Wednesday, July 02, 2008

A meu lado...


Estou acordado, bem acordado. Ciente da realidade que me circunda, sabedor da chuva que cai lá fora, conhecedor do aroma a terra molhada que entra levemente pela janela do meu quarto…

Tenho estado a pensar em ti. Tive que me abstrair dos meus problemas, das minhas ânsias e angústias. Tive que dominar os meus medos e afastar os meus demónios. Precisei de pensar em algo bom, em coisas boas, em coisas que me façam sentir bem, sorrir…

E inevitavelmente apareces tu. Só de pensar em ti, sorrio. Também é verdade que algumas lágrimas rolam pelo meu rosto abaixo. São as saudades…

De ti, do teu ser, do teu perfume. Saudades do teu olhar, da tua voz, da tua pele. Saudades do teu corpo, do teu sorriso, da tua alegria. Saudades do teu toque, do teu beijo, do teu abraço…

Por isso tenho estado a pensar em ti…

De tanto pensar em ti, tu chegas...Entras sorrateiramente no meu quarto, olhas para mim e sorris só como tu sabes sorrir. Deixo-me estar a olhar para ti, quieto e sem me mexer, apenas contemplando a tua beleza…

Quando faço, então, tenção de me levantar, dizes-me para me deixar estar. Caminhas até mim e, tu de pé e eu sentado, abraças-me. Com a cabeça no teu peito começo a chorar. De felicidade, de medo, de alegria, de contentamento. Afagas-me os cabelos lentamente com os teus dedos e apenas dizes “Pronto, já estou aqui”…

Sim, é verdade. Não sei bem como nem porquê, mas estás ali comigo. No meu quarto, abraçada a mim, a acariciar-me os cabelos. Até parece mentira. Cuidadosamente começo a reconhecer o teu corpo com as minhas mãos, tentando comprovar que és mesmo tu…

“Sim, sou eu”, dizes tu, como que adivinhando o que se passa na minha cabeça. O bater do teu coração está tão ritmado que, aos poucos, começo a me acalmar. E tu continuas a mexer-me no cabelo…

Mais calmo, e já de sorriso nos lábios, puxo-te para mim. Estás agora sentada no meu colo e os nossos rostos estão bem próximos. Olhamo-nos mutuamente e parece que estamos a ver as almas um do outro. Percorremos os nossos próprios interiores antes de percorrermos as nossas bocas com um beijo…

E que beijo…foi um daqueles que te leva a ficar sem ar, a corar de vergonha. Ou será de desejo? Não sei, mas pouco importa. Importa, isso sim, que estás ali comigo…

Levanto-me e trago-te comigo, ao colo. Vamos até à janela espreitar a chuva que cai lá fora. Curiosamente, a chuva parou e deu lugar a um céu lindíssimo, sem nuvens e repleto de estrelas. A um canto, lá estava ela - a Lua. Uma lua linda, cheia, esplendorosa e brilhante…

Ficámos bastante tempo a admirar a sua beleza. E ao mesmo tempo eu também admirava a tua. Foi o que te disse quando me apanhaste a olhar para ti. Coraste e disseste que eu era maluco. Sorri e retribui o elogio com um beijo…

O teu sorriso, logo após o beijo, era a coisa mais bela e ternurenta que alguma vez vira. Senti-me abençoado e privilegiado. Deus enviara até mim o mais belo de seus anjos, a mais doce das criaturas só para me salvar e me afastar dos meus fantasmas…

De repente, uma estrela cadente cruza os céus e rapidamente peço um desejo. Fizeste o mesmo, disseste tu, e perguntaste o que havia pedido. Retorqui que não podia revelar senão o desejo não se concretizava e respondeste prontamente “não te preocupes porque já se está a realizar…”

Fiquei sem palavras. Apenas soube abraçar-te. E de novo uma sensação de paz e de harmonia invadiu a minha alma. Todo eu sorria nesse momento. Todo eu estava em comunhão com o milagre da vida e com a Alma do Mundo…

Os nossos corações comunicavam a cada batida que davam. Não sei o que queriam dizer, mas estavam calmos e serenos. E também nós…

Agarrei na tua mão e levei-te até à cama. Deitámo-nos lado a lado e deixamo-nos estar a olhar um para o outro e a dar mimos um ao outro. Eu passava a mão no teu rosto, nos teus cabelos, nas tuas costas…e tu percorrias os meus braços, a minha barriga e os meus cabelos com as tuas mãos…

Aos poucos, e sem que se desse por isso, as roupas deixaram de estar presentes e resolveram que era melhor estar espalhadas no chão do que grudadas aos nossos corpos. Lentamente começamos a nos aproximar…

O que se seguiu foi sublime. Pediste-me para fazer amor como nunca houvéramos feito…

Não há palavras para descrever o que se passou. Atingiu-se a perfeição, o Nirvana. Alcançou-se o céu, desceu-se à terra e rumou-se a novas e diversas galáxias de sensações, de sentimentos e de emoções. Os corpos comungaram, as almas comungaram, as mentes comungaram e muito mais do que dois corpos a atingirem orgasmos em catadupa, o que se passou foi a consumação única e total de duas almas que habitam dois seres que se encaixam e se complementam. Física e espiritualmente…

Após esta experiência única, perguntaste se podias ficar ali comigo. Pelo menos hoje. Nem foi preciso responder. Sorri com os olhos, com a alma e com o coração. E tu compreendeste esse meu gesto e interpretaste-o bem. Deitaste-te sobre o meu peito e deixaste-te estar a ouvir as batidas do meu coração…

“É por ti que ele assim bate”, disse eu, antes que pudesses tecer algum comentário à velocidade que batia este meu coração. Deste uma leve gargalhada e beijaste-me, para depois te aninhares bem enroscadinha a mim. Com leves carícias nos cabelos, acabaste por rumar ao paraíso onírico, ao Éden dos sonhos, onde, provavelmente, te irás encontrar com mais anjos como tu…

A custo levanto-me e vou até à janela. Fico de pé a olhar para ti, a admirar-te e a pensar na felicidade que me trazes e no bem que me fazes. E estás mesmo ali, na minha cama, no meu quarto…

Ainda quase que não acredito. Por isso venho até ao computador e procuro descrever o que vi, o que pensei e o que senti. Enquanto escrevo vou olhando para ti, para ver se ainda aí estás, se não és uma ilusão, um delírio ou fruto da minha insanidade. Continuas aí…

De repente acordas e procuras-me. Olhas em frente e vês-me a sorrir para ti. Digo que queria poder captar a tua beleza e o teu ar angelical na máquina fotográfica da minha memória e tu sorris. Pedes-me para voltar para a cama e assim o faço. Perguntas se não tenciono dormir e eu digo que sim. Mas não quero…

Tenho receio de adormecer e não te ter ao meu lado quando acordar. Não quero que isso aconteça…

Espero que voltes a adormecer e começo a falar com Deus. Peço-Lhe que não me tire esta alegria, que não te deixe ir embora antes de eu acordar. O Senhor pergunta-me se não sei que estou a delirar e eu respondo que sim, que sei, mas que mesmo assim estava feliz, pois tinha ali a meu lado a pessoa que amava…

Ao ouvir isto, Deus sorriu e abençoou-me dizendo que tu só estavas ali porque eu precisei de pensar em coisas boas, coisas alegres e que me fazem sorrir. Por isso apareceste. E de acordo com Ele, saíste de dentro do meu coração…

“Sempre que a quiseres contigo, procura no teu coração. É lá que ela está e é lá que a encontrarás sempre”. Foi desta forma que Deus se despediu de mim…

Não tenho mesmo sono. Não creio que vá dormir. O que significa que vou poder continuar a olhar para ti, a sentir o teu perfume, a sentir-me o ser mais feliz do universo. Mas também sei que, entretanto, vou adormecer e que quando acordar já não estarás ali a meu lado…

Bem sei que estarás onde sempre estiveste – no meu coração – mas gostava de ter também ali. Não só na cama, mas a meu lado…

Achas que é possível? Não sei se sim ou se não, mas até lá, sei, de certeza, de uma coisa: já estou com saudades tuas…

Estou ainda acordado…E quero adormecer…mas contigo a meu lado…

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