Tuesday, January 29, 2008

Palavras para quê...


Palavras para quê...

É o que apetece dizer depois de ler estas palavras de Khalil Gibran, famoso poeta árabe, o qual versa sobre o Amor e sobre coisas relacionadas com este sentimento tão nobre…

Sinceramente, não tenho nenhuma razão especial para colocar estas palavras no meu blog, no meu espaço. Até porque costumo ser eu a colocar aqui as minhas palavras. Mas de quando em vez deparo-me com coisas que não podem deixar de ser dadas a conhecer ao Mundo…

Como tal, e depois de ter arriscado com a teoria de ter encontrado uma definição perfeita para o Amor (continuo a defender que é mesmo assim), eis que estas palavras merecem a minha atenção e a minha decisão de as mostrar a todos os que por aqui passam…

Amor, ou amar, pode ser tão-somente isto:

“É bom dar quando alguém pede, mas é melhor ainda poder entregar tudo a quem não pediu nada”.

Mas não acaba aqui:

“ (…) E existe alguma coisa que se possa guardar? Tudo o que possuímos um dia será dado. As árvores dão para continuar a viver, pois guardar é pôr um fim à sua existência”.

“ (…) E o maior mérito não é daquele que oferece, mas do que recebe sem se sentir devedor. O homem dá pouco quando apenas dispõe dos bens materiais que possui; mas dá muito quando se entrega a si próprio”.

Estas palavras não são minhas. Mas faço delas as minhas palavras…

Espero que gostem e que leiam. Espero que vejam e que enxerguem. Espero que percebam e que compreendam. Espero que as toquem e se sintam tocados por elas…

Palavras para quê?

Para que muitos possam ler o que se recusam a sentir, a desejar ou a acreditar, mesmo que o sintam, que o desejem e que acreditem. Apenas para isso…

Monday, January 28, 2008

O Amor é...


Há dias, em mais uma intensa sessão de leitura compulsiva, deparei-me com uma abordagem deveras interessante sobre o que é o Amor. Isso mesmo, o Amor…

É claro que o tema é “batido”, que toda a gente parece ter opinião sobre o assunto e que todos parecem ter razão sobre o que é o Amor em si, mas creio nunca ter ouvido uma definição tão simples e tão assustadoramente vasta e açambarcadora de tudo e de nada ao mesmo tempo. De acordo com o livro que li, o Amor é! Eis a definição de Amor. O Amor é! Parece absurdo, não? Mas será assim tão absurdo?

Numa conversa de café com duas amigas, a dada altura o assunto veio à baila e rapidamente se ouviu aquilo que é convencional, aquilo que nos ensinam, seja na Igreja, seja na sociedade: Amor é sacrifício. Ou Amor é ter a noção de que temos que nos submeter a Felicidade de quem amamos, mesmo que isso comprometa a nossa própria Felicidade. Nada de anormal, portanto, nestas definições, certo?

Errado. Erradíssimo. Deus quando enviou Jesus ao mundo ensinou através Dele que devemos amar-nos uns aos outros e que devemos praticar a caridade do Amor ao próximo…mas não nos disse para nos submetermos a privações e a provações. Procurem na Bíblia e verão! Deus não nos ensinou que o Amor é “auto-anulação” em prol de outrem. Ele não nos ensinou que é na perda da nossa identidade que reside a força ou a sensatez do nosso Amor ao próximo, neste caso, à pessoa que amamos…

Pois bem, e o que é o Amor então? Perguntais bem, caríssimos. Perguntais muitíssimo bem. Claro está que se soubesse a resposta a este enigma não estaria sozinho, em termos de companhia feminina, e não guardaria, como é óbvio, o segredo para mim: já teria espalhado a notícia pelos quatro cantos do Mundo. Mas infelizmente não sei…

Não sei, mas vou conhecendo novas culturas, vou desbravando novos caminhos e vou acabando por perceber certas teorias e certas ideias sobre o Amor. Daí perceber que, de facto, o Amor é. O Amor é tudo o que nós quisermos. Não há, nem haverá nunca, uma definição ideal, universal e unificadora sobre o que é o Amor. O Amor é, e ponto final!

O Amor é tudo o que fazemos. Seja na vida, no trabalho, na família, na amizade e no próprio amor. O Amor é. Mais nada. Não se pode definir nem quantificar o que é este é. Este é, é o que acharmos melhor para isto ou para aquilo. Ninguém ama mais ninguém só porque se sacrifica ou se esfola por esta ou aquela consequência. Até porque o Amor é desinteressado. Não pode haver interesse no Amor. Não pode haver nada que vá ou que seja contra a essência daquele que pensa que ama ou que se julga amante (atenção: amante, neste caso, é o mesmo que aquele que ama). Por isso mesmo a teoria da anulação e da “subjugação” amorosa não pode ser fidedigna. Apenas um ser se sacrificou por Amor. E não foi por uma só pessoa, mas sim por toda a Humanidade. E esse ser foi Jesus…

Por isso, meus amigos e minhas amigas, apenas posso partilhar isto convosco: o Amor é! O Amor é e não deixará nunca de ser. A Amor é, foi e será. Hoje como ontem. Amanhã como sempre. Não há volta a dar…

E porque o Amor é, por favor, peço-vos: Façam-no ser. Sejam-no. Escolham a vossa própria maneira de ser o Amor que é. Entendam como é o Amor que querem ser. Pratiquem o Amor que é nesse vosso ser que é e que quer ser. Saibam sempre, ou procurem saber sempre, como é este Amor que é…

Creio que só assim podemos perceber o Amor. Não que o tenha percebido logo, de imediato. Aliás, o Amor é, em mim, algo demasiado grande e demasiado vasto para ser apenas o que é. Tanto que não sei como fazer para ser o ser que quer ser o Amor que é. Mas sei que já há algo: já compreendo esta visão e já a assumo como a mais completa que alguma vez conheci…

E será que é? Não sei. Apenas sei que o Amor é…

Thursday, January 24, 2008

Afinal...



Queria saber o que dizer. Queria ser sábio o suficiente para poder dar a cor do passado a este presente sem futuro aparente. Queria saber como colocar o ponto no i, sem ter que recorrer ao que sei que cada um sabe de si. Queria saber estar e saber ser o que não soube nunca ser nem estar. Queria ousar como um cobarde que nada teme e que não se importa se a sua alma arde. Queria estar ali, exactamente ali e agora. Queria estar dentro sem ter que me sentir de fora. Queria ser razão, cognição e conhecimento, queria ser água, luz e alimento…

Gostava de saber o que dizer. Gostava de saber o que sentir. Gostava de perceber o que me leva a rir quando o nada já se foi e o tudo está por vir. Gostava de atentar na generalidade dos pormenores gigantescos que marcam a nossa insignificância. Gostava de saber porque pensarão que estou triste ao escrever isto, quando estou alegre e mais não sei do que isto. Gostava de acreditar que não farão juízos de valor sobre tudo e sobre o nada, sobre o que quer que for. Gostava de pensar que não haverá assimilações e associações, que não haverá quem comece a pensar em um ou mais corações…

Julgava saber o que dizer. Julgava saber como exprimir esta falta de sabedoria que afecta o meu dialecto escriturário. Julgava estar apto a esta ausência de presença, bem como a presença da ausência. Julgava ser o mais fraco de todos os fortes e o mais forte de todos os fracos. Julgava saber que o Homem descende de Deus, do Universo e dos macacos. Julgava saber que há coisas que são como o respirar: basta apenas começar…

Pensava saber o que dizer. Pensava que o pensamento pensante era pensativo o suficiente. Pensava que a voz falava por nós quando um de nós estava ausente. Pensava que via a silhueta de quem não está, esteve ou estará. Pensava sentir o perfume da Primavera que atravessa o Outono do Inverno do Verão que nunca chegará…

Sabia que não sabia o que dizer. Sabia que os dias passam a correr. Sabia que enquanto uns nascem, outros limitam-se a desaparecer. Sabia que a noite se complementa com a aurora que raia no crepúsculo de cada dia. Sabia que só sabia que nada sabia…

Sentia que não sabia o que dizer. Sentia que nada ganho quando a aposta não é para perder. Sentia que nada fazia se limitasse o meu ser a menos ser e a mais parecer. Sentia que tudo o que sinto resulta do entendimento do que não pressinto, mas que julgo ser verdade quando a mim mesmo minto…

Enfim, queria escrever algo…gostava de escrever algo…julgava que ia escrever sobre algo…pensava que ia escrever sobre algo…sabia que ia escrever algo…sentia que ia escrever algo…

Mas mesmo assim não sei se disse tudo. Não sei se quem falou foi o meu “eu” falante ou se desta vez imperou o meu “eu” mudo. Não sei se fui azarado ou sortudo por ter apostado em nada, esperando acertar em tudo. Não sei se encontrei o que nunca perdi ou se perdi o que nunca encontrarei…

Apenas sei que algo fiz…que algo tentei e se o tentei foi porque o quis…e se o quis foi porque gostava, julgava, pensava, sabia e sentia…

Afinal…afinal até sabia o que sem querer, dizia o que mais queria…

Tuesday, January 22, 2008

Há noites assim...


Há noites assim. Noites em que, mesmo estando em paz, o sono demora a anunciar o descanso que julgamos merecer. Noites em que nada parece ser passível de nos distrair, de nos entreter. Como se houvesse algo a faltar, algo que, sem nos lembrarmos, acabamos por não esquecer…

E então visitamos e revisitamos o que é nosso, o que fomos, o que somos. Vemos e revemos coisas, pessoas e lugares que outrora foram nossas casas e nossos lares. Acabamos por redescobrir o passado tão presente que anuncia ou denuncia o que está por vir. Notamos no que foi dito, escrito ou sentido. Reparamos que há vozes, músicas e canções que estimulam o nosso ouvido. Saboreamos as brisas que nos roçam a pele, os odores que perfumam o nosso jardim, as lembranças de um outrora, talvez, cada vez mais longe do fim…

Relêem-se textos, renovam-se conceitos. Reerguem-se sombras escondidas nos peitos dos que, sendo imperfeitos, sabem o porquê de terem sido os eleitos. Surgem nuvens, dissipa-se a névoa, ergue-se a bruma e sentem-se os raios de Sol. Afinal, há mais que um pássaro a cantar na janela. Afinal nem todo o belo cantar tem como dono o rouxinol…

Sobrevoam-se pedras, penedos e rochedos. Contam-se as vitórias e escondem-se os medos. As mágoas ainda não se escaparam dos dedos, mas as cicatrizes nelas presentes não foram feitas por ferros acesos. São sinais de luta, de batalha e de conquista. São provas de quem quer e procura ver mais além do que alcança a nossa vista. São nobres testemunhos de seres abnegados que, de tanta abnegação, outrora foram vistos como os renegados, os pobres e os coitados…

Há noites assim. Noites em que tudo parece estar impregnado de nada. Do nada, parece que já temos tudo, mas se esse tudo está cheio do nada, que nada é esse que preenche o tudo, deixando-o vazio e sem nada? E que tudo é esse que se deixa consumir pelo nada que já foi, em vez de se agarrar a tudo o que está para vir?

Há noites assim. Noites em que velejamos ao sabor do vento do nosso conhecimento. Noites em que os ventos, as ondas e as marés são mais caminhantes que os nossos próprios pés. Noites em que perscrutamos o nosso interior à procura de algo mais do que a vida, a paixão, a alegria ou a dor. Noites em que visitamos e somos revisitados. Noites em que por isso mesmo, amamos e somos amados, em que nos rimos e nos sentimos revoltados. Noites em que desejamos sem ter sido desejados e em que voamos para todo e qualquer lado…

Há noites assim. Noites que parecem não ter mais fim. Noites em que tudo é o começo de algo já iniciado. Seja noutra vida, noutro presente, noutro futuro ou noutro passado. Noites em que o Céu confunde-se com o mar, em que a brisa não é feita de ar e em que as estrelas parecem soluçar. Noites em que o Criador recebe a sua criação, de corpo, alma e coração, para fazer dela algo mais do que o seu ser, algo mais do que o que nele se pode ver…

Há noites assim. Noites em que, procurando-me, acabo por me perder…Para mais tarde me reencontrar onde julgava não poder estar. Ou seja, em todo o lado: no Céu, na terra e no mar. Vejo que estou onde não estou. Sei que sou o que sou e o que não sou. Estou consciente que caminho para onde não vou. Creio que minto se esqueço o que sinto e porque sinto. Talvez por isso ainda hoje o pressinto…

O quê? Pois…o quê…Há noites assim. Noites em que não sabemos o quê, o porquê e sei lá mais o quê. Noites em que tudo parece desfasado da realidade que desconhecemos, mas que nos circunda; da realidade que conhecemos, mas que não nos rodeia. Noites em que se ousa escrever algo sem ter algo mais, como base, do que a própria vontade de escrever. E porque não é pecado escrever, a este anseio acabo por me submeter…

Mas este anseio não é sinal nem é resposta. Este anseio não é tudo nem é nada. Este anseio é apenas uma rua sem calçada, um muro sem parede. Este anseio é trapézio sem rede. É água que consola a minha sede. Este anseio é a busca incessante e interminável do início que anuncie o fim do princípio iniciado sem esperanças de conclusão. Este anseio é a caixa de Pandora que trago presa ao coração. Este anseio é quem sabe, e mesmo estando em paz comigo mesmo, a minha própria resposta em mim. É quem sabe, o segredo de o porquê de haver noites assim…

A little something...


There are times when we can only use what's usable, which means that, in certain circumstances, we can only use what's given to us. Even if it's not what we really want to achieve a certain goal, to reach a certain point...

And it's happened to me a couple nights ago. It doesn't really matter where i was. The most important is that i was blessed with a moment of inspiration. So huge, at least in my opinion, that i had to do something. I had no paper and my cell phone wasn't appropriate for the time, so i had to improvise...

Thank God nature is here for us! And to prove that, i got the chance to combine my inner feelings with nature's good will and availability. The outcome? Well, my friends, the outcome was a little something. This little something you can see through this picture...

Then again, it doesn't matter where was it done. What really matters is that, once again, man and nature have combined...And well...Nothing else matters, as far as i'm concerned...

And the outcome? Yes, i know...this is it...I don't expect you to like it...Sorry, but that's true. There are only two human beings who actually knows what's behind this words, what's behind this little something...

"And so i was here
Searching for me and for you,
For a way to get away
From the words i can't say...
And in the end
I finally found
That what goes around comes around...
So here i shall stay
Day after day,
Just to find us back again
As if it was yesterday...

WAP, 15-01-08"

Monday, January 21, 2008

A vida é feita de escolhas, caminhos...


Diz o ditado popular que “o caminho faz-se caminhando”. Ora aí está uma das verdades mais supremas e indesmentíveis da Humanidade. Que ninguém pense que o caminho a percorrer pode ser feito parado. Não há progresso se houver estagnação. Não há metas alcançadas se houver paragens e mais paragens ao longo do caminho. Não há nada se não houver avanço…

Hoje, e por incrível que pareça, não irei escrever sobre mim ou sobre a minha pessoa. Irei relatar, isso sim, algo que se passa amiudemente com todo o ser humano que habita este planeta. Claro está que já passei por esta situação, mas, neste momento, este post surge com o intuito de ajudar alguém, de esclarecer alguém, de dar alguma paz a alguém. Porquê?

Porque esse alguém encontra-se numa espécie de encruzilhada. Eu creio que não é bem assim. Uma encruzilhada pressupõe a existência de vários caminhos cujo fim pode ser o mesmo, embora o trajecto que medeia o início da escolha e o fim dessa mesma escolha sejam, ou possam vir a ser, diferentes…

A vida é feita de escolhas, de caminhos, de opções. Eu sei que optar, em certas alturas da nossa vida, é das coisas mais complexas e mais dramáticas, digamos assim. Sei que há sempre uma dose de risco na escolha que podemos fazer. Sei que há sempre o temor de não se saber se estamos certos ou não. Sei que há sempre a ânsia de querer ver resultados imediatos nas escolhas que fazemos. Sei isso tudo…

Mas também sei que nem tudo é linear, que nem tudo é passível ou possível de imaginar. Se soubessem quantas e quantas vezes já tive que optar na vida! Muitas, mais que muitas até! Se acertei sempre? É lógico que não. E não me arrependo de não ter acertado sempre. Porque se assim fosse, hoje seria uma pessoa vazia, oca, sem nada para oferecer aos outros. As vitórias dão moral e alegria, tal como as boas escolhas. Mas os verdadeiros vêem-se é nas derrotas, nas escolhas menos acertadas. Saber levantar a cabeça, saber levantar depois da queda, saber resgatar o orgulho ou a dignidade que julgamos perdidas…Isso sim é importante. E isso só poderemos alcançar nas derrotas…

Quero eu com isto dizer que…tudo na vida são opções. Desde que passamos a ter capacidade de raciocínio que assim é. Às vezes parece que não, mas é mesmo assim. E sei que a cada momento em que optamos, uma porta abre-se e outras fecham-se. Ou então abre-se uma janela em vez de se fechar uma porta…

Mas o mais importante, e este é o meu conselho para quem me inspirou o texto, o mais importante é termos bem claros o seguinte: ao optar, nem tudo está ganho, nem tudo está perdido. Ao optar, apenas estamos a dar início a um caminho que desconhecemos, mesmo que nos seja familiar, a um caminho que tem as suas manhas e artimanhas, mesmo que aparente ser transparente. Ao optar, daremos sempre um pouco de nós à opção tomada. E ao contrário do que todos dizem, há sempre volta a dar. Há sempre uma saída…

Porque nada na vida acontece por acaso. Porque o Criador é muito mais inteligente do que muitos julgam e não nos limitou as opções, os caminhos nem os retornos. Há sempre uma saída. Há sempre uma janela, uma porta, um postigo ou um portão. Há sempre a possibilidade de se cair e de se levantar. E tudo isto mais não é do que a própria vida, do que o próprio caminho, do que a própria acção de optar…

Thursday, January 17, 2008

Paz...


Paz...

Há muito tempo que não me sentia tão em paz comigo mesmo. Já nem sequer me lembro da última vez em que o meu espírito se sentiu tão calmo e sereno. Mas saúdo este regresso a uma calma há muito ansiada, a uma serenidade há muito desejada...

Falar de paz é, neste caso, falar de paz de espírito. É falar de um estado de equilíbrio mental e espiritual que muito aprecio e que tão bem me faz. Sei que preciso de estar assim, neste patamar, nesta espécie de dormência, sem, no entanto, estar dormente. Sinto que é nesta aura que me encontro e reencontro com os meus vários "eus", com as minhas várias facetas. Noto que é nesta paz que me vejo e revejo como o ser que sou. Não que não o saiba de antemão, mas sim porque por vezes tendemos a negligenciar a nossa essência, e eu também não sou uma excepção...

Não sei exactamente o que me leva a este estado. Sei apenas que vou fazendo por isso, que vou procurando alcançar as minhas metas espirituais e que não desisto de atingir a plenitude que sei poder atingir. E essa plenitude está ao alcance de todos, desde que a queiramos...

Há dias estava inquieto, não me sentia em paz. Não fiz nada de extraordinário: apenas resolvi ser mais introspectivo, ser mais curioso sobre mim mesmo. Graças a isso, e à ajuda de Deus e de todos os que me costumam ajudar nestas horas difíceis, acabei por ter uma espécie de revelação e rumei a um lugar que sabia ser o mais indicado para o tão desejado reencontro do meu "eu" comigo mesmo. Fui com um companheiro de batalhas (principalmente destas...) e ao chegar lá tudo o que fiz foi falar. Comigo, com Deus, com os Anjos e Espíritos...até com os meus pais falei...E através disso fui reunindo pequenos pedaços de mim, pequenas peças soltas que, aos poucos, compuseram o meu puzzle espiritual. Aos poucos fui sendo invadido por um sentimento renovador, por um sentimento de alívio...

Chegava a paz. E com ela, a calma, o equilíbrio e a serenidade. O um voltava a ser uno. Tudo estava centrado novamente...

Se estou/sou completo neste momento? Não, claro que não. Nem sequer ousaria afirmar tal coisa! Não iria mentir ou pecar dessa forma. Não sou completo...mas sou mais que um esboço. Não estou completo...mas estou mais cheio do que vazio. E o que falta em mim completar, um dia, cheio irá estar. Isso posso eu garantir...

Se lá encontrei algo mais do que a minha pessoa? Digamos que também. Encontrei outras pessoas, outras almas, outras vivências que estavam ali para me ajudar. A elas, bem como aos seres anteriormente referenciados, o meu muito obrigado. É bom valermo-nos dos amigos, não é? Obrigado por tudo...a sério...

Paz...

Há muito que não sentia esta paz. A mesma que me diz que sou e serei capaz de andar para a frente sem, no entanto, nunca deixar de olhar para trás. Pois o passado mostra-nos de que forma o presente poderá condicionar o futuro. E se o futuro a Deus pertence, e nisso creio eu, apenas sinto que devo agradecer a quem me proporcionou este reencontro comigo mesmo, com o meu "eu"...

Monday, January 14, 2008

Inquietude...

Sinto-me inquieto. Sinto a inquietude rondar a porta do meu quarto. Creio mesmo que ela já está dentro dele. Afinal não…afinal está dentro de mim. Sinto-a a percorrer as minhas veias, as quais latejam vezes sem conta cada vez que o sangue transporta um pouco dessa inquietude. Os meus olhos já vêem mais além do que as paredes do quarto. As minhas mãos já tocam em mais qualquer coisa para além do teclado do PC. O meu corpo está quieto, mas a minha alma não…

Há inquietude em toda a alma que deixa o seu corpo para procurar algo mais do que o físico e mundano. Há inquietude nesta alma minha que perscruta e indaga mais e mais além, que voa e se dissipa no nevoeiro de ideias que trago de mim para mim e de mim para este mundo. Há inquietude na alma deste que precisa de algo mais do que o que vê, ouve ou sente…

Há inquietude em mim. Quiçá uma inquietude sem aparente fim. Quiçá uma inquietude inquietante e exasperante, pois cada vez mais me sinto como o solitário viajante que parte em busca do sagrado cálice da vida. Sei que estou onde não estou e sinto que sinto que não sou aquilo que tanta gente já pensou. Sou mais, muito mais. Não sei quanto, mas sei que sim. Só assim se explica esta ânsia de querer ir até ao fim. Ao fim de tudo: dos limites, dos medos, das noites e dos dias, ao fim das tristezas que impedem as alegrias. Quero ir mais além, procurar quem me faça bem para que o possa fazer mais também. Quero mergulhar no oceano profundo em busca das riquezas ainda desconhecidas deste mundo. Quero, quero, quero…

Quero tanto e tanta coisa…Talvez por isso esteja inquieto. Talvez por isso me sinta incerto da certeza que sinto cada vez mais perto. Sei que algo está por vir, sei que há novidades no horizonte. Mas não sei até que ponto saberei distinguir a boa nova da nova que não me levará mais acima do monte. Não sei…não sei mesmo…

Só sei que estou inquieto. Sinto isso no CD que parece não parar de tocar, nas letras das músicas que me fazem chorar e nos milhares de ideias que continuo a elaborar. Sinto isso a cada sopro de um vento que outrora fora violento, mas que agora parece trazer a inquietude que me impede de estar sonolento. Sinto isso no bater compassado deste coração, que por mais que diga que sim, sabe estar dizendo não à sua própria negação. Sinto isso nas palavras que tantas vezes escrevi, mas que do mundo escondi…não por cobardia, mas sim porque ainda não chegou o dia…

Pois…ainda não chegou o dia…nem sei se chegará…Mas tal como esses textos, a inquietude também já esteve guardada. E agora está cá fora. Talvez seja isto um prenúncio de que está na hora. Quiçá este é o anúncio de que já me fui embora…e não me apercebi. Será? Mas quando foi isso?

Não sei…mas não creio. Não posso ter deixado o meu eu sozinho. Logo agora que parecia ter encontrado o caminho…não, não creio. Até porque a minha missão ainda não está nem a meio…e eu não deixo nada por cumprir…

Mas então…porque então esta inquietude? Sinto-a cada vez mais rude. E mais rude se torna também este meu ser que apenas deseja intensamente viver. E é mesmo isso que vou fazer. Com inquietude ou não, em mim mandam a alma, a cabeça, o espírito e o coração. Em mim mandam os valores que sempre me guiaram. Mandam as luzes que sempre me iluminaram. Mandam os Espíritos que sempre me abençoaram….

Em mim…em mim…em mim está algo que ainda não decifrei. Talvez a mágoa das flores que no mar ainda não joguei. Ou a incerteza do porquê de mim insistirem em arrancar…algo ou alguém que não posso e não sei precisar…Apenas sei que o meu ser inquieto dá sinais de cansaço…Ao longe o horizonte torna-se baço e sinto que é hora de deitar no teu regaço...

O teu regaço…o teu regaço é a calma, é a paz e a ternura que me satisfaz neste momento tão intenso. O teu regaço é a almofada confortável que me faz sentir quão agradável é ter-te aqui comigo. O teu regaço é a concha que me protege em dias de tempestade; é a manta que me cobre e me aquece nas noites frias de Inverno. O teu regaço é o Olimpo e o Paraíso que me arrancam de um qualquer Inferno. O teu regaço és tu…O teu regaço sou eu…O teu regaço é alma que regressa a mim e acalma este meu frenesim…O teu regaço é a chama que me mostra que quem ama, está pronto para qualquer solicitude: seja ela uma batalha, uma vitória, uma derrota…ou até mesmo a Inquietude…

Sunday, January 13, 2008

Um simples passeio...


Há momentos na vida em que nos apetece sair de casa para espairecer, para desanuviar. Seja porque algo nos incomoda, seja porque algo nos "puxa" para sair. Em ambos os casos, o passeio é sempre uma boa escolha. Ao fim e ao cabo, todos precisamos de sair um pouco, quanto mais não seja para apreciar a Lua, o nevoeiro, as luzes ou as estrelas...Eu saí ontem...


"A Lua convida-me a sair. A brisa acaricia-me a face. O sorriso que trago comigo é apenas um disfarce. Saio à rua disfarçado porque não quero que me encontrem. Não quero que me sintam como se estivesse desencontrado daquilo que sei que não encontrei, daquilo que julgo saber, não sabendo ao certo quem será ou o que serei…

Aos poucos as nuvens toldam a Lua. Ainda há pouco sentia a minha alma vestida, mas agora sinto-a nua. Estarei despido? Ainda olho para mim mesmo e vejo que não. Apenas caminho sem atenção, sem saber que rumo dar a esta passeata ao luar. Não sei porque me deixei seduzir pela estrela agora encoberta. Talvez ela saiba o que está para vir. Talvez venha aí a minha descoberta…

Passo por casas e quarteirões, passo por trens e estações, passo por tudo e não passo por nada, passo a passo lá me faço à estrada. Sigo por becos escuros e incertos, fujo das luzes e dos grandes aglomerados, sinto que há magia no ar e por perto, sinto que alguém caminha a meu lado…

Sorrio e não me deixo deter. Afinal, sei bem o que está a acontecer. Não, não é loucura ou imaginação, nem tão-pouco é a minha demência a entrar em ebulição. Está ali comigo quem, naquele instante, deve realmente estar. Olho para o lado, e de sorriso aberto, cumprimento-o. O mesmo é-me retribuído, logo, continuo a andar…

Talvez esteja aqui há horas. Caminho, ou melhor, levito sem grandes pressas e sem grandes demoras. Há tanta coisa por dizer, há tanto por se explicar, que se eu não souber o que fazer, poucas respostas vou encontrar. A meu lado segue um anjo…Não, não és tu…Não se pode estar sempre presente…Este anjo vai ajudar-me a pôr a nú as consequências do meu presente…Seja ele presente ou ausente…

São ditas frases, são tidos diálogos. Não, ninguém parece ter ases, até porque não estamos a jogar jogos. Estamos apenas a ver e vislumbrar o que cada um tem, deu e pode dar ao rumo que estou a traçar. Mas eu pouco ou nada vislumbro! Sou um pouco humano, não tenho culpa. Queria vislumbrar para além do fim do mundo…Mas para já não posso e há que aguentar até que outras coisas possa alcançar…

E que coisas serão essas, indago eu, então, o anjo que me abre o coração. A resposta, essa veio na ponta de um sorriso, talvez aquilo que eu, realmente, mais preciso para poder ver o futuro de um passado que, mesmo posto de lado, afirma querer ser presente num apelo constante e consequente…

Após o sorriso, a solidão…O sorriso foi-se e deixou-me na mão! Que faço eu agora então? Tenho que voltar para casa e não sei onde estou…tenho que me encontrar, pois já nem sei bem o que fui nem o que sou…E no caminho de volta não há espaço para enganos nem mesmo para atalho…e ainda que não esteja a caminho de casa, uma certeza tenho, possuo e partilho, porque dela me orgulho como se fosse meu filho: sou o que sou e valho o que valho!"

...e nem sequer abri a porta de casa...

Wednesday, January 09, 2008

Divagação...


Hoje não sei sobre o que hei-de escrever. É estranho estar perante o PC e ver que ele espera de nós o mesmo de tantas outras noites: mais um texto, mais umas palavras, mais qualquer coisa. Até parece que estou a falar do ser humano…

Mas, de facto, não sei o que escrever hoje. Sinto apenas uma necessidade premente de dar asas aos meus dedos e deixá-los guiarem-me por entre os labirintos do meu pensamento. Então…se são labirintos, como é que saio? Aliás, como é que entro? Bem, creio que isso agora pouco importa. Até porque, pelos vistos, já entrei. Não sei onde estou nem o caminho a tomar. Sei apenas que estou algures por aí, a fazer algo…

Talvez esteja onde queria estar e não posso. Ou onde podia estar mas não quero. Quiçá estou com quem quero estar e não posso. Ou então com quem posso estar e não quero. Às tantas até estou a fazer o que quero e posso. Ou se calhar…se calhar estou a fazer algo que não quero e não posso fazer. E vai daí, até sei o porquê de tudo o que faço sem poder, mesmo não sabendo os porquês de todo o porquê que me legitima o que posso fazer…

Efectivamente, já nem sei o que estou a dizer. Aliás, sei. Sei que divago e que me disperso. Sei que estou longe, estando perto. Sei que sinto a dormência da minha própria ausência em mim. Sei que procuro avistar mais além e, felizmente, não vislumbro o fim. “O fim de quê?”, pergunto eu. “O fim do que teve princípio”, respondo eu. “Mas porque procuras o fim se ainda estás a meio?”, indaga-me o meu ser. “Realmente…tens razão…”, acabo eu por responder.

E eis então que surgem umas cataratas belíssimas. O som da água a bater nas rochas, quase à velocidade da Luz, é espantoso. O arco-íris que se vê a meio da queda de água é lindíssimo. A brisa que sopra algo ruidosamente parece falar comigo. Eu paro, ouço e escuto. “Realmente estás a meio…”, diz a brisa. “A meio de quê?”, pergunto eu, algo receoso. “A meio de tudo o que possas imaginar…e do que possas desconhecer”, responde a brisa. O seu som sibilino é engraçado e cativante. Sinto-me tentado a continuar o diálogo. “E o que queres que faça agora que sei que estou a meio de tudo o que possa imaginar e desconhecer?”, digo-lhe cuidadosamente. A brisa sorri. Sorri e dá uma leve gargalhada. E a seguir responde-me: “Fazes o que quiseres. Como sempre foi o teu percurso até agora. No entanto, independentemente disso, o resto do caminho far-se-á por aqui…”. “Não percebo”, respondo-lhe eu. “Ai, não?” diz a brisa com algum desdém. “Tens que descer pelas cataratas se quiseres prosseguir o teu caminho. E se não fizeres, serás mais um diletante…Ficarás a meio de tudo…”. E com isto desaparece.

De repente, não ouço mais nada. As cataratas continuam a correr, mas silenciosamente. O ar torna-se seco. Ouço apenas e só o latejar das minhas veias a pulsar. O suor escorre-me pela cara. Não percebo o porquê de tudo isto. Primeiro sentei-me em frente ao PC porque queria escrever, mesmo não sabendo o quê. Depois perdi-me nos meus próprios labirintos e quando dou por mim, vejo uma paisagem magnífica e paradisíaca. Penso que estou num conto de fadas (e não de Inverno), mas acabo por ser interpelado pela brisa. E depois de um ligeiro diálogo, sou informado de que tenho que saltar para seguir caminho ou parar ali e ficar a contemplar o que poderia ter sido…

Ainda tento falar com os meus “eus”, mas eles entraram em black out. Também não me falam. Não me respondem. Parece que estou sozinho. Olho para o céu. Olho e procuro ver algo que me dê um sinal ou algo que seja um sinal. Começo a falar com o meu Pai lá de cima. Durante alguns minutos trocámos ideias e debatemos argumentos. Como sempre, são mais que muitos os seus ensinamentos. Findo o diálogo, falo com o meu coração. Ausculto a minha alma. Indago o meu espírito. Ouço tudo de todos. Mas no fim, a decisão é e será sempre minha. E é isso mesmo que me preocupa…

Quantos estão ou estariam dispostos a saltar numas cataratas “apenas e só” porque é essa a chave para a conclusão dos seus projectos, dos seus sonhos e das suas ambições? Quantos seriam capaz de desafiar uma queda de centenas de metros, a uma velocidade vertiginosa, “simplesmente” para poderem finalizar o que um dia teve princípio e agora que já vai a meio pode nunca mais ter fim? Quantos ousariam um rendez-vous com o perigo de um mergulho desta índole “só” por causa de mais uns anos de trabalho, de entrega, de luta e dedicação?

Estou imóvel. Parece que ganho raízes à rocha sobre a qual me sento a cada segundo que demoro a decidir. Ainda só se passaram 5 ou 6 minutos, mas parece que estou ali há séculos. Tenho que decidir. Preciso decidir. Não posso não pensar na decisão. Há que ter tudo em conta: alma, cabeça e coração…

Nunca fui de negar brigas. Sempre adorei um grande desafio. Até hoje tenho sido abençoado por Deus com algumas conquistas e algumas vitórias. E também tenho tido a sorte de conseguir superar os obstáculos mais difíceis e de conquistar as coisas mais improváveis. Mas isto…até mesmo para mim isto parece-me…demasiado???

E torno então a olhar para mim. Vejo-me e revejo-me. E faço o filme da minha vida. Acredito que sim. Que sou capaz. Mas estou indeciso. A maior ânsia é aquela de quem tudo quer e nada pode. Mas…querer não é poder? Não! Não é…mesmo que a populaça diga o contrário. Querer não é poder. Mas eu quero. E eu posso querer…Certo? Porque não? Nada me impede. Sou livre. Eu quero, sim senhor. E mesmo que não possa ou não deva, quero continuar a querer. Vou querendo a benquerença de querer o que nos é querido, de desejar todo o fruto proibido, de desafiar as leis do Cupido, de ir atrás do que foi prometido e ainda me é devido…

Vejo com clareza o negrume da água lá em baixo. A espuma tem tanto de tão bela e pura como de esmagadora e arrepiante. O Sol tosta-me a pele e a minha boca já está ressequida. Surge-me um pensamento que não contava que me surgisse mais. Mas que raio? Será que até neste momento não me deixas em paz? “Não sejas tolo, sou eu…o teu próprio eu”. Fico baralhado. Por momentos não sei que dizer. “Vim aqui só para te deixar isto, este pequeno pedaço de papel”. Pousou-o na rocha e desapareceu…

Julgo estar a ficar insano. O que mais me falta acontecer? Agarro e leio o papel. Aquelas palavras…aquelas palavras eram conhecidas. Haviam já sido imensamente proferidas por bocas mais e menos queridas. Mas o que importa isso agora? Importa sim que aquelas eram as palavras que eu precisava de ouvir para ser ainda mais assertivo. E devido a estas palavras, “(…)e pior não há do que acordar e ver que não se viveu, não se sonhou e só se morreu!”, saltei…Mergulhei de cabeça e saltei…

Ao longo da descida…(suspiro)…ao longo da descida vi rostos que não julgava tornar a ver tão rapidamente; senti cheiros tão intensamente como quando os sentia no antigamente; acariciei peles cujo odor e suavidade, só por si, me trouxeram Felicidade; tive na boca beijos carregados de desejos de um outrora entretanto ido, mas sempre presente e nunca fingido…Ao longo da descida senti que desci ao fundo e aos confins do Mundo. Senti que me dirigia para o centro da Terra. Era como que fosse à procura dos segredos que ela encerra. Ela? Ela quem?

O embate é tão intenso que penso que este pensamento já não me pertence. Mas só me pode pertencer. A mim e mais ninguém. Continuo a ir ao fundo. A luz já quase não se faz notar nesta zona. E procuro então vir à tona. A subida é feita a pulso. Sei que posso lá chegar. E vejo que estou cada vez mais perto da Luz. A Luz que me guia de dia e de noite. A Luz que não deixa nada nem ninguém me açoite. Seja o corpo ou a alma. A água agora parece mais calma. Aos poucos os sons tornam-se audíveis. Porém há dores que sinto no corpo que são horríveis. Quero gritar, mas ainda estou submerso. Quero respirar, mas ainda estou na água. Ah, mas que mágoa…

Mas chego ao meu destino. Pelo menos, imediato. Esse é mesmo o mais puro facto. Já não estou aflito com a água nos pulmões. No peito parecem bater cem corações. Se assim fosse, seriam tantas as paixões. Mas mais não são necessárias. Já me bastam as diárias. As diárias, sim. Porque sou um apaixonado pela vida. Apenas por isso saltei…apenas por isso arrisquei…

Alcanço a margem que me dá acesso à minha própria miragem. A que me refiro? À vida. Porque se ainda só vou a meio, não colho tudo o que semeio. E se ainda tudo não colhi, é porque o futuro ainda não vi. E se não vi, posso considerá-lo uma miragem. Não como aquelas do deserto. Não, porque sinto que estou cada vez mais perto. De tudo e de todos. Da Terra e do Céu…

Sigo então caminho. E sei que não estou sozinho. Estou com quem quer estar comigo, seja amigo ou inimigo. Estou com que estou, estando mesmo sem estar. Vou caminhando um caminho que só a mim compete trilhar, mas comigo levo gente, sentimentos, saudades e recordações para um dia mais tarde poder recordar. Sigo e vou seguindo sem saber por onde vou. Mas sigo na certeza do que quero, de onde vim, de onde parto e do que realmente sou. E como diria Fernando Pessoa “Aqui ao leme sou mais do que eu; Sou um Povo que quer o mar que é teu; E mais que o Monstrengo que a minh’alma teme; O Monstrengo que habita nas trevas do Mundo; Manda a vontade que me ata ao leme; D’El Rei D. João II”. E aqui não há monstrengos. Nunca houve nem haverá. Importa sim o caminhando que se faz caminhando, pois o amanhã tarde ou cedo chegará…

Já fui. Já nem sei onde me encontro. Enfim, como sou tonto. Acabei por ter mais um desencontro. O que vale é que existe este conto. Mas qual conto? Então, mas isto não se passou? Isto não aconteceu? E estas linhas: quem as escreveu? Terei sido eu? Estranho…eu que até nem sabia sobre o que escrever, acabo por ter em mãos algo que não sei quem foi o autor. Mas a ele dou-lhe o meu louvor. A ele dou-lhe nota dez. Não, nota vinte. Melhor ainda: dou-lhe nota cem. Porquê? Porque ousou, e continua a ousar, o que poucos sabem saber e apreciar: ousei ir mais além…

Nota do Autor: Há um prémio para quem adivinhar quanto tempo este texto demorou a ser encontrado…E para quem responder ao que se segue…

PS- Reparem na imagem. Mas reparem bem. Vêm algo mais do que o fogo e um homem envolto nesse mesmo fogo?

PS 2- Como interpretam esta imagem?

Tuesday, January 08, 2008

Conto de Uma Noite de Inverno...

“Há muito mais no que vejo do que aquilo que vejo. A minha visão, apesar de não alcançar mais do que a linha do horizonte, permite-me ver muito mais longe do que isso. Sei como são os campos cobertos de orvalho que não descortino a esta distância. Sei qual o perfume que a tal flor exala sempre que desabrocha, tal como sei como ela recebe a chuva que cai do céu. A mesma chuva que, de noite, vem bater à minha janela anunciando as lágrimas caídas do céu, como gosto de lhes chamar em determinadas circunstâncias. Se são lágrimas de alegria ou de tristeza? Depende…depende de como queremos encarar as coisas. Um copo tanto pode estar meio cheio como meio vazio, certo? É tudo uma questão de perspectiva. E há, de facto, dias em que penso que o céu chora porque está solidário comigo. Presunçoso, eu? Talvez, quem sabe…Mas creio que não. Aliás, sei que não. Sei que, mesmo que seja por breves milionésimos de segundo, isso acontece amiudemente. Porquê? Porque há uma ligação entre o Homem e a Natureza que nem sempre compreendemos, mas que sabemos identificar…

Há muito mais nestas palavras do que aquilo que estou a dizer. A minha objectividade torna-se subjectiva a cada letra, a cada palavra, a cada frase. Não porque esteja a perder a coerência ou o sentido do que quero escrever. Mas sim porque há, realmente, símbolos e significados que nem todas as palavras podem abarcar. Sei perfeitamente bem que este conto é apenas e só isso, um conto. E não passará disso para quem não souber o que está por trás desta narrativa, o que está na origem desta crónica de uma história anunciada, mas desconhecida. Porque há coisas assim na vida: episódios que passam e que acontecem à velocidade da luz e que acabam por nunca chegar à praça pública. E na maioria dos casos, ainda bem que assim é…Imaginem se tudo, sobre todos e em todo o lado se soubesse??? O mundo não tem, nem terá nunca, capacidade de absorção para tanto conteúdo informativo. Nem o Homem…

Há mais nas minhas mãos do que simples dedos ou anéis ou pequenas marcas de quedas ou acidentes domésticos. As minhas mãos agarram muito mais, e cada vez mais firmemente, do que mil mãos juntas. Parece exagero? Será que é mesmo? Eu sei o que tenho em mãos e dou valor a isso…porque tenho a plena noção do que é não dar valor as coisas e depois…puff!!!, deixar de as ter…sejam elas materiais ou não. Hoje sei que as minhas mãos seguram valores, ideias, sentimentos. Hoje sei que nelas posso depositar o que quiser, pois sei que não os/as deixarei cair à toa, nem deixarei que me levem algo sem, arduamente, dar luta e batalhar até não poder mais…

Há mais no meu peito do que um coração a bater. Muito mais. Muito mais mesmo. Às vezes julgo ter mais do que coração. Como também chego a pensar que não tenho nenhum…Estranho…Como pode alguém pensar assim, não é? Pois, talvez seja deveras estranho. Mas talvez seja mais estranho gostar e não se arriscar. Ou beijar e ousar mais um ou outro beijo e não dizê-lo. Ou pior, saber que temos alguém especial “em mãos” e desperdiçarmos isso apenas e só por cobardia ou inércia. Isso sim é estranho. Que não desaproveite o Homem o que o coração sentiu! Mesmo que haja dúvidas, mesmo que haja obstáculos…

Há mais na minha cabeça do que o seu interior. Aliás, se o Universo é Infinito, ainda mais o é a minha cabeça. Há muito mais pensamentos do que aquilo que penso e digo e relato e transmito. Há muito mais ideias do que aquelas que idealizo com ou sem base na ideologia das ideias em si. Sei que não conseguirei nunca transpor fielmente os meus pensamentos para este mundo. É uma falha, eu sei, mas também sei que nem os génios o conseguiram. Mas ter esta consciência já não é mau…Podia ser melhor, mas já não é mau. Um dia irei melhorar também neste campo, e aí sim saberão o que penso, quero e pretendo para mim e para mundo; para ti e para o Universo…

E também há muito mais neste “ti” do que o T e o I que se pode ler à partida. Um “ti”, tal como um “tu” ou um “nós”ou um “eles” é muito mais do que a simples aglutinação de duas ou mais letras. Até porque não estamos a falar de letras, mas sim de pessoas, de seres humanos. Estamos, ou estou eu neste caso, a falar de coisas que são vividas, pensadas e sentidas não pelas letras do alfabeto, mas sim pelos homens e mulheres da Humanidade. Estou a falar de mim, de ti, dele, dela, deles e delas, de toda a gente e mais alguma. Estou a falar de tudo o que pode encerrar essa pequena palavra que é o Amor. Estou a falar de relacionamentos, de amizades, de actos e palavras que até podem ser esquecidos, mas que um dia foram emoldurados e pendurados nas paredes das nossas memórias…

Há mais nas nossas memórias do que simples lembranças. Nelas residem a saudade, a nostalgia e mágoa. Mágoa do tempo que passou e não volta mais; mágoa do tempo que passou e não foi bem aproveitado; mágoa do que se julgou pecador sem nunca ter pecado. A nostalgia é a rotina diária da memória do dia-a-dia, a qual muitas vezes inconscientemente está no olhar doce que falta nos faz ou do sorriso que nos alegra o dia. A saudade é a chave de toda e qualquer recordação. E porque há saudade em qualquer coração que um dia neste mundo viveu, que um dia neste mundo sentiu, sorriu, chorou e amou, há esperança de que um dia se volte a viver aquela sensação única de ser e/ou de estar pleno na plenitude de tudo o que pode ser plenamente alcançado, sentido, vivido ou pensado.

Há mais neste conto do que um simples conto. E ao contrário dos outros, a este ninguém lhe poderá acrescentar um ponto aquando do relato deste conto. Porquê? Porque há muito mais nestas linhas do que simples palavras. Porque há muito mais nestes parágrafos do que simples frases. Porque há muito mais nestas duas páginas A4 de texto do que o que eu queria transmitir. Aqui está apenas uma centelha do que é e esta a ser o meu conto de Inverno. Está aqui apenas uma singelíssima fracção do que sou eu enquanto número inteiro. E numericamente falando sou um e sou uno, mas sou mais do que isso também. E sou inteiro sempre que quero, mesmo que o meu mundo esteja fraccionado…

Finalizo dizendo que também há menos neste conto do que alguns possam imaginar. Há menos surrealismo do que em outros textos meus. Há menos metáforas e menos recursos de estilo. Há menos poesia prosaica, mas talvez haja mais prosa poética ou lírica. Longe de mim ser um Fernando Pessoa ou um Cesário Verde, mas sinto que há aqui neste conto algo mais do que eu mesmo. Talvez estejam aqui vários “eus” meus…talvez estejam aqui várias etapas minhas…Mas o que gostaria que estivesse aqui…ah, isso não está…

E não está porque aqui não pode estar o que vislumbro para além do horizonte que vejo, nem o sabor dos teus lábios quando um dia sonhar que te beijo. Aqui não pode estar a Galáxia que as minhas mãos sabem poder abarcar, nem as palavras todas que a minha boca não ousou nunca pronunciar. Nem pode estar aqui o cerne de todo o meu pensamento, o mesmo que me faz pensar no porquê de não haver aqui algo mais do que este momento que partilho, sem saber se é alegria ou sofrimento.

Afinal não pode estar aqui nada…Perdão…Minto…Estiveste sempre tu…”

Nota do Autor: Conto de Uma Noite de Inverno é tão-somente um devaneio psico-literário idealizado pelo autor. As relações causa/efeito que originaram este conto são o que são e valem o que valem…nem mais nem menos…E como em todos os contos, cabe aos leitores identificar, caso haja algo que mereça tal distinção, o que é ou não e o que vale ou não...

Saturday, January 05, 2008

Lágrimas...


Desde há uns dias a esta parte que tenho dispendido algum do meu pouco tempo introspectivo à análise de meia dúzia de situações que levam ou podem levar o ser humano a esse fantástico processo de criação de uma quantidade excedentária de água na bolsa lacrimejal que todos temos, ao qual vulgarmente apelidamos de chorar. Não creio ter alcançado nenhuma descoberta ou conclusão digna de um Prémio Nobel da Ciência ou algo do género, mas acabei por chegar a um pequeno texto, o qual partilharei com vocês neste belíssimo espaço que é o More Than Words.

Posso também garantir, afim de salvaguardar os meus interesses e de evitar possíveis filmes pseudo-interpretativos de quem quer que leia este texto (atenção, isto não é censura ao pensamento nem nada que o valha!!!), que esta minha apreciação ao choro advém apenas e só da minha estranha necessidade de compreender certos temas e aspectos que são próprios do ser humano. Poderia ter dissertado sobre o roer de unhas ou a utilização de gel de má qualidade no cabelo, mas julgo ser mais interessante analisar o choro e os seus principais agentes, ou seja, as lágrimas.

Como tal, aqui ficam as minhas análises superficiais ao assunto em questão:


Lágrimas,
Lágrimas são fados, são sinas,
São pequenas gotas cristalinas
Que inundam e transbordam
Corações que acordam
Ao som da lágrima que cai,
Almas que despertam
E bem interpretam
A sonoridade de um Ai…

Lágrimas são beijos
Pejados de desejos
Que uma vez dados
Nunca mais são esquecidos,
Como se fossem pequenas setas ou dardos
Cujo veneno nos deixa entorpecidos
E absortos de um instante que disso não passa,
De um segundo em que por mais que se faça
Nada assegura e nada garante,
Sejas tu indigente ou galante!

Lágrimas são peças de um puzzle
Que teima em não se completar,
Pois tal facto só iria acarretar
O fim de um leito a correr,
Leito esse que chora por não ter
O que já se teve e não se tem
Ou que chora por palavras ditas
Em horas ou circunstâncias malditas
E que parecem saídas do Além…

Lágrimas são cacos não de vidro,
Mas sim de um ser quase partido
Por saber que haverá sempre lágrimas
Mesmo que todas as páginas
Da vida sejam escritas a dourado
Ou timbradas a azul-anil,
Mesmo que o coração bata a mil
Ou que o céu pareça sagrado…

Lágrimas são gritos de uma alma doente
Que sente uma dor tão pungente
Que chega a sentir quão urgente
É ver mais lágrimas não jorrar
Da alma que deseja descansar
Após a labuta diária chamada Vida,
A tal que não nos convida
A participar nesta louca corrida
Ao ouro, ao Amor e à própria Vida,
Levando alguns a tentar de tudo,
Fazendo-se de surdo, de cego ou de mudo,
Ousando usurpar o que é de outrem,
Procurando a sorte sempre mais além
Do que lhes é permitido…

Ah, lágrimas, lágrimas de crocodilo,
Vós sim sois as verdadeiras,
Pois as lágrimas de tão temível réptil
Não poucas vezes têm o seu quê de verosímil…
Talvez por isso sois tão conhecidas,
Porque já foste actriz no palco de tantas vidas
Que hoje quando chegas já não és novidade
E quase já nem se nota a tua utilidade…

Lágrimas,
Lágrimas são sinas, são fados,
São gotas de água que molham rostos traídos
E corações mais do que cansados…
Lágrimas são pequenos grandes sinais
Das almas que, não sabendo falar,
Mais não dizem ao chorar
Do que: “Já não aguento mais,
Por favor, não me deixem sofrer mais…
Parem, ouçam e escutem…
Atentem, então, nos meus Ais!”


Enfim, não deu para mais do que isto. Mas julgo haver aqui alguma matéria para discussão ou debate, quem sabe...E se não houver, não há mal...Ao menos por isso não cairão lágrimas...

Nota do Autor: Apesar do texto ser sobre lágrimas, fiquei feliz pelo texto em si…