Monday, January 14, 2008

Inquietude...

Sinto-me inquieto. Sinto a inquietude rondar a porta do meu quarto. Creio mesmo que ela já está dentro dele. Afinal não…afinal está dentro de mim. Sinto-a a percorrer as minhas veias, as quais latejam vezes sem conta cada vez que o sangue transporta um pouco dessa inquietude. Os meus olhos já vêem mais além do que as paredes do quarto. As minhas mãos já tocam em mais qualquer coisa para além do teclado do PC. O meu corpo está quieto, mas a minha alma não…

Há inquietude em toda a alma que deixa o seu corpo para procurar algo mais do que o físico e mundano. Há inquietude nesta alma minha que perscruta e indaga mais e mais além, que voa e se dissipa no nevoeiro de ideias que trago de mim para mim e de mim para este mundo. Há inquietude na alma deste que precisa de algo mais do que o que vê, ouve ou sente…

Há inquietude em mim. Quiçá uma inquietude sem aparente fim. Quiçá uma inquietude inquietante e exasperante, pois cada vez mais me sinto como o solitário viajante que parte em busca do sagrado cálice da vida. Sei que estou onde não estou e sinto que sinto que não sou aquilo que tanta gente já pensou. Sou mais, muito mais. Não sei quanto, mas sei que sim. Só assim se explica esta ânsia de querer ir até ao fim. Ao fim de tudo: dos limites, dos medos, das noites e dos dias, ao fim das tristezas que impedem as alegrias. Quero ir mais além, procurar quem me faça bem para que o possa fazer mais também. Quero mergulhar no oceano profundo em busca das riquezas ainda desconhecidas deste mundo. Quero, quero, quero…

Quero tanto e tanta coisa…Talvez por isso esteja inquieto. Talvez por isso me sinta incerto da certeza que sinto cada vez mais perto. Sei que algo está por vir, sei que há novidades no horizonte. Mas não sei até que ponto saberei distinguir a boa nova da nova que não me levará mais acima do monte. Não sei…não sei mesmo…

Só sei que estou inquieto. Sinto isso no CD que parece não parar de tocar, nas letras das músicas que me fazem chorar e nos milhares de ideias que continuo a elaborar. Sinto isso a cada sopro de um vento que outrora fora violento, mas que agora parece trazer a inquietude que me impede de estar sonolento. Sinto isso no bater compassado deste coração, que por mais que diga que sim, sabe estar dizendo não à sua própria negação. Sinto isso nas palavras que tantas vezes escrevi, mas que do mundo escondi…não por cobardia, mas sim porque ainda não chegou o dia…

Pois…ainda não chegou o dia…nem sei se chegará…Mas tal como esses textos, a inquietude também já esteve guardada. E agora está cá fora. Talvez seja isto um prenúncio de que está na hora. Quiçá este é o anúncio de que já me fui embora…e não me apercebi. Será? Mas quando foi isso?

Não sei…mas não creio. Não posso ter deixado o meu eu sozinho. Logo agora que parecia ter encontrado o caminho…não, não creio. Até porque a minha missão ainda não está nem a meio…e eu não deixo nada por cumprir…

Mas então…porque então esta inquietude? Sinto-a cada vez mais rude. E mais rude se torna também este meu ser que apenas deseja intensamente viver. E é mesmo isso que vou fazer. Com inquietude ou não, em mim mandam a alma, a cabeça, o espírito e o coração. Em mim mandam os valores que sempre me guiaram. Mandam as luzes que sempre me iluminaram. Mandam os Espíritos que sempre me abençoaram….

Em mim…em mim…em mim está algo que ainda não decifrei. Talvez a mágoa das flores que no mar ainda não joguei. Ou a incerteza do porquê de mim insistirem em arrancar…algo ou alguém que não posso e não sei precisar…Apenas sei que o meu ser inquieto dá sinais de cansaço…Ao longe o horizonte torna-se baço e sinto que é hora de deitar no teu regaço...

O teu regaço…o teu regaço é a calma, é a paz e a ternura que me satisfaz neste momento tão intenso. O teu regaço é a almofada confortável que me faz sentir quão agradável é ter-te aqui comigo. O teu regaço é a concha que me protege em dias de tempestade; é a manta que me cobre e me aquece nas noites frias de Inverno. O teu regaço é o Olimpo e o Paraíso que me arrancam de um qualquer Inferno. O teu regaço és tu…O teu regaço sou eu…O teu regaço é alma que regressa a mim e acalma este meu frenesim…O teu regaço é a chama que me mostra que quem ama, está pronto para qualquer solicitude: seja ela uma batalha, uma vitória, uma derrota…ou até mesmo a Inquietude…

1 Comments:

Blogger Vanessa Quinteiro said...

"É preciso viver como se pensa, caso contrário se acabará por pensar como se tem vivido"

3:51 PM  

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