Parabéns Mãe...
Bem, quem me conhece sabe que não falo dos meus sentimentos, que não falo de mim e tento não me expor. Nem a mim, nem aos meus. Apesar dos textos que escrevo e que publico, nem mesmo aí podem afirmar que me esteja a retratar apenas a mim. Não sabem nem saberão nunca. Mas hoje vou abrir uma excepção…ainda que não vá falar de mim ou de alguém próximo. Pelo menos, não de forma directa ou com palavras minhas…
Hoje, dia 29 de Março, a minha mãe faz anos. Não gosto muito deste tipo de demonstrações públicas de afecto (só se for com mulheres “minhas”, e mesmo aí…), mas, e porque nunca fiz nada do género para a Dona Márcia, acho que está mais do que na altura de dar a conhecer ao mundo o amor que me une a ela. Quem sabe da minha relação com os meus pais, sabe perfeitamente bem do que estou a falar…
O texto que se segue não é meu, mas não podia ser mais apropriado. Apesar do texto ser alusivo ao Dia da Mãe, creio que o mesmo tem lógica no dia de hoje: afinal, hoje também é dia da mãe. É o dia da minha Mãe. Dona Márcia (mãezinha do meu coração =), aqui fica o meu reconhecimento público, a minha prova de gratidão eterna e a certeza de que sou um ser abençoado: pelo pai que me deste, pelo irmão que me trouxeste, pela vida à qual me trouxeste e pela mãe que és…
“Obrigado
Obrigado porque tiveste na tua vida um lugar para a minha vida, renunciando a tantas coisas boas que poderias ter saboreado. Porque – mais do que isso – fizeste da tua vida um lugar para a minha. E de muitas maneiras morreste para que eu pudesse viver.
Porque não eras corajosa, mas tiveste a coragem de embarcar numa aventura que sabias não ter retorno.
Porque não fizeste as contas para avaliar se a minha chegada era conveniente: abriste simplesmente os braços quando eu vim.
Porque não só me aceitaste como era, como estavas disposta a aceitar-me fosse eu como fosse. Porque dirias "o meu filhinho" mesmo que eu tivesse nascido deformado e me contarias histórias ainda que eu tivesse nascido sem orelhas. E me levarias ao colo mesmo que eu fosse leproso. E, mesmo com tudo isso, me mostrarias com orgulho às tuas amigas. Porque seria sempre o teu bebé lindo.
Devo-te isso, embora não tenha acontecido, porque o farias.
Obrigado porque não tiveste tempo para visitar as capitais da Europa. Porque as tuas amigas usavam um perfume de melhor qualidade que o teu. Porque, sendo mulher, chegaste a esquecer-te de que havia a moda.
Porque não te deixei dormir e estavas sorridente no dia seguinte. Porque foste muitas vezes trabalhar com manchas de leite na blusa. Porque me sossegaste dizendo "não chores, filho, que a mãe está aqui", e estar no teu regaço era tão seguro como dormir na palma da mão de Deus.
Obrigado porque é pensando em ti que posso entender Deus.
Obrigado porque não tiveste vergonha de mim quando eu fazia birras nos museus, ou me enfiava debaixo da mesa do restaurante porque queria comer um gelado antes da refeição. E porque suportaste que eu, na adolescência, tivesse vergonha de que os meus amigos me vissem contigo na rua.
Obrigado porque fizeste de costureira e aprendeste a fazer bolos. Porque fizeste roupas e máscaras para as festas da escola. Porque passaste uma boa parte dos fins de semana a ver jogos de rugby ou de futebol para que – quando eu perguntasse "viste-me, mãe, viste-me?" – pudesses responder com sinceridade e orgulho "é claro que te vi!".
Obrigado por o teu coração ser do tamanho de me teres dado irmãos. Como eu seria pobre se não os tivesse!
Obrigado pelas lágrimas que choraste e nunca cheguei a saber que choraste.
Obrigado porque me ralhaste quando me portei mal nas lojas, quando bati os pés com teimosia, quando "roubei" batatas fritas antes de o jantar estar servido, quando atirei a roupa suja para um canto do quarto. Obrigado por me teres mandado para a escola quando não me apetecia e inventava desculpas. E por me teres mandado fazer tarefas da casa que tu farias bem melhor e muito mais depressa.
Obrigado por teres mantido a calma quando eu num dia de chuva fui consertar a bicicleta para a cozinha, ou quando arranjei uma namorada de cabelo verde...
Obrigado por teres querido conhecer os meus amigos, e por todas as vezes que não me deixaste sair à noite sem saberes muito bem com quem ia e onde ia.
Obrigado porque eu cresci e o teu coração parece ter também crescido. Porque me deste coragem. Porque aprovaste as minhas escolhas, e te mantiveste a meu lado apesar de ter passado a haver a distância. Porque levantas a cabeça – mesmo sabendo que eu estou muito longe – quando vais na rua e ouves alguém da multidão chamar: "mãe!".
Obrigado por guardares como tesouros os desenhos que fiz para ti na escola quando era, como hoje, o Dia da Mãe. E por ficares à janela a ver partir o carro, quando me vou embora, comovendo-te com os meus sinais de luzes.
Obrigado – já agora... – por não teres esquecido quais são os meus pratos favoritos; por o sótão da tua casa poder ser uma extensão do sótão da minha casa; por teres ainda no mesmo lugar a lata dos biscoitos...
Paulo Geraldo”
Do fundo do coração, um beijo do tamanho do infinito para ti.
Hoje, dia 29 de Março, a minha mãe faz anos. Não gosto muito deste tipo de demonstrações públicas de afecto (só se for com mulheres “minhas”, e mesmo aí…), mas, e porque nunca fiz nada do género para a Dona Márcia, acho que está mais do que na altura de dar a conhecer ao mundo o amor que me une a ela. Quem sabe da minha relação com os meus pais, sabe perfeitamente bem do que estou a falar…
O texto que se segue não é meu, mas não podia ser mais apropriado. Apesar do texto ser alusivo ao Dia da Mãe, creio que o mesmo tem lógica no dia de hoje: afinal, hoje também é dia da mãe. É o dia da minha Mãe. Dona Márcia (mãezinha do meu coração =), aqui fica o meu reconhecimento público, a minha prova de gratidão eterna e a certeza de que sou um ser abençoado: pelo pai que me deste, pelo irmão que me trouxeste, pela vida à qual me trouxeste e pela mãe que és…
“Obrigado
Obrigado porque tiveste na tua vida um lugar para a minha vida, renunciando a tantas coisas boas que poderias ter saboreado. Porque – mais do que isso – fizeste da tua vida um lugar para a minha. E de muitas maneiras morreste para que eu pudesse viver.
Porque não eras corajosa, mas tiveste a coragem de embarcar numa aventura que sabias não ter retorno.
Porque não fizeste as contas para avaliar se a minha chegada era conveniente: abriste simplesmente os braços quando eu vim.
Porque não só me aceitaste como era, como estavas disposta a aceitar-me fosse eu como fosse. Porque dirias "o meu filhinho" mesmo que eu tivesse nascido deformado e me contarias histórias ainda que eu tivesse nascido sem orelhas. E me levarias ao colo mesmo que eu fosse leproso. E, mesmo com tudo isso, me mostrarias com orgulho às tuas amigas. Porque seria sempre o teu bebé lindo.
Devo-te isso, embora não tenha acontecido, porque o farias.
Obrigado porque não tiveste tempo para visitar as capitais da Europa. Porque as tuas amigas usavam um perfume de melhor qualidade que o teu. Porque, sendo mulher, chegaste a esquecer-te de que havia a moda.
Porque não te deixei dormir e estavas sorridente no dia seguinte. Porque foste muitas vezes trabalhar com manchas de leite na blusa. Porque me sossegaste dizendo "não chores, filho, que a mãe está aqui", e estar no teu regaço era tão seguro como dormir na palma da mão de Deus.
Obrigado porque é pensando em ti que posso entender Deus.
Obrigado porque não tiveste vergonha de mim quando eu fazia birras nos museus, ou me enfiava debaixo da mesa do restaurante porque queria comer um gelado antes da refeição. E porque suportaste que eu, na adolescência, tivesse vergonha de que os meus amigos me vissem contigo na rua.
Obrigado porque fizeste de costureira e aprendeste a fazer bolos. Porque fizeste roupas e máscaras para as festas da escola. Porque passaste uma boa parte dos fins de semana a ver jogos de rugby ou de futebol para que – quando eu perguntasse "viste-me, mãe, viste-me?" – pudesses responder com sinceridade e orgulho "é claro que te vi!".
Obrigado por o teu coração ser do tamanho de me teres dado irmãos. Como eu seria pobre se não os tivesse!
Obrigado pelas lágrimas que choraste e nunca cheguei a saber que choraste.
Obrigado porque me ralhaste quando me portei mal nas lojas, quando bati os pés com teimosia, quando "roubei" batatas fritas antes de o jantar estar servido, quando atirei a roupa suja para um canto do quarto. Obrigado por me teres mandado para a escola quando não me apetecia e inventava desculpas. E por me teres mandado fazer tarefas da casa que tu farias bem melhor e muito mais depressa.
Obrigado por teres mantido a calma quando eu num dia de chuva fui consertar a bicicleta para a cozinha, ou quando arranjei uma namorada de cabelo verde...
Obrigado por teres querido conhecer os meus amigos, e por todas as vezes que não me deixaste sair à noite sem saberes muito bem com quem ia e onde ia.
Obrigado porque eu cresci e o teu coração parece ter também crescido. Porque me deste coragem. Porque aprovaste as minhas escolhas, e te mantiveste a meu lado apesar de ter passado a haver a distância. Porque levantas a cabeça – mesmo sabendo que eu estou muito longe – quando vais na rua e ouves alguém da multidão chamar: "mãe!".
Obrigado por guardares como tesouros os desenhos que fiz para ti na escola quando era, como hoje, o Dia da Mãe. E por ficares à janela a ver partir o carro, quando me vou embora, comovendo-te com os meus sinais de luzes.
Obrigado – já agora... – por não teres esquecido quais são os meus pratos favoritos; por o sótão da tua casa poder ser uma extensão do sótão da minha casa; por teres ainda no mesmo lugar a lata dos biscoitos...
Paulo Geraldo”
Do fundo do coração, um beijo do tamanho do infinito para ti.
Parabéns Mãe.
2 Comments:
muito, muito muito bonito!!
Acho maravilhoso o texto, acho delicioso o gesto! Porque, por vezes, é delas que mais nos "esquecemos", no que toca a demonstrar o amor que lhes temos...e é, sem dúvida, o maior do Mundo!
Como partilho da tua opinião, e tenho uma relação muito especial com a minha mãe, mais uma vez me revi neste teu post, como já aconteceu com alguns que por aqui li...
Portanto, sinto que devo dar te os parabéns pela demonstração, assim como pela enorme facilidade que tens em colocar "em papel" coisas do coração (não é fácil, por vezes...pelo menos não sem alguma incompreensão por parte de tantos)...é um dom! Usa-o, como tens feito...
E despeço-me, com um beijinho...!
InÊs
Parabéns por teres feito esta mais que justa homenagem à tua mãe. Sem dúvida que é uma Mulher que merece tudo de bom nesta vida. Tudo aquilo que posso dizer dela, é demasiado curto e insignificante para aquilo que ela representa!
Sabes perfeitamente a mãe que tens e para mim ela foi e continua a ser uma segunda Mãe...
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