Saturday, September 06, 2008

Um "mundo" à noite...


Um aceno, um olhar, um sorriso…Por vezes um bilhete, um recado ou até mesmo uma bebida como cartão de visita…Retribui-se, quanto mais não seja por educação. Nem sempre se procura saber os quês e os porquês de tais gestos nem a intenção de tais atitudes. Mas às vezes apetece e, como diriam os antigos romanos, “que os jogos comecem”…

Jogos…serão mesmo jogos? Eu creio que sim, que são. Podem ser inofensivos, podem ser intencionais, podem ser muita coisa, mas são sempre jogos. Quanto mais não seja são jogos de entretenimento. Pessoal, colectivo, pouco importa…

O passo seguinte é decidir. Decidir se há interesse ou não em participar no jogo. Decidir se há vantagens ou não em participar no jogo. E esta questão dos interesses e vantagens depende de cada um, dos seus princípios e valores. Mas se há algo que estes jogos acabam por ensinar, é que nem sempre valores e princípios são sinónimo de recusa no que diz respeito à participação nestes jogos…

É a vida, a lei da vida. Ou melhor, se quisermos ser um pouco mais extremistas, é a lei da selva. Porque, meninos e meninas, senhoras e senhores, são muitas as vezes em que a situação se assemelha a uma savana africana…

Imaginem o espaço físico: “matagal” denso, neblina ou nevoeiro, visão nula ou quase nula, pouca luz…é assim, exactamente assim em ambos os locais. Pelo menos, na maioria das vezes. E em ambas as situações há caçadores e presas, há armas e alvos a abater. Em ambas as situações há perigos calculados e surpresas inesperadas e imponderáveis de última hora…

Cada qual deverá saber o que fazer. Há quem prefira caçar, há quem prefira ser caçado. Há quem goste de misturar ambas as artes…Sim, artes. Tudo isto, para além de ser um jogo, é também arte. E como em todas as artes, há artistas e há Artistas. O que os distingue? Esta é uma questão demasiado vaga e abstracta. Poderia tecer as minhas próprias considerações sobre o assunto, mas prefiro guardar isso para mim…

Certo é que, sendo a vida feita de ciclos, este jogo acaba por ser também um ciclo. Um ciclo que se pode tornar vicioso. Um ciclo que tem tanto de interessante como de viciante. Um ciclo que se inicia quando menos esperamos e que pode se encerrar quando menos aguardamos…

A vida tem destas coisas, não é?

Seja como for, há algo que me incomoda neste jogo. É estranho, eu sei, mas há mesmo algo que me incomoda neste jogo. O que é? O facto de, muitas vezes, serem os jogadores os maiores culpados. Se calhar isto parece ainda mais estranho, não? Ok, então, a ver se percebemos: como em qualquer jogo, há quem ganhe e há quem perca, certo? Não há nenhum jogo no mundo concebido para que o empate satisfaça as partes envolvidas. Pelo menos não me recordo de nenhum neste momento…

Como tal, porquê culpar os jogadores? Neste jogo, neste específico jogo, que em nada tem a ver com sentimentos e acções amorosas (mesmo que haja carinho extremo e atenção fora do normal), não pode haver empate. Nunca. Daí ser tão complicado encarar as regras de um jogo que…praticamente não tem regras!!!

Não é fácil, eu sei. Por vezes não parece ético, é verdade. E de tempos a tempos só apetece…pois, também é verdade…Mas, e se já sabemos que o jogo não contém regras, que não há livros de reclamações e que a única lei que impera é a lei do “cada um por si”, para quê reclamar?


Um aceno, um olhar, um sorriso…Por vezes um bilhete, um recado ou até mesmo uma bebida como cartão de visita…Nem todos podem, querem ou sabem jogar, é um facto. Por isso mesmo não se deve “criticar” o jogador. Quanto mais não seja, que se adopte a frase utilizada pelos norte-americanos e que se faça da mesma a única regra de consulta essencial antes de se participar nestes jogos – “Don’t hate the player…Hate the game…”

* Nota do Autor – este texto não está consentâneo com o que, habitualmente, se publica neste blog. Eu sei que se nota, mas, e porque haverá gente a indagar-se sobre os porquês deste texto (e mais vale poupar algum trabalho à malta =P), reservo esta nota para explicar que a observação do comportamento humano em certas situações deu origem a algumas conversas que deram origem a este texto.

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