Saturday, July 19, 2008

Muito mais do que um conto...


Já pensei em escrever um livro. Aliás, vários livros. Os temas que entretanto pensei abordar também são variados, tanto na área do conhecimento como no próprio enquadramento que poderiam ter na minha vida…

No entanto, ultimamente há uma ideia que se afigura como mais insistente, mais persistente e mais precisa. Essa ideia assume formas, ganha contornos e apresenta-se a mim como se ela própria quisesse ganhar vida, ser livre ao ponto de deixar de ser apenas uma ideia…

E o mais fantástico é que reconheço essa ideia em quase tudo o que faço e vejo. Associo-a aos caminhos que percorro, aos passeios que calcorreio, às noites que passo em claro admirando a Lua (seja na varanda de casa, seja do alto de um penedo), aos raios de Sol que logo cedo me inundam o quarto…

Associo-a a um qualquer sorriso mais meigo, a um qualquer olhar mais terno, a um qualquer toque mais pessoal. Também a associo ao Mondego, a Coimbra, à vida universitária, aos meus últimos anos de vida. Mas sinto que não consigo transpor tudo isso para um papel, para um livro…

Como encontrar as palavras certas para descrever a sensação de um abraço que é tão-somente indescritível? Talvez a forma mais correcta seria dizer que há abraços que valem mais que mil palavras…

Como demonstrar, através de palavras, que um “simples” beijo nos pode elevar ao infinito? Como explicar correctamente a ternura e a doçura de um olhar que nos enche a alma de alegria, de esperança e de felicidade?

Com que termos poderia eu definir o encontro de dois corpos, cujas peles, ao encostarem-se, desencadeiam um sem número de sensações e de desejos? Quais os adjectivos correctos para demonstrar que um sorriso pode ser a porta do paraíso, o caminho mais suave e doce para a felicidade?

Como posso eu ousar contar algo ou definir algo que está para além do compreensível, do imaginável? Como dar a conhecer ao mundo tudo o que senti se nem eu mesmo sei dizer de onde vem isto tudo?

Mas talvez eu saiba de onde veio, ou vem, tudo isto. Talvez eu saiba a origem das coisas, saiba o momento em que o universo conspirou favoravelmente para que uma autêntica espiral de sentimentos e sensações se desenrolasse. Talvez eu saiba…

Contudo, também sei que ainda não sei tudo. Ainda não sei classificar as alegrias que tive, as loucuras que fiz, as aventuras que idealizei, os sonhos que preencheram as minhas noites. Ainda não sei qualificar os desejos que me faziam tremer o corpo, ainda não sei decifrar a fragrância que ainda hoje sinto, por vezes, quando o vento sopra. Ainda hoje não sei descodificar esta batida ritmada que trago no peito, ainda não sei lidar com esta vontade de querer fazer tudo mais que perfeito…

Poderia tentar, mas não sei se iriam compreender. Nem sequer sei se conseguiria acabar o livro. Sei que o tema daria para muitas e muitas páginas. Foram tantos os momentos perfeitos que se eu soubesse desenhá-los seria muito mais fácil para que pudessem ser compreendidos…

Mas creio que só Da Vinci ou Michellangello seriam capazes de colocar numa tela algo parecido. E nem mesmo as suas esculturas poderiam completar a obra…

Porque a obra não estará nunca completa. É impossível completar algo tão belo. E a beleza não tem fim. Nem a do que se viveu, nem a de com quem se viveu. Alguma vez viram um pôr-do-sol acabar? Nunca acaba, pois no outro dia há mais. O mesmo se passa com o nascer do sol. A beleza de momentos como este nunca acaba. Nem há-de acabar nunca…

Porque quem vive um nascer do sol e um pôr-do-sol sabe que haverá sempre outro. Seja amanhã, depois ou no outro dia a seguir, mas haverá sempre. E assim é o amor. Quando se ama, quando somos “afectados” por este vírus preferimos continuar doentes do que encontrar a cura. Porque não há cura para o amor. Aliás, a cura é apenas uma – amar…

Hoje continuo a querer escrever um livro. E o tema bem que pode ser o amor. Para já remeto-me ao silêncio e guardarei as minhas palavras, as minhas ideias, os meus sentimentos e afectos para mais tarde. Talvez a posteridade traga até mim a sapiência necessária para poder juntar algo tão belo e grandioso numa simples história, num simples conto…

Mas hoje também estou certo de algo: um dia estarei preparado para dar a conhecer aos meus filhos e netos a beleza de tudo o que vivi. Até lá resta-me a alegria de saber que tudo foi mágico, tudo foi perfeito. E tudo foi muito mais do que um conto…

1 Comments:

Blogger Mónica said...

Ora aí está uma bela ideia: um livro teu tem o sucesso garantido e será sem dúvidas um best-seller.
O mais giro de tudo é que podes escrever vários: a tua narrativa de vida, a compilação dos teus poemas, um romance, um thriller, etc, etc, etc...
Pensa nisso, acho que o teu futuro é isso mesmo ;)

12:07 PM  

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