Friday, March 06, 2009

Saudades, Mãe...


Continua lá. Continua Aqui. O vazio surgido há oito dias mantém-se. Por mais que tente esconder, por mais que o tente negar, este vazio consome-me. Lentamente, mas consome-me…

Não sei qual a melhor forma de encarar isto. Tenho tentado preencher este vazio com novas experiências, com novos dados, com novas sensações. Mas ainda assim sinto-o, ainda assim sinto este vazio…

Hoje apetece-me tudo menos estar rodeado de gente. Talvez ainda aceitasse a companhia do meu pai, do meu irmão, da Diana ou de um ou outro amigo mais chegado. Talvez…mas só por serem o que são e pelo que representam para mim…

No entanto, aqui estou, em pleno karaoke, a lutar desesperadamente para não me desfazer em lágrimas, para não demonstrar o que me vai na alma. E ninguém, pelo menos até agora, se apercebeu do meu estado de espírito…

Culpa minha, que me habituei a ser camaleão e agora sei e consigo camuflar as minhas emoções…

Mas dói. Dói imensamente recusar os longos e conhecidos braços da escuridão, o conforto do regaço da tristeza a que, ao longo da vida, me fui habituando. Dói ter que lutar por ser mais, dói ter que fingir que tudo até está a caminhar lentamente quando eu próprio ainda me sinto preso aos dias em que a minha mãe me ouvia, aos momentos em que, estando eu desesperado, ela me afagava os cabelos e isso bastava para me acalmar, às alturas em que só ela conseguia apaziguar a minha alma…

Mãe, sinto muito a tua falta. Tanto que nem sei o que fazer. Tanto que nem sei como proceder, como agir, como pensar, como actuar, como sentir…

Passaram-se apenas oito dias, mas a dor, a mágoa, a tristeza, é a mesma…

Estejas onde estiveres, quero apenas que o saibas…

Tenho saudades, Mãe…

PS – texto escrito na madrugada de 4ª para 5ª feira…
PS 2 – encerrei o karaoke com o Porquê (Anjos) …

2 Comments:

Blogger Joana Neves said...

Dei com o teu blog por acaso. Ainda não o conhecia e resolvi ler qualquer coisa. Fiquei sem palavras perante os posts mais recentes, sobretudo este último.
Sei que provavelmente nem te recordas de mim, mas eu recordo e com carinho.
Quando entrei para a ESE conheci-te como membro da Tertúlia e da AE, depois como Mocho Real e, ainda, (acho que posso dizê-lo) um pouco como pessoa.
Nos últimos dois anos vi-te como uma referência, um exemplo. E, como tal, não me passa ao lado que estejas a passar por algo que não tem descrição possível.
Escrevo, apenas, para deixar uma palavra amiga, para recordar que não estás sozinho, uma vez que de certo tens muito quem te ame mas tens ainda quem te admire por tudo o que representaste no mundo académico. Escrevo, ainda que não valha de nada.

7:23 PM  
Blogger Nês said...

Meu amigo....

Não fazia ideia nenhuma, mesmo e lamento imensamente por essa perda tão grande! Desculpa pela ausência nesse momento (talvez até prefiras assim), mas estou contigo, não te esqueço (nem nunca esquecerei a alegria dessa grande mulher que me contagiou em minutos, apenas)...

Um forte abraço, e muita força...sei que a tens, por muito que pareça inexistente, neste momento...

Para ti e para os teus....

10:38 AM  

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