Thursday, October 18, 2007

Quando o sonho passa a realidade...


Era uma vez...

Era uma vez um sonho. Um sonho que sonhava ser real. Nesse sonho havia de tudo: sentimentos, significados, pessoas e vontades. E as vontades eram tantas que até o próprio sonho começou a ter vontade própria. Estranho, não? Um sonho ter vontade própria? Talvez...mas a verdade é que este sonho queria mesmo ser real. E quis tanto que se fez ouvir: primeiro foi sonhado; depois foi assimilado; em seguida foi partilhado e a partir daí ganhou asas. O dia-a-dia passou a ser a sua força propulsora e as pessoas que partilharam esse sonho passaram a ser os fiéis guardiões de um sonho único, simples e singelo. Um sonho que por ser tão puro era tão belo. Um sonho que não poderia nunca vir a ser só um sonho...

Então o sonho ganhou vida. Passou a estar mais presente. Passou a ser algo mais do que um conto fabuloso do subconsciente humano. O sonho ganhou asas, ainda que o seu formato fosse outro...O sonho já não era uma rábula. Nem sequer era um mito. O sonho passara a meta, a objectivo, a um fim cujos meios seriam insondáveis...porque ainda ontem era sonho. A vida de um sonho não é fácil: primeiro, porque muitas vezes não compreendemos os sonhos e depois porque mesmo que os compreendamos, nem sempre conseguimos que eles se concretizem (e não interessa se há ou não culpados)...

Mas este sonho era teimoso. E em pouco tempo passou a ser uma realidade...mas não era real. Pode parecer estranho, mas foi mesmo assim. Este sonho tornou-se realidade antes de ser real. O sonho queria ser reluzente, mas não queria ser ouro. O ouro atrai muita cobiça, e este sonho era humilde e singelo. Então sonhou ser prata. Reluziria na mesma e não chamaria tanta atenção. Só que a realidade quis ser diferente do que era suposto ser o real. E o sonho foi de madeira...E se a realidade era de madeira, como viria a ser o real? Já nem o sonho sabia. Sabia apenas que já era algo mais do que o sonho. Mas não era real...mesmo sendo realidade.

Os dias passaram e o sonho parecia esmorecer. Já nada fazia prever que um dia fosse ser reluzente qual pedras preciosas encontradas no garimpo da margem do rio Amazonas. O sonho, que tanto brilho tinha por dentro e que tanto queria brilhar por fora, já estava outra vez a caminho de onde viera: do próprio sonho. Parecia condenado a uma introspecção regressiva e involuntária. Apenas e só porque não parecia ter aliados.

Porém, e porque o maior aliado do sonho é o Homem, eis que um bravo e destemido ser humano irrompe um dia no meio de uma tarde nublada e chuvosa e alcança o inédito: dá brilho ao sonho. Faz dele o que ele realmente é. Torna-o real. Fá-lo brilhar com o mesmo brilho que reside nos olhos de quem o sonhou. E quem o sonhou não acredita: o seu sonho agora é real. Já não é realidade - é real. E na realidade, o real é bem mais bonito do que o sonho. Na realidade, o real brilha tanto como os raios de Sol em manhãs de Primavera. Na realidade, o brilho do sonho mais não é do que o reflexo do brilho do olhar de quem sonhou, da alegria patente no sorriso de quem um dia sonhou e viu o seu sonho ser concretizado, do bater do coração de quem viu um sonho seu ser transformado em realidade...

"Deus quer, o Homem sonha e a obra nasce" - assim terá dito o poeta uma vez, quiçá assomado por algum ímpeto mais fervoroso e mais alucinante. Mas de facto, basta sonharmos para que uma obra nasça. Seja ela qual for. Seja para o que for...

E após o reencontro do sonho com o seu sonhador, ambos seguiram juntos o seu caminho. E até hoje permanecem juntos. São amigos, companheiros, camaradas e cúmplices. São o complemento ideal entre o mundo real e o onírico. Estão bem e de saúde. Diria até que se recomendam...são felizes...estão felizes...como realmente deve ser...E se o estão e se o são, é porque o sonho alcançou o seu sonho: ser uma realidade real; mas também porque o sonhador soube sonhar e soube partilhar. E da partilha nasceu um outro sonho: o de alguém que queria ver alguém com um sonho concretizado. E porque o sonho já não estava só, o Universo conspirou favoravelmente. Moveu toda a sua cadeia de influências e fez com que não só um, mas sim dois sonhos se concretizassem. Ao ver o sonho original tornar-se real, o sonho secundário também se tornou no mesmo. Porque ambos alimentaram-se da mesma fonte: a fonte dos sonhos...

No final, nada mais resta do que esta certeza: tudo não passou de um sonho...mas tudo é, ainda hoje, bem real...

E porque contado talvez ninguém acredite, aqui fica a última certeza desta história: "Nós acreditamos...e é quanto basta". =)

Bons sonhos...

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