Fim-de-semana - parte II - conclusão...
Acordei passadas umas horas pensando que já estaria refeito de tudo o que sentira e pensara na noite anterior. Pura ilusão…
A juntar à noite fria e vazia, tinha agora também uma casa vazia. É verdade que é um apartamento, mas mesmo assim…Foram horas e horas e mais horas sem ver ninguém, sem contactar com ninguém. Horas e horas em que apenas as músicas e o barulho do aspirador serviram de companhia…
A muito custo, e depois de um dia inteiro sem apetite, acabei por ir fazer o jantar. Uma vez mais, o cenário de uma refeição a sós criou em mim uma espécie de sentimento de revolta. Não contra alguém em especial, nem contra o mundo ou contra Deus, mas sim contra mim mesmo…
Enquanto pensava nas minhas culpas, decidi também que iria dar um passeio a seguir ao jantar. Precisava de sair de casa, de respirar outro ar que não aquele que habitava a minha casa. Precisava de ver que havia mais pessoas no mundo, que havia mais gente algures por Coimbra…E assim o fiz…
Sabia de antemão que caminho iria percorrer, que percurso iria fazer. Sabia-o dentro de mim…
A cada passo, notava novamente que estava triste. Triste por estar a fazer aquele trajecto sozinho, por não ter ali comigo a alma que me entende, que me alegra, que me ilumina e que me faz sentir bem. Triste por saber que talvez essa alma gostasse de visitar pelo menos um dos locais que eu iria visitar…
Chegado à minha primeira paragem, senti um leve arrepio na espinha. Há muito que ali não ia. Há muito que deixara de visitar aquele local tão belo. A culpa não era dele, era minha. Uma vez mais, a culpa era minha…
Para grande espanto meu, estava completamente sozinho. Não havia mais ninguém ali. Apenas eu, o ar, a água que escorria de algumas fontes, o vento, Deus e…o meu pensamento. Pensava em tanta coisa ao mesmo tempo que, sem me dar conta, comecei a me embrenhar por aquelas escadas e por aqueles mini-labirintos…
Foi o revisitar de memórias que tenho mantido guardadas, de memórias que me têm acompanhado e que me fazem companhia. Por momentos sorri, deixei-me entusiasmar. Já lá não ia há tanto tempo que tudo me parecia novo, tudo parecia ter uma parte desconhecida, um pedacinho por descobrir…
Mas o sorriso, que me fez lembrar tudo o que sempre me fez sorrir e tudo o que ainda me faz sorrir, acabou por dar lugar à emoção. Senti-me triste por não poder estar a partilhar aquela visão, aquela paisagem, aquele ar, toda aquela beleza. Senti-me triste por estar perante um cenário idílico (ou quase) e ver que ali estava apenas eu. Eu e mais ninguém…
Gostava que estivesse ali mais alguém comigo. Gostava de poder estar ali, abraçado a alguém, a contemplar a Lua que entretanto já se fazia notar no céu, a sentir aquela brisa fresca e revigorante. Gostava de poder estar ali a contar histórias, a cantar alguma música em comum, a rir ou simplesmente a não fazer nada, apenas e só olhar para essa pessoa…
Na terra que um dia testemunhou tantas e tantas histórias, acabei por deixar um testemunho. Despedi-me de lá, deixando a minha marca, sentindo um misto de alegria e nostalgia, de tristeza e de saudade. Deixei ali mais um pedacinho de mim, talvez na esperança de que aquele local nunca deixe de ser o que é…
Rumei a outras paragens, sempre só…Aliás, sempre acompanhado de tantos e tantos pensamentos, de tantas e tantas sensações. Segui por onde me levavam as minhas pernas, por onde me levava o vento e as luzes que iluminavam o caminho. Segui completamente absorto desta realidade, mas plenamente consciente de que estava sozinho…
Desci rumo ao Mondego, esse grande e velho amigo, esse confidente sempre pronto a me receber de braços e margens abertas. Fui ter com ele, revê-lo e depositar nele algumas das minhas mágoas, das minhas ânsias, dos meus mais profundos segredos. E ele recebeu tudo, como sempre, sem responder. Estava apenas ali para me ouvir…
Uma vez mais senti a falta de alguém que me ouvisse, que estivesse ali, junto a mim, a sentir aquela mesma brisa sobre o rio dos estudantes, a ouvir os mesmos grasnares de pássaros que eu ouvia uma e outra vez. Mas ali só estava eu…ali eu estava só…
Arranquei rumo a mais uns quantos sítios…sempre com muito na cabeça, sempre a pensar no porquê de as coisas estarem no pé em que estão, no porquê de eu ser cada vez mais vítima desta solidão…
E uma vez mais, a resposta foi-me familiar: a culpa era minha…
Daí a alguns minutos, largos e bons minutos, concluí a minha caminhada. Estava de regresso a casa, ao meu quarto, ao meu mundo. E à minha espera lá estava ela – a solidão. Fria e imóvel, eis que ela ali me esperava. Alegrou-se por me ver. Talvez também ela se sentisse sozinha…
O resto do tempo foi passado a rever os passos da caminhada que é, e tem sido, a minha vida até aqui. Revi tudo até que o sono se fizesse sentir. E prestes a adormecer, o último pensamento que me ocorreu foi apenas este:
“A falta que tu me fazes…”
E assim terminou o fim-de-semana…
A juntar à noite fria e vazia, tinha agora também uma casa vazia. É verdade que é um apartamento, mas mesmo assim…Foram horas e horas e mais horas sem ver ninguém, sem contactar com ninguém. Horas e horas em que apenas as músicas e o barulho do aspirador serviram de companhia…
A muito custo, e depois de um dia inteiro sem apetite, acabei por ir fazer o jantar. Uma vez mais, o cenário de uma refeição a sós criou em mim uma espécie de sentimento de revolta. Não contra alguém em especial, nem contra o mundo ou contra Deus, mas sim contra mim mesmo…
Enquanto pensava nas minhas culpas, decidi também que iria dar um passeio a seguir ao jantar. Precisava de sair de casa, de respirar outro ar que não aquele que habitava a minha casa. Precisava de ver que havia mais pessoas no mundo, que havia mais gente algures por Coimbra…E assim o fiz…
Sabia de antemão que caminho iria percorrer, que percurso iria fazer. Sabia-o dentro de mim…
A cada passo, notava novamente que estava triste. Triste por estar a fazer aquele trajecto sozinho, por não ter ali comigo a alma que me entende, que me alegra, que me ilumina e que me faz sentir bem. Triste por saber que talvez essa alma gostasse de visitar pelo menos um dos locais que eu iria visitar…
Chegado à minha primeira paragem, senti um leve arrepio na espinha. Há muito que ali não ia. Há muito que deixara de visitar aquele local tão belo. A culpa não era dele, era minha. Uma vez mais, a culpa era minha…
Para grande espanto meu, estava completamente sozinho. Não havia mais ninguém ali. Apenas eu, o ar, a água que escorria de algumas fontes, o vento, Deus e…o meu pensamento. Pensava em tanta coisa ao mesmo tempo que, sem me dar conta, comecei a me embrenhar por aquelas escadas e por aqueles mini-labirintos…
Foi o revisitar de memórias que tenho mantido guardadas, de memórias que me têm acompanhado e que me fazem companhia. Por momentos sorri, deixei-me entusiasmar. Já lá não ia há tanto tempo que tudo me parecia novo, tudo parecia ter uma parte desconhecida, um pedacinho por descobrir…
Mas o sorriso, que me fez lembrar tudo o que sempre me fez sorrir e tudo o que ainda me faz sorrir, acabou por dar lugar à emoção. Senti-me triste por não poder estar a partilhar aquela visão, aquela paisagem, aquele ar, toda aquela beleza. Senti-me triste por estar perante um cenário idílico (ou quase) e ver que ali estava apenas eu. Eu e mais ninguém…
Gostava que estivesse ali mais alguém comigo. Gostava de poder estar ali, abraçado a alguém, a contemplar a Lua que entretanto já se fazia notar no céu, a sentir aquela brisa fresca e revigorante. Gostava de poder estar ali a contar histórias, a cantar alguma música em comum, a rir ou simplesmente a não fazer nada, apenas e só olhar para essa pessoa…
Na terra que um dia testemunhou tantas e tantas histórias, acabei por deixar um testemunho. Despedi-me de lá, deixando a minha marca, sentindo um misto de alegria e nostalgia, de tristeza e de saudade. Deixei ali mais um pedacinho de mim, talvez na esperança de que aquele local nunca deixe de ser o que é…
Rumei a outras paragens, sempre só…Aliás, sempre acompanhado de tantos e tantos pensamentos, de tantas e tantas sensações. Segui por onde me levavam as minhas pernas, por onde me levava o vento e as luzes que iluminavam o caminho. Segui completamente absorto desta realidade, mas plenamente consciente de que estava sozinho…
Desci rumo ao Mondego, esse grande e velho amigo, esse confidente sempre pronto a me receber de braços e margens abertas. Fui ter com ele, revê-lo e depositar nele algumas das minhas mágoas, das minhas ânsias, dos meus mais profundos segredos. E ele recebeu tudo, como sempre, sem responder. Estava apenas ali para me ouvir…
Uma vez mais senti a falta de alguém que me ouvisse, que estivesse ali, junto a mim, a sentir aquela mesma brisa sobre o rio dos estudantes, a ouvir os mesmos grasnares de pássaros que eu ouvia uma e outra vez. Mas ali só estava eu…ali eu estava só…
Arranquei rumo a mais uns quantos sítios…sempre com muito na cabeça, sempre a pensar no porquê de as coisas estarem no pé em que estão, no porquê de eu ser cada vez mais vítima desta solidão…
E uma vez mais, a resposta foi-me familiar: a culpa era minha…
Daí a alguns minutos, largos e bons minutos, concluí a minha caminhada. Estava de regresso a casa, ao meu quarto, ao meu mundo. E à minha espera lá estava ela – a solidão. Fria e imóvel, eis que ela ali me esperava. Alegrou-se por me ver. Talvez também ela se sentisse sozinha…
O resto do tempo foi passado a rever os passos da caminhada que é, e tem sido, a minha vida até aqui. Revi tudo até que o sono se fizesse sentir. E prestes a adormecer, o último pensamento que me ocorreu foi apenas este:
“A falta que tu me fazes…”
E assim terminou o fim-de-semana…
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