Sunday, March 01, 2009

Custa tanto...


Há coisas curiosas na vida. Uma delas é a aparente capacidade que temos de antever ou antecipar certos e determinados acontecimentos…

Escrevi este texto na passada 4ª feira, poucas horas antes de ter sido atingido por um dos golpes mais duros da minha vida…

Para quem me conhece, este texto faz todo o sentido:

“Custa tanto…ter que encarar o presente sabendo que o futuro se espelha nele…ter que dar o peito às balas quando já não há milímetro que não tenha sido atingido…ter que buscar forças quando o corpo já só pede descanso…

Custa tanto…ter que ser escudo de tudo e não ser capaz de ser o seu próprio…ter que chorar lágrimas de sangue e sangrar lágrimas de água e sal, mas no maior dos silêncios, no maior dos segredos…

Custa tanto…ter que fechar os olhos e confrontar o que não quero encarar de olhos abertos…ter que ter ainda mais fé, ainda mais esperança quando já ninguém acredita…ter que sorrir sabendo que se tem a alma rasgada e dilacerada por sentimentos indescritíveis e impossíveis de qualificar…

Custa tanto…mais ainda do que admitir que custa tanto…”

Parece que eu já sabia…

2 Comments:

Blogger Alexandra Bigotte de Almeida said...

Perder alguém querido

Não há palavras para expressá-la.
Não há livro que a descreva.
Por isso, o melhor jeito de consolar é falar pouco, orar junto,
sentir junto e estar presente, cada um do jeito que sabe.

Palavras não explicam a morte de alguém querido.
Sabem disso o pai, a mãe, os filhos, os irmãos, o namorado e a namorada, o marido e a mulher, amigos de verdade.

Quando o outro morre, parte do mistério da vida vai com ele.
A parte que fica torna-se ainda mais intrigante.

Descobrimos a relação profunda entre a vida e a morte quando alguém
que era a razão, ou uma das razões, de nossa vida vai-se embora.

Para onde? Para quem? Está me ouvindo?
A gente vai se ver novo? Como será o reencontro?
Acabou-se para sempre, ou ela apenas foi antes?
Por que agora? Por que desse jeito?

As perguntas insistem em aparecer e as respostas não aparecem claras.
Dói, dói, dói e dói...

Então a gente tenta assimilar o que não se explica.
Cada um do jeito que sabe.
Há o que bebe, o que fuma, o que grita, o que abandona tudo,
o que agride, o que chora silencioso num canto, o que chama Deus para uma briga, o que mergulha no fatalismo e o que, mesmo sem entender ou crer, aposta na fé.

Um dia nos veremos de novo... enquanto este dia não chegar,
entes que eu amo sei que me ouvem e oram por mim, lá, junto de Deus.
Para eles a vida tem, agora, uma outra dimensão.
Alcançou o definitivo.

Quem fica perguntando e sofrendo somos nós.
Mas como a vida é um riacho que logicamente deságua, a nossa vez também chegará e, quando isso acontecer, então não haverá mais lágrimas.
As que aqui ficaram chorando terão a sua explicação.
Por enquanto, fica apenas o mistério.
Alguém que não sabemos por que nasceu de nós e por que cresceu em nós, por que entrou tão de cheio em nossa vida, fechou os olhos e foi-se embora.

Quem ama de verdade não crê que se acabou.
A vida é uma só: começa aqui no tempo e continua, depois, na ausência de tempo e de limite.
Alguém a quem amamos se tornou eterno.
E essa pessoa já sabe quem e como Deus é.
E também sabe o porquê de sua partida.
Por isso, convém falar com ela e mandar recados a Deus por meio dela.

Se ela está no céu, então alguém, além de Deus, de Jesus e dos santos, se importa conosco.
Definitivamente, não estamos sozinhos, por mais que doa a solidão de havê-la perdido.
Mas é apenas por pouco tempo.
Quem amou aqui, sem dúvida, se reencontra no infinito...

Pe. Zezinho, scj
Do livro: Orar e pensar como família

9:49 PM  
Blogger Vanessa said...

Estava no jantar da K&Batuna + Tertúlia, jantar já algum tempo desejado por tantos, quando o Mocho Real afirma que por motivos muito fortes certos elementos não estavam presentes (o teu irmão era um dos que não estava).
Pensei imediatamente nesta situação, que, de coração, esperava que não tivesse acontecido.
Só hoje, ao passar pelo teu blog, depois de muito tempo, é que tive a confirmação do meu pensamento naquele dia.
Senti-me mais que obrigada a deixar-te umas palavras aqui, porque eu não sou forte o suficiente, caso um dia perca a minha mãe, para suportar/lidar com essa dor sozinha. E acho que os amigos, que graças a Deus sei que tens muitos, são importantes nestas horas dificeis, e tenho a certeza que os teus verdadeiros amigos estiveram ao teu lado, a dar-te força.
Os velhos amigos, os conhecidos (incluo-me aqui), deixam pelo menos umas palavras de conforto.
Força, nestas horas, e em todas as horas que pensares na tua mãe, força, muita força. Custa, tenho a certeza que custa demais...mas aprendi que as pessoas importantes na nossa vida ficam para além da morte, e olham por nós.

À parte de todas as "guerras", a parte da minha opinião pessoal sobre ti, a parte da ESEC (escola da qual já não faço parte), a parte das intrigas, conflitos, a parte disso tudo, muita força e coragem.

10:50 PM  

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