Thursday, April 10, 2008

LF, o Eterno Desconhecido...


Falso, mentiroso, manipulador, interesseiro e frio. Que fariam se recebessem uma carta em vossa casa a acusar-vos de serem isso tudo e mais alguma coisa? Qual seria a vossa reacção?

Aposto que estão espantados com a pergunta...
Mas não estejam. Não estejam porque fui agraciado com tamanha dádiva. Recebi ontem, em minha casa, uma carta de uma amiga a descrever-me (ainda que num determinado contexto, que não tem nada a ver com o foro sexual ou de relacionamento físico para além da amizade) com esses mesmos termos, essas mesmas palavras. Não acreditam? Podem acreditar. E sim, ela é minha amiga...

O que fiz eu ao ler tais palavras? Sorri. Mais nada. Sabem, já me chamaram coisas bem piores na vida e os termos com que ela se dirigiu a mim não são mais do que aquilo que são. Simples palavras, simples termos cujos intuitos ainda não sei bem quais seriam, mas isso pouco importa. Importa sim que esta minha amiga fez o que fez com base no pressuposto de que me conhece...


Na altura pensei que, um dia, haveria de aproveitar a tal carta para escrever algo sobre ela, um texto, uma crónica, sei lá. Não que a carta seja valorosa a esse ponto, mas sim porque acho piada quando dizem que me conhecem, que sabem o que é melhor para mim, que sabem como e em que penso e porque penso, que sabem como devo agir e reagir, que sabem como sou e deixo de ser, enfim, que sabem o que é e quem é o Laurindo Filho...


E pensava eu que só mais tarde aproveitaria a tal carta quando eis que, e por ter que tratar de um assunto, fui falar com uma amiga minha para me ajudar e aconteceu o que não queria que acontecesse...pelo menos não naquela hora: revi os meus bébés (leia-se, os meus cães, a Luna e o Nilo)...

E o que isso tem a ver com a carta? Tudo ou nada. Depende da perspectiva. Ao vê-los, não pude conter a emoção de ter estado cerca de 8 meses sem os ver. As lágrimas pediram licença para cair, mas não permiti. Deixa-as apenas estar à porta. Ao me verem, os meus meninos vieram logo a saltar e a lamber-me as mãos, todos sôfregos e contentes. Mas não estiveram tão efusivos como alguns de vocês poderiam imaginar...

É que eles notaram que estava triste. Aliás, emocionado. Felicíssimo por voltar a vê-los, mas triste por saber que não poderia ficar muito tempo com eles porque tinha que regressar rapidamente a Coimbra. Por isso não os queria ver. Porque sabia que, ao vê-los, precisava de ter mais tempo para estar com eles...


E com isto quero eu dizer que...? Que ao fim de 8 meses, os meus cães reconheceram-me. Não me ladraram, não me rosnaram, não se amedrontaram, não fugiram. Vieram ter comigo e saudaram-me como se os 8 meses fossem, na verdade, 8 dias. Mas não são. São 8 meses. E mesmo assim eles me reconheceram...


Já a minha amiga, a que me mandou a carta, julgando que me conhece e achando-se no direito de, resolveu enviar-me uma carta depois de alguns dias de "esquecimento", "distância" e "vazio", utilizando palavras dela. E com isso, com este meu comportamento, passei de algo que só eu e ela sabemos, ao falso, interesseiro, manipulador e mentiroso. Giro, não acham?

Eu acho que é o que é e vale o que vale. Não pensem que por falar disso aqui, que lhe estou a dar relevo ou importância. Não, não estou. Quero apenas que todos possam aprender as facetas que o ser humano pode assumir. E até que ponto nós realmente somos conhecidos ou não, até que ponto nos conhecem ou não...

Eu posso afirmar que há apenas uma pessoa que me vai conhecendo, por esta altura. Atenção e notem bem: que me vai conhecendo. Por acaso até sabe demasiado...mas porque eu quero que assim seja e porque sei que a nossa amizade se vai solidificando assim, aos poucos e mutuamente. De resto, e apesar de ter amigos de longa data, esses amigos só me conhecem até certo ponto. Sempre fui assim. Talvez seja erro meu, mas nunca me deu para mudar. Prefiro assim...


Ou seja, ninguém me conhece bem, bem, bem. Não a 100%. Eu sei que é quase impossível conhecermos alguém a 100%, mas também sei que é possível chegar lá. Só precisamos de paciência, respeito, convivência, etc e tal...

Como tal, e porque seria injusto dar a ideia de que estou aqui a massacrar a autora da carta, venho aqui dizer exactamente o contrário. E agradeço a ela esta lição. Que lição?

A seguinte: obrigado amiga...por me mostrares o porquê de, cada vez mais, ter a certeza de que o problema do planeta Terra é ter seres humanos. E obrigado por me teres dado a provar a certeza de que os cães, mesmo que sendo irracionais, reconhecem quem já conhecem. Obrigado...


Aos que me conhecem há muito, não se preocupem. Não me queixo de só me conhecerem o que conhecem. A culpa é minha, unica e exclusivamente minha. Aos que não me conhecem e ajudaram a minha amiga da carta a pensar assim, obrigado. A importância que me dão, mesmo sem me conhecerem, é boa, faz-me bem ao ego. Podem continuar. Aos que me querem conhecer, pensem bem. Depois deste relato, não quero que se sintam enganados. É que não quero mais cartas destas, ok? Hehe...


A quem me vai conhecendo...tenho a sensação que vais gostar de ler isto. E que, de certa forma, vais achar uma certa piada à situação, dentro do possível, claro está. Conto com a tua apreciação um dia destes...


De resto, meus amigos e minhas amigas, leitores e visitantes deste meu cantinho, espero que não se importem com o tema deste post. Não é por mal, mas tive que partilhar isto convosco. Não quero que vos aconteça o mesmo. Nem em relação a mim, nem em relação a vocês...


Do eterno desconhecido, LF.

3 Comments:

Blogger Hagia Guedas安 said...

As tuas palavras ao longo deste blog fazem pensar... muitas delas pelo seu valor não merecem ser comentadas.
Este teu texto foi um dos que comparei a situações que já passei como a acção da tua amiga.
O caso dessa carta, gestos e palavras que não esperamos de tal pessoa, pode nos ofender, revoltar, mas parte delas por mais que nos custe são simples lições penosas que a vida nos dá e vem desses amigos.
Muitos dizem nos conhecer, daí nos apontarem o dedo, mas como podem fazer tal juízo quando nem eles próprios se conhece enquanto pessoas.
Apesar de não fazeres um mau juízo da tua amiga, aprecio a tua atitude, é o mal de quem no fim de contas preserva e respeita um amigo.
Pois amigo não chama-mos a qualquer pessoa, só aquelas que realmente chegam ao nosso coração.

Desculpa o testamento...
Força neste jogo que é vida...

AG

2:12 PM  
Blogger Mónica said...

Não vou comentar o texto em si. Apenas queria referir que os teus bébés ficaram mesmo muito felizes por te ver, estavam cheios de saudades tuas ;) Espero que não tenhas ficado sentido por vê-los, mas a situação foi inesperada. mas sabes que mais? Assim foi melhor ;) Sei que te custo muito estar tão pouco tempo com eles, mas tens de confessar que gostaste ;)
Beijinhos!

2:21 PM  
Blogger Joaninha said...

...
bem!
=)

Uma coisa te digo... acho que essa situação justifica (não que tenhas de justificar o que quer que seja), o porquê de nem mesmo aos teus amigos de longa data, te dares a conhecer mesmo muito bem.

Como já alguém disse, "amigo não chamamos a qualquer pessoa"...

Bjo

11:45 PM  

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