Monday, April 14, 2008

Oxalá...


Ainda me lembro de quando arriscava, de quando me atirava de cabeça e só depois é que pensava nas consequências. Ainda me lembro de quando o mundo era o meu palco e eu actuava as vezes que fossem necessárias sem ter que me refugiar no camarim ou sem ter que pedir para que se baixassem as cortinas de forma a poder descansar, meditar…

Ainda me lembro de ser furacão dentro de qualquer tempestade, de ser o fiel paladino da eternidade, o eterno sonhador em busca da Felicidade. Ainda me lembro de não temer quedas, obstáculos ou barreiras. Ainda me lembro de não ter medo de errar, de fazer asneiras…

Ainda me lembro de nada temer e tudo enfrentar, de tudo querer e tudo alcançar. Ainda me lembro das lutas, das batalhas, das guerras, dos erros e das falhas. Ainda me lembro de como, onde, quando e porque fiz cada uma destas cicatrizes. Ainda me lembro de ter sido rei entre donzelas, senhoras, meninas, senhoritas e até “meretrizes”…

Ainda me lembro de tudo quanto me faça bem e mal, ainda me lembro de tudo o que me levou a este fim, a este final. Ainda me lembro da força que me impulsionava, da mão que me embalava, da boca que me beijava e da pessoa que me acariciava…

Ainda me lembro…Acho que ainda me lembro de tudo. E até do nada que um dia foi tudo, mas que deixou de o ser, não fosse algo acontecer. E aconteceu…

Aconteceu que ainda me lembro, que trago tudo gravado em mim. Por dentro e por fora, todo eu sou páginas e páginas de histórias verídicas e verdadeiras. Todo eu sou infindáveis trilogias de histórias que, definitivamente, já viram melhores dias. Todo eu sou vestígio, resquício de tudo o que me lembro. E eu me lembro de tudo, o que não sei se fará de mim um sortudo…

Ainda me lembro de quando eu fazia e acontecia, de quando o mundo era o que eu quisesse que ele fosse. Ainda me lembro, sim…Mas já não existe esse “eu” em mim…

E não existe porque me lembro…Demasiado…De tudo, de nada, de muito e de pouco. Lembro-me de tanta coisa que me sinto a ficar louco. Louco por trazer em mim tanta memória, tanta lembrança que já não voltará a ser esperança. Louco por saber que sou e estou ciente do que fui e do que sou. Louco por saber que o que fui, partiu um dia para bem longe e nunca mais voltou…

E até desse dia me recordo…Sei bem quando parti de mim mesmo, quando fui para não mais voltar. E agora já não posso fazer mais nada. Parti para nunca mais regressar, parti sem rumo ou destino traçado, parti sem saber que deixei-me entregue a mim mesmo e isso é pecado…

Ainda me lembro…e por me lembrar de toda a minha coragem é que, hoje, me sinto covarde. E não gosto de sentir esta covardia…Oxalá um dia me volte a coragem…Oxalá volte a ser corajoso um dia…

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