Tuesday, October 07, 2008

Traços...


Em tudo isto há um padrão, uma forma de ser e estar, um sincronismo estranho e familiar ao mesmo tempo. Como se a mecânica das acções mais não fosse do que a espontaneidade de um sorriso, de um abraço, de uma lágrima…

É assim a minha vida, um misto claro e obscuro de avanços e recuos, uma aguarela monocromática desprovida de qualquer brilho ou até mesmo um quadro neo-realista pejado de traços existencialistas, românticos e liberais. É assim o dia-a-dia deste que escreve porque sente, porque vê, porque chora, porque ri, porque sim e porque não, porque se vê e se revê na escrita que escreve e, quiçá (e porventura), naquela escrita que, sem escrever, corre e discorre mais racionalmente que o pensamento de Descartes…

Numa altura em que ser ousado já deixou de ser ousadia e em que a verdadeira bênção é poder acordar para viver carpe diem mais um dia, olho através das janelas da vida e noto que a brisa surge de todos os lados, trazendo até mim fragrâncias das mais variadas flores, como se em cada canto houvesse um jardim, um canteiro, uma rosa ou uma simples flor a necessitar de um minuto de atenção, de um minuto de carinho, de um minuto de contemplação…

E atrás de cada porta há um labirinto, um entrelaçar de caminhos e atalhos que servem apenas de disfarce óbvio para o menos claro, para a realidade menos nítida, mas mesmo assim mais interiorizada: tudo tem uma essência e a minha parece ser mesmo esta…

Talvez por isso não haja espanto, nem horror, nem tão-pouco admiração. Porque, no fundo, a aceitação de tal facto não pressupõe nunca (nem nunca pressupôs) a negação de outros factos, de outras verdades. Porque ao ser assim também posso ser de outra forma…aliás, sou-o, ao mesmo tempo…

O que não deixa de causar alguma estranheza, pois talvez seja impossível (?) padecer de uma origem/natureza tão díspar e suis generis ao mesmo tempo…

Mas, e porque não acredito em impossíveis, talvez esta seja a minha realidade…talvez seja esta a minha doença e a minha cura…talvez seja esta a minha maldição e a minha bênção…talvez seja este o meu eu…

Pois em tudo isto há um padrão, uma forma de ser e estar, um sincronismo estranho e familiar ao mesmo tempo. Como se a mecânica das acções mais não fosse do que a espontaneidade de um sorriso, de um texto como este, de uma revelação que mais não é do que, no fundo…uma confirmação…

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