Sunday, January 13, 2008

Um simples passeio...


Há momentos na vida em que nos apetece sair de casa para espairecer, para desanuviar. Seja porque algo nos incomoda, seja porque algo nos "puxa" para sair. Em ambos os casos, o passeio é sempre uma boa escolha. Ao fim e ao cabo, todos precisamos de sair um pouco, quanto mais não seja para apreciar a Lua, o nevoeiro, as luzes ou as estrelas...Eu saí ontem...


"A Lua convida-me a sair. A brisa acaricia-me a face. O sorriso que trago comigo é apenas um disfarce. Saio à rua disfarçado porque não quero que me encontrem. Não quero que me sintam como se estivesse desencontrado daquilo que sei que não encontrei, daquilo que julgo saber, não sabendo ao certo quem será ou o que serei…

Aos poucos as nuvens toldam a Lua. Ainda há pouco sentia a minha alma vestida, mas agora sinto-a nua. Estarei despido? Ainda olho para mim mesmo e vejo que não. Apenas caminho sem atenção, sem saber que rumo dar a esta passeata ao luar. Não sei porque me deixei seduzir pela estrela agora encoberta. Talvez ela saiba o que está para vir. Talvez venha aí a minha descoberta…

Passo por casas e quarteirões, passo por trens e estações, passo por tudo e não passo por nada, passo a passo lá me faço à estrada. Sigo por becos escuros e incertos, fujo das luzes e dos grandes aglomerados, sinto que há magia no ar e por perto, sinto que alguém caminha a meu lado…

Sorrio e não me deixo deter. Afinal, sei bem o que está a acontecer. Não, não é loucura ou imaginação, nem tão-pouco é a minha demência a entrar em ebulição. Está ali comigo quem, naquele instante, deve realmente estar. Olho para o lado, e de sorriso aberto, cumprimento-o. O mesmo é-me retribuído, logo, continuo a andar…

Talvez esteja aqui há horas. Caminho, ou melhor, levito sem grandes pressas e sem grandes demoras. Há tanta coisa por dizer, há tanto por se explicar, que se eu não souber o que fazer, poucas respostas vou encontrar. A meu lado segue um anjo…Não, não és tu…Não se pode estar sempre presente…Este anjo vai ajudar-me a pôr a nú as consequências do meu presente…Seja ele presente ou ausente…

São ditas frases, são tidos diálogos. Não, ninguém parece ter ases, até porque não estamos a jogar jogos. Estamos apenas a ver e vislumbrar o que cada um tem, deu e pode dar ao rumo que estou a traçar. Mas eu pouco ou nada vislumbro! Sou um pouco humano, não tenho culpa. Queria vislumbrar para além do fim do mundo…Mas para já não posso e há que aguentar até que outras coisas possa alcançar…

E que coisas serão essas, indago eu, então, o anjo que me abre o coração. A resposta, essa veio na ponta de um sorriso, talvez aquilo que eu, realmente, mais preciso para poder ver o futuro de um passado que, mesmo posto de lado, afirma querer ser presente num apelo constante e consequente…

Após o sorriso, a solidão…O sorriso foi-se e deixou-me na mão! Que faço eu agora então? Tenho que voltar para casa e não sei onde estou…tenho que me encontrar, pois já nem sei bem o que fui nem o que sou…E no caminho de volta não há espaço para enganos nem mesmo para atalho…e ainda que não esteja a caminho de casa, uma certeza tenho, possuo e partilho, porque dela me orgulho como se fosse meu filho: sou o que sou e valho o que valho!"

...e nem sequer abri a porta de casa...

1 Comments:

Blogger Vanessa Quinteiro said...

[E é isto, agora acordo e venho ver se tens novos textos, deambulações, desabafos, seja la o que for...mas não te sintas convencido,por amor de Deus...apenas gosto de ler,auto-avaliar, ou apenas comentar...conhecer!]
Com que então ontem foste dar um passeio...bem me pareceu ver-te passar pra estes lados! lol...ah mas tu nem chegaste a sair de casa!
xD

[em relação ao teu texto pouco mais tenho a dizer...consegues deixar-me sempre a pensar,parabéns]

12:49 PM  

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