiu do que deixar de avistar o horizonte que pouca gente viu. Ao fim e ao cabo, deixou de ter nos afazeres do dia-a-dia aquela tão intensa e desejosa alegria…

A cada porta fechada, eis que se abre uma portada. E o tolo até nisto acreditou. Acreditou que os sentimentos poderiam ser a sua salvação. Resolveu, então, dar voz ao seu coração. Resolveu arriscar e tudo dar, sem nada pedir, sem nada esperar. Julgava ser esta a melhor opção. Afinal…talvez não. Não, porque já ninguém arrisca assim. Não, porque só um tolo se permite gostar/desejar/amar, como lhe queiram chamar, coisas ou pessoas sem se preocupar com o seu próprio bem-estar…

Em nada o tolo encontrou a felicidade. E se ao longo dos caminhos percorridos, a felicidade mostrou-se e deu ares da sua graça, onde está, então, ela agora? De onde vem tanta desgraça?

O tolo, ciente disso mesmo, olhou para os céus e, com os olhos marejados de lágrimas, dirigiu-se a Deus dizendo: “Senhor, já não sei mais que faça. Sinto que o rio corre, as nuvens voam, mas a dor não passa! Por favor, Senhor, este tolo já não sabe mais o que fazer. Tenho mesmo que passar por isto para aprender a viver?”.

Ao que Deus respondeu ao tolo: “Meu filho, a vida é um acto de Fé. Não importa se caíste sozinho ou se foste empurrado – se estás nos chão, levanta-te e caminha pelo teu próprio pé. Cabe-te a ti a decisão de continuares a lutar ou não. Se desistires, poderás antecipar a tua viagem e, quiçá, o teu sofrimento. Se continuares, quem sabe um dia saberás qual o sabor da vitória, quem sabe um dia não chegará o teu momento. Se tudo dás e nada recebes, não te preocupes: o Amor, em todas as suas formas, é isso mesmo. Se tudo semeias e nada colhes, não te preocupes: um dia a Natureza irá surpreender-te. Se te doem a alma e o coração, não receies: a dor que sentes não será em vão”.

Mas o tolo só queria ser feliz. O tolo só queria vencer as amarguras da vida e viver a sua vida rindo, até que esta chegasse ao fim e ele se encontrasse como sempre desejou: sorrindo…

Era uma vez um tolo…um tolo chamado Laurindo…”

Nota do Autor: o tolo ainda não decidiu o que fazer…

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