Lágrimas...
Desde há uns dias a esta parte que tenho dispendido algum do meu pouco tempo introspectivo à análise de meia dúzia de situações que levam ou podem levar o ser humano a esse fantástico processo de criação de uma quantidade excedentária de água na bolsa lacrimejal que todos temos, ao qual vulgarmente apelidamos de chorar. Não creio ter alcançado nenhuma descoberta ou conclusão digna de um Prémio Nobel da Ciência ou algo do género, mas acabei por chegar a um pequeno texto, o qual partilharei com vocês neste belíssimo espaço que é o More Than Words.
Posso também garantir, afim de salvaguardar os meus interesses e de evitar possíveis filmes pseudo-interpretativos de quem quer que leia este texto (atenção, isto não é censura ao pensamento nem nada que o valha!!!), que esta minha apreciação ao choro advém apenas e só da minha estranha necessidade de compreender certos temas e aspectos que são próprios do ser humano. Poderia ter dissertado sobre o roer de unhas ou a utilização de gel de má qualidade no cabelo, mas julgo ser mais interessante analisar o choro e os seus principais agentes, ou seja, as lágrimas.
Como tal, aqui ficam as minhas análises superficiais ao assunto em questão:
Lágrimas,
Lágrimas são fados, são sinas,
São pequenas gotas cristalinas
Que inundam e transbordam
Corações que acordam
Ao som da lágrima que cai,
Almas que despertam
E bem interpretam
A sonoridade de um Ai…
Lágrimas são beijos
Pejados de desejos
Que uma vez dados
Nunca mais são esquecidos,
Como se fossem pequenas setas ou dardos
Cujo veneno nos deixa entorpecidos
E absortos de um instante que disso não passa,
De um segundo em que por mais que se faça
Nada assegura e nada garante,
Sejas tu indigente ou galante!
Lágrimas são peças de um puzzle
Que teima em não se completar,
Pois tal facto só iria acarretar
O fim de um leito a correr,
Leito esse que chora por não ter
O que já se teve e não se tem
Ou que chora por palavras ditas
Em horas ou circunstâncias malditas
E que parecem saídas do Além…
Lágrimas são cacos não de vidro,
Mas sim de um ser quase partido
Por saber que haverá sempre lágrimas
Mesmo que todas as páginas
Da vida sejam escritas a dourado
Ou timbradas a azul-anil,
Mesmo que o coração bata a mil
Ou que o céu pareça sagrado…
Lágrimas são gritos de uma alma doente
Que sente uma dor tão pungente
Que chega a sentir quão urgente
É ver mais lágrimas não jorrar
Da alma que deseja descansar
Após a labuta diária chamada Vida,
A tal que não nos convida
A participar nesta louca corrida
Ao ouro, ao Amor e à própria Vida,
Levando alguns a tentar de tudo,
Fazendo-se de surdo, de cego ou de mudo,
Ousando usurpar o que é de outrem,
Procurando a sorte sempre mais além
Do que lhes é permitido…
Ah, lágrimas, lágrimas de crocodilo,
Vós sim sois as verdadeiras,
Pois as lágrimas de tão temível réptil
Não poucas vezes têm o seu quê de verosímil…
Talvez por isso sois tão conhecidas,
Porque já foste actriz no palco de tantas vidas
Que hoje quando chegas já não és novidade
E quase já nem se nota a tua utilidade…
Lágrimas,
Lágrimas são sinas, são fados,
São gotas de água que molham rostos traídos
E corações mais do que cansados…
Lágrimas são pequenos grandes sinais
Das almas que, não sabendo falar,
Mais não dizem ao chorar
Do que: “Já não aguento mais,
Por favor, não me deixem sofrer mais…
Parem, ouçam e escutem…
Atentem, então, nos meus Ais!”
Enfim, não deu para mais do que isto. Mas julgo haver aqui alguma matéria para discussão ou debate, quem sabe...E se não houver, não há mal...Ao menos por isso não cairão lágrimas...
Nota do Autor: Apesar do texto ser sobre lágrimas, fiquei feliz pelo texto em si…
2 Comments:
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[Cá estou eu, novamente, para comentar, ou para apenas escrever um pouco; aproveito-me então do teu espaço para o fazer, porque simplesmente me apetece.]
Lágrimas...podem significar tanto, ou nada. Podem ser interpretadas de diversas formas, discutidas de forma diferente...podem ser interpretadas consoante a dor,ou a felicidade, de cada um.
Portanto, pergunto-te: "O que é que te faz realmente chorar?"
Eu faço esta questão a mim própria, muitas vezes.Porque é que estou a chorar, porque é que o faço; o que é que me doí?...e descubro que o faço quando o peito está apertado, magoado, cansado, despreparado, com a vida. [mas o que é que eu estou para aqui a dizer, as lágrimas surgem por tanta coisa, não posso, e não podes, especificar assim... LÁGRIMAS (há tanta coisa ainda que se pode dizer)]
...ideias loucas, ninguém se lembra de falar de lágrimas!!!
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