Frio por fora, quente por dentro...
Faz frio no vale. Aqui, onde os únicos sons que me chegam aos ouvidos são os sons dos carros e das águas que correm diante de mim, o silêncio parece imperar sobre todo o resto. Como se fosse ele o legítimo dono desta pequena porção de terra cada vez mais desbravada pelo Homem…
Faz frio no vale. Talvez por isso tenha os pés frios e as mãos também. Não obstante o teclar constante com que martelo este keybord, as minhas mãos comungam com o ar gélido que se vai abatendo sobre este vale, numa comunhão que nada diz e que pouco transmite…
Contrastando com o vale que está frio e por oposição a esta comunhão quase insignificante, tenho o meu coração, no qual te trago a ti…
É à tua imagem que recorro sempre que a brisa arrefece o vale e procura arrefecer o ambiente em que me encontro. É do teu sorriso que me lembro de cada vez que o silêncio se abeira de mim para me cobrir com palavras frias ditas sem um único murmúrio. É do teu corpo que me valho para que o orvalho não me gele o sangue das veias nem me congele os caminhos do coração. É à nossa filha que me dirijo em busca da esperança que o silêncio da noite diz ter-se perdido algures no meio do crepúsculo…
Faz frio no vale. Pouco importa. Trago em mim algo muito mais forte e muito mais possante que o frio que faz no vale (o qual, admito, consegue ser igualmente apaziguador e stressante). Trago em mim o fogo de um amor, trago em mim o fogo do nosso amor…a arder na fogueira da nossa paixão…
Amo-te…Amo-vos…