Monday, March 03, 2008

Nem...


Há tempos escrevi algo que, sem saber muito bem porquê, acabei por não publicar neste blog. Hoje, e por vias de uma total, triste e desconsolada falta de ideias e de capacidade de escrita, eis que publico este poema prosaico de minha autoria. Gostaria de poder ter aqui mais qualquer coisa, mas hoje sinto-me…preso, em termos de criação literária…

“Nem de olhos fechados perco a visão,
Pois procuro ver sempre com o coração…
E que vejo eu então?
Vejo de tudo um pouco:
Vejo que às vezes me sinto um louco,
Que nem sempre estou presente
E que muitas vezes sou ausente
Por força da alegria descontente
Que apenas me quer ajudar
A não parar, a não estagnar…

Nem de mãos atadas deixo de alcançar…
Seja algo, alguém ou algures,
Alcanço sempre o meio de nenhures,
Atinjo sempre toda e qualquer meta…
E pouco importa se o caminho se fez na curva,
Na “semi-curva” ou na recta,
Pois mais importante é o que se aprendeu,
Mais importante é o que se alcançou:
Se um tudo do nada, se um nada do tudo,
Se alguém que sempre amamos
Ou se alguém que nunca nos amou…

Nem de pés atados deixo de caminhar…
Mesmo parado atrevo-me a caminhar…
Posso até nem saber o caminho,
Mas sei que nunca sigo sozinho
E que, por vezes, há algo mais do que o caminho em si,
Que há algo mais do que o caminho em mim
E também do que o caminho em si…

Nem amordaçado deixo de falar…
Até porque sei falar com a alma,
Sei que o coração pede para ter calma,
Visto que há sempre tempestade a anunciar a monção,
Há sempre aves no ar
Quando algo está mal no mar…
Mas mesmo assim falo…
Falo e recuso-me a calar
Só porque algo ou alguém resolveu ousar
E contra mim ou contra os meus atentar ou “mal-intentar”…
Aí então é que não calarei,
Não poderei consentir tal desacato
Nem aceitar tal afronta,
Pois tudo na vida deve ser anotado,
Porque tudo, para mim, conta…

Nem triste deixo de sorrir…
Nem que seja para poder disfarçar
A tristeza que me começa a consumir,
A mesma que outros não podem vislumbrar…
Não que sinta tal vontade,
Até porque para poder sorrir é suposto
Estarmos a caminho da felicidade
E não trazer nenhuma amargura estampada no rosto…

Nem sempre…
Quase nunca…
Talvez jamais…
Quiçá eternamente…
Este sou o “eu” que ninguém conhece,
Este sou o “eu” que procura resgatar
O passado cujo futuro sei ser possível neste presente,
O passado onde a imortalidade…
Se atinge através da felicidade…”

LF/WAP

0 Comments:

Post a Comment

<< Home