Monday, October 15, 2007

Cumplicidade...

Cúmplices. É o que ressalta destes dois seres abraçados. Parece que nunca fizeram outra coisa que não dormir desta forma. Quase que se assemelham a gémeos siameses, passe a comparação, que não conseguem nem querem viver separadamente. A calma, a serenidade e a paz de espírito são os baluartes deste quadro que vislumbramos. E neles assenta a cumplicidade.

Mas, afinal, o que é a cumplicidade? Para muitos, é o bem inatingível. São milhares os casos de pessoas que não conseguem ser cúmplices, seja em que tipo de relação for (amizade, namoro, etc). Para outros, é a trave-mestra que suporta toda e qualquer relação. Seja qual for a definição mais acertada, certo é que a cumplicidade é uma raridade nos dias que correm. Talvez porque deixamos de apreciar quem temos ao nosso lado; talvez porque estamos demasiados centrados no nosso ser e não ousamos levantar a cabeça por um segundo que seja; talvez ainda porque tememos a cumplicidade. Como se ela fosse uma doença...tss tss...

Pobres daqueles que nunca foram cúmplices, direi eu. Porque esses nunca souberam nem saberão o quão mágico é o momento em que, sem pronunciar uma só palavra, o olhar diz tudo o que nos vai na alma. Porque nunca souberam nem saberão como é bom estar a falar com alguém, que até nem precisa estar fisicamente presente, e ver que os nossos pensamentos são lidos e entendidos. Porque nunca puderam nem poderão saber o sabor de um beijo que é fruto de um desejo recíproco e apenas comunicado com a alma, o olhar e o coração...


A cumplicidade é o detalhe que determina se duas pessoas são ou não certas (ou feitas) uma para a outra. E como se atinge a cumplicidade? Quem me dera saber. Apenas sei o que vivi. E mesmo assim, sei muito pouco para poder estar aqui a explanar o que quer que seja. Talvez pudesse arriscar, mas creio que há segredos que se devem guardar (se é que eu tenho algum)...

Porém uma coisa eu sei: a cumplicidade resiste a tudo - à distância, ao frio, ao vento, ao calor, às tempestades, etc, etc, etc... E quando se tem cumplicidade os grandes obstáculos parecem simples pedrinhas da calçada. As enchentes transformam-se em ribeiras e os tufões acabam por ser meras brisas primaveris. Porque um cúmplice é um escudo; é uma fortaleza; um anjo da guarda que nos guia e nos acompanha para onde quer que vamos.

Ser cúmplice é estar no local certo, à hora certa e receber a "encomenda" certa para depois comemorar com um abraço que não se deu. Ser cúmplice é "perder" horas de sono na conversa; é não deixar o outro desanimar nem desistir, por mais estranho ou utópico que seja o seu sonho. Ser cúmplice é saber que se uma dúzia é muito, meia dúzia pode chegar perfeitamente. Ser cúmplice é estar em sintonia nas palavras, nos gestos, nos olhares, nas acções e nos silêncios.

Quando procurarem a cumplicidade, um conselho: não se esforcem. Porque ela é espontânea e natural. Tal e qual um beijo vindo do nada, no meio de tudo...e é nessa naturalidade que reside a beleza da cumplicidade...

1 Comments:

Blogger Nês said...

Encontrei facilmente porque já antes aqui o tinha lido. É muito claro que sabes perfeitamente do que estás a falar, o que estás a dizer. Aliás, seria impossível serem ditas tais coisas de ânimo leve com base numa simples imagem. A imagem criou condições para que soltasses em palavras o que estava dentro de ti em sentimento.

E soltaste-o muito bem... =)

Texto muito bonito.

Bj

6:37 PM  

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