Há muito que...
Há muito que conheço uma frase de Madre Teresa de Calcutá que espelha, na perfeição, o que sinto por estes dias (que é como quem diz, nos últimos meses). A frase não é excepcionalmente complexa. Antes pelo contrário: é a sua simplicidade que “assusta”…
Há muito que ambiciono escrever e escrever e escrever…até não poder mais ou até deixar de ter ideias. Mas os textos que me vão surgindo mentalmente em catadupa acabam sempre por dar a ideia de que realmente estou…qualquer coisa…
Não quero nem vou definir o que estou. Sei o que sou, o que quero e julgo poder alcançar o que um dia sonhei, o que outrora ambicionei. Mas encontro-me, por vezes, num estado que nem eu próprio sei se sei…
Mas saber isso já é saber algo, não? Sim. Ou não. Ok, talvez. Mas sinto que tenho que passar por isto. Sinto que um dia, algures, com mais ou menos forças há-de chegar a minha vez…
Há muito que…há muito que muita coisa vagueia na mente deste pobre ser presente e ausente de si mesmo. Há muito que procuro num mar as forças que me levem a aguentar, a mais um dia encarar e em mais uma batalha triunfar…
Há muito que neste leme sou mais do que eu, como diria o grande Fernando Pessoa. Há muito que sei que esta vida é e será, desde que eu faça por isso, sempre boa. Há muito que deixei de ter em mim as coisas que me fazem ser assim…
Há muito que nas ondas procuro conforto. Há muito que as contemplo com olhos de garoto. Há muito que sigo atentamente o seu ondular e que as vejo junto a mim, calma ou bravamente, rebentar. Há muito que me sinto náufrago do meu próprio mar. Mas é nesse mar que quero navegar. É nestas ondas que pretendo mergulhar, seja em tardes de Primavera, seja em noites de luar. É nestas águas que me quero banhar e é nelas que espero poder a minha vida poder passar. Pois sem este mar que é meu sou como o fogo roubado por Prometeu: inofensivo e vulgar…
E não é isso que quero para este meu mar. Este meu mar há-de ser o mar dos mares. E nele não haverá lugar para infortúnios ou azares. Nele reinará apenas a ventura e a alegria. Nele mergulharão todos os que me ajudam no meu dia-a-dia, todos os que pretendem ajudar-me a alcançar a minha verdadeira alegria…
Mas até lá, não posso deixar de pensar como a saudosa Madre Teresa de Calcutá. Como sábia que foi, soube enxergar aquilo que muitos não querem ver. Eu vejo-me obrigado a ver. E sinto que é isso que quero abarcar: a minha própria ideia do que são as coisas para mim…a minha própria ideia do quê, de quem, como, onde e porquê há-de ser o meu mar…
A finalizar, a frase:
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota” (Madre Teresa de Calcutá)
Há muito que, sem estar escrito, está muito mais para além do que aqui está escrito…
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