Sunday, February 01, 2009

Viajante...


Vejo o caminho que estou a trilhar. Algures no passado palmilhei estes mesmos quilómetros, percorri estas mesmas montanhas e desaguei neste mesmo mar. Na altura a juventude e a irreverência ajudaram-me a suplantar as dificuldades, a aliviar a dor de cada queda, de cada arranhão, de cada cicatriz. Vivia então da ânsia de conhecer o desconhecido, do prazer de procurar sensações extra-sensoriais…

Ao longo de várias estações fui nómada de um mundo que era meu, que me estava destinado e que fui conquistando com cada vez mais à-vontade. Porém um dia senti que devia parar, olhar para trás e analisar todo o percurso entretanto efectuado. Nesse instante parei. Era preciso. Foi necessário…

Hoje, e volvidos alguns anos, ouço um novo chamamento, um novo apelo. No fundo, é o “mesmo” apelo do passado, ainda que em circunstâncias diferentes e por vias distintas. E ainda que os traçados se tenham alterado, ainda que a morfologia dos terrenos seja outra, sei que os caminhos são os mesmos. Sinto-o…

Talvez fosse prudente ser prudente (passe a redundância) e devesse parar e procurar outros caminhos. Talvez pudesse criar novas rotas neste mapa de conjecturas que presencio presentemente. Talvez…mas a verdade é que não há como fugir ao que vejo. A única alternativa ao passo em frente é parar…e parar é morrer…

Como tal, e munido das armas com que sempre me muni ao longo da vida, seguirei em frente e embrenhar-me-ei na vasta e densa floresta que aguarda pela minha chegada. Não sei se para uma recepção calorosa e amigável ou se para me levar ao desaparecimento, mas sei que está à minha espera…

Levo comigo a vontade de outrora aliada a algo muito importante nesta fase: a experiência…

Tudo isto porque não importa o que está para lá da floresta. Não importa a meta. Talvez nem exista uma. Importa sim a viagem, o trajecto, os sentimentos e as sensações que eu possa experienciar e reter. Sejam eles conhecidos ou desconhecidos…

E se há uns anos atrás eu era nómada, hoje não me posso considerar como tal. Afinal mudei. E ainda bem. Hoje sou mais, muito mais do que isso. Hoje sou um viajante…

Viajarei então…

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