Sunday, August 31, 2008

O horizonte da vida...


Quero
Viajar e conhecer o mundo, mas não sozinho…
Quero
Uma casa com um belo jardim e dois cães, mas não só para mim…
Quero
Adormecer e não ter medo de possíveis pesadelos…
Quero
Sonhar e não temer a ilusão do sonho…
Quero
Dormir agarrado a quem estará agarrado a mim quando acordar…
Quero
Um dia poder deixar descendentes…
Quero
Ter a ambição de não me tornar demasiado ambicioso…
Quero
Sonhar a realidade e viver nesse sonho…
Quero
Tanta coisa e muito mais…

Se vai acontecer? Quando? Como?

Talvez amanhã ou talvez nunca…Não sei…

Sei apenas que não passo de um sonhador,
De uma espécie de poeta encantado com a sua própria solidão,
Enamorado da sua própria dor.
Sou aquele que chora porque ama e ama porque chora,
Sou o que sente a falta de quem nunca esteve
E antevê a chegada de quem ainda não foi embora.
Sou maestro de uma sinfonia incompleta,
Tocada pela harpa de um anjo
E escrita pelos dedos de um poeta.
Sou quadro de pintura inacabada,
Não por falta de pintor ou de meios,
Mas sim por lapso de uma alma nada inspirada.
Sou alguém que sabe tanto e não sabe nada,
Sabendo mesmo assim mais do que muitos,
Sabendo que, tal como este texto, a minha vida será uma obra inacabada…

Segundas oportunidades...


Segundas oportunidades…

Hoje irei versar sobre este tema, este assunto tão vago e tão concreto ao mesmo tempo. O que me leva a querer falar sobre ele? Apenas e só o facto de saber que há amigos meus a passar por fases menos boas, fases em que o lado afectivo não corresponde ao desejado, ao imaginado, ao tantas vezes sonhado…

E o que são segundas oportunidades? A meu ver, são bem mais do que segundas oportunidades. Podem ser terceiras, quartas, quintas, pouco importa. Não é a classificação numérica e ordenada que importa, mas sim a oportunidade…

As oportunidades surgem ou criam-se. Ao surgirem, podem ser aproveitadas ou não, dependendo sempre de um numeroso conjunto de factores internos (personalidade, carácter, inteligência, experiência de vida, etc.) e externos (passado, presente e futuro, por exemplo), os quais não são nem podem ser controláveis. Muitas vezes pensamos que estamos a aproveitar uma oportunidade e na verdade não é isso que fazemos, tal como o contrário também é possível, isto é, pensamos que desperdiçamos algo, mas não, no fundo aproveitamos de outra forma, de outra maneira…

E como disse, as oportunidades também podem ser criadas. Cabe a cada um de nós fazer por isso, ir à luta e procurar criar condições para que surjam novas portas ou janelas pelas quais possamos entrar na “Mansão da Felicidade”. E o modo de operar tal “milagre” é pessoal e intransmissível, não há uma fórmula mágica, para desalento de milhares e milhares de seres humanos…

Mas como é que sabemos se devemos dar uma segunda oportunidade a alguém?

Para começar, basta escutarmos o nosso coração. É ele o único que sabe o porquê de gostarmos de quem gostamos, independentemente de essa pessoa nos fazer mal ou não (e este assunto um dia também será analisado por mim, visto que começo a acreditar que os homens que se mostram verdadeiros e demonstram o seu amor são aqueles que mais sofrem e que menos vezes vêem correspondidos os seus amores, mas enfim…), independentemente de percebermos o nosso coração ou não…

E eis uma novidade: não se pode entender o coração. Desistam. Amam porque amam, odeiam porque odeiam, ponto final, só isso. Tentar racionalizar ou analisar os porquês de amarmos alguém é pura perda de tempo, o qual pode ser precioso e que pode fazer falta no que diz respeito às segundas oportunidades…

Como tal façam um favor a vocês mesmos e à Humanidade: sintam o que sentirem, não tentem analisar, racionalizar ou identificar relações de causa/efeito ou acção/reacção!!! Apenas sigam o que diz o coração, mesmo que ele se encontre magoado e cansado de algumas coisas menos boas da vida. Prestem atenção ao coração: ele tem olhos, tem ouvidos, tem boca, tem nariz e tem tacto. Ele, mais do que nós, sabe o que nós queremos. E se ele pede uma segunda oportunidade (ou terceira ou quarta…), força, invistam nisso…

Sabem quantas vezes me deram uma segunda oportunidade no que diz respeito a relações ou possíveis relações? Sinceramente, nunca. Sabem porquê? Eu também não.

Se eu gostava de ter tido? Sim, claro, por mais que uma vez, se calhar. Mas nunca tive. Talvez por não merecer, talvez por considerarem o meu sentimento algo pouco forte ou definido, sei lá, mas nunca tive uma segunda oportunidade...

O mais curioso é que já dei algumas segundas oportunidades na vida, pelo menos neste campo. Fi-lo por considerar ser o mais certo, o mais justo e o mais consentâneo com o que sentia e desejava. É verdade que às vezes tive que engolir o meu orgulho, mas o meu coração é mais forte que o meu orgulho. E o meu orgulho não pede amor, não necessita de amor, enquanto amor é tudo o que basta para o meu coração…

Este pormenor não faz de mim mais ou menos merecedor de uma segunda oportunidade. Faz de mim, isso sim e talvez, apenas uma pessoa diferente, um ser humano que ainda se arrisca a acreditar nos outros. Não perdoo por querer ser divino, perdoo porque sou humano e porque sei que todos os humanos erram. Tal como eu…

Hoje quero pedir a todos os que lerem este texto um especial favor: voltem a enxergar com os olhos do coração. Aprendam a perdoar e a dar segundas oportunidades às pessoas que julgam amar (ou amam mesmo), aprendam a fazer prevalecer o amor sobre o orgulho. Nunca conheci um orgulhoso que amasse eternamente e em compensação só os mais humildes e benevolentes puderam, ao longo da história da Humanidade, saborear o travo doce e celestial de um amor puro…

Peço-vos isto por saber o quanto me custa olhar para trás e perceber que nunca me deram uma segunda oportunidade nesta área específica da minha vida. E muito sinceramente, raios me partam se eu não a mereci algumas vezes. Hoje sobra apenas e só a mágoa sobre este facto, nada mais…

Em suma, façam aos outros o que nunca fizeram comigo. Dêem uma segunda oportunidade a quem realmente a merecer. Podem pensar que se calhar eu nunca tive porque nunca mereci…Certo, é a vossa opinião e respeitarei sempre isso. Mas eu sei, e creio que muita gente sabe, que merecia ter tido uma ou outra. Não aconteceu, paciência. O coração sofre, enregela, enegrece e começa a fechar-se sobre si mesmo, só isso. E sente-se cada vez mais triste…é a vida…

Saber perdoar é uma dádiva. Aproveitem-na. Sejam sábios e escutem o mais sábio ancião de todos os tempos – o coração…

Porque, de quando em vez, é na “segunda” oportunidade que reside a verdadeira felicidade…

Obrigado...


A todos os que se lembraram do meu aniversário (pelo hi5, por mensagens de telemóvel e por outros meios), o meu mais sincero e sentido obrigado...

Thursday, August 28, 2008

Conversas de café...


“O amor é isto, o amor é aquilo…ah, não, não é nada…o amor é assim, o amor é assado…” Ufa, que paciência…

Uma pessoa sai para se distrair, para beber um café e desanuviar um pouco e lembram-se logo de tocar neste tipo de assuntos…

Eu bem que me quis abster de comentar. Não queria, por nada deste mundo, que me puxassem para aquela “discussão” inútil. Já estava farto de ouvir todo aquele arrazoado. Não percebo porque se discute sobre o amor, principalmente quando muitos desconhecem o tema em questão…

E quando me julguei safo daquela tentativa ignóbil de classificar algo tão puro e tão nobre, eis que resolvem pedir a minha contribuição. Tentei me esquivar, tentei arranjar uma qualquer desculpa que não me levasse a dizer aquilo que eles não queriam ouvir, mas não consegui. Não me contive e acabei por aceder ao que me perguntavam:

“ - Então, estás tão calado? Das duas, uma: ou sabes o que é o amor e não queres partilhar, ou então não sabes e não queres dizer por vergonha ou isso…

- (sorriso amarelo) Para ser sincero, não acho que a minha opinião possa contribuir para este debate. Até porque a minha opinião tem o mesmo peso que as vossas, ou seja, é o que é e vale o que vale…

- Vá lá, não sejas assim, não te armes em superior. Diz lá mas é o que sabes ou não sabes sobre o amor…

- (olhando fixamente nos olhos da interrogadora) Ok, se fazes tanta questão em saber, aqui vai a minha opinião. O amor…o amor é estranho…Estás a falar daquele amor que te une a alguém por vários anos, mas que depois é incapaz de salvar essa mesma relação porque só por si o amor não chega? Ou estás a falar daquele amor que surge disfarçado de paixão casual, que cresce e floresce a uma velocidade espantosa, e que, mesmo depois de desvalorizado continua a existir (por mais que tu não queiras), sabendo que nunca será tido em conta nem terá uma oportunidade de fazer valer o seu valor? Para mim o amor já foi isso, mas é mais…Ainda queres que continue? “

Curiosamente ou não, a conversa morreu ali. Aliás, o café acabou ali. As pessoas, que antes estavam tão ávidas de poder definir o amor, ao ouvirem-me, calaram-se. Não sei o que disse de mal, mas acabei por me levantar e vir embora…

Eu sei que o amor não é só isso. É mais, muito mais. Mas foram estas as maiores lições que aprendi. E é sobre elas que gosto de versar sempre que me abordam para falar de amor. Essencialmente porque quero poupar aos outros o sofrimento que me afligiu. Só isso…

Hoje, e após esta conversa, sinto-me um pouco triste. Talvez não devesse ter sido tão franco e tão honesto. Mas foi o que aconteceu. Não me arrependo. Mas agora, passadas umas horas sobre o sucedido, vejo-me a pensar sobre o assunto. Não sei porquê nem para quê, é certo, mas estou a pensar nisso…

Enfim, não creio que me tenha excedido. E eu avisei que eles não estavam preparados para ouvir aquilo…

De qualquer forma, eles foram para casa e agora estão acompanhados dos seus amores, das pessoas que mais se assemelham ao conceito que eles têm para eles mesmos do que é o amor…

E eu…bem…estou aqui a redigir este texto…

Wednesday, August 27, 2008

Um minuto...


Hoje precisava de um minuto. Um minuto de atenção, um minuto de conversa, um minuto de silêncio, um minuto a olhar ou a contemplar algo belo. Aliás, ainda preciso desse minuto, ainda gostava de o ter hoje…

A música que se segue foi-me “apresentada” de forma fortuita. Como em tanta coisa na vida, a empatia foi imediata e quase que posso afirmar ter havido ali um “click”. Hoje, não mais que ontem e se calhar nem menos que amanhã, esta música parece fazer sentido. Não pelo conteúdo explícito na letra, mas sim porque hoje precisava de um minuto…

E tal como eu, sei que muitos de vós gostariam de ter um minuto de vez em quando, fosse para o que fosse: respirar, descansar, olhar o céu, contemplar o mar, reparar que há mais alguém do vosso lado, enfim, uma infinidade de coisas, de entre as quais o próprio tema da canção…

Hoje precisava de um minuto e não tive…não faz mal…como diz a música, “ (…) a vida continua (…) “, e ao menos eu pude partilhar este “minuto” com vocês. Não é a mesma coisa, mas já é algo mais do que nada…

A finalizar, apenas um conselho/pedido: nunca recusem um minuto a ninguém…

Monday, August 25, 2008

Histórias nocturnas...


Há muito que o merecias. Há muito que te devia uma surpresa, um gesto de gratidão e de carinho. Bem sei que também pensavas nisso, que também desejavas ter um sinal, uma prova de que eu era quem tu julgavas e que, afinal de contas, mesmo depois de tudo, me conhecias…

Ponderei bastante sobre o assunto. Afinal, não queria ser vulgar, não queria agir por agir nem agir sem pensar. Como sempre, foram muitas as horas de sono que não dormi a pensar nisso. Ao menos desta vez pensava em algo útil e belo…

Pensava em ti…pensava na forma como te haveria de surpreender, na maneira como haveria de fazer passar a mensagem certa, sem deturpações e sem duplas interpretações. Pensei tanto…e quanto mais pensava, mais indeciso ficava. Mas tive que me decidir…o tempo começava a escassear e não queria correr o risco de deixar passar a oportunidade. Apesar de tudo, a decisão não foi fácil. És tão especial que julgo não haver nada no mundo capaz de poder transmitir fielmente a admiração, o carinho, a cumplicidade e tudo o mais que possa sentir por ti…

Como tal, lá engendrei um plano. Não era perfeito, mas era quase. Não era transcendental, mas era real. Não era original, mas o que me moveu para o fazer, isso sim era, pois creio que nunca ninguém sentiu isto por ti…

Chegaste a casa. A porta abriu-se lentamente, como sempre, e, ao entrares, deparaste-te com um ambiente diferente. As luzes estavam todas apagadas. No entanto, havia luz no hall de entrada. Velas…algumas velas iluminavam o caminho. No chão um trilho de pétalas de rosas vermelhas como que estendiam a passadeira para a estrela da noite. A ladear estas pétalas, pequeninas velas também sinalizavam o rumo pelo qual deverias seguir…

Não sei se pela estupefacção ou se por outra razão, o certo é que avançaste lentamente, numa passada curta e pausada. Os teus olhos percorriam o chão, as pétalas, as velas. Na tua mente percorriam outras coisas, digo eu, coisas do tipo “o que se passa?”… Nada…nada de mais…

Entraste na sala, onde o caminho continuava a ser iluminado e perfumado, e olhaste para o sofá. Em cima dele, no local onde costumas repousar a cabeça quando te deitas no meu colo, estava um peluche. Piegas, pensaste tu…Talvez…e ainda não tinhas visto o cartão que ele trazia. O cartão dizia apenas isto “ Let’s make a night to remember”. Sim, inspirada naquela canção celebrizada por Bryan Adams…

Sorriste…de uma forma tão única, tão bela e tão singela que, se a noite terminasse ali, aquele sorriso teria sido o suficiente para me deixar feliz. Sorriste e prosseguiste por entre pétalas e velas. Começaste então a sentir o ligeiro aroma do incenso. A cada passo respiravas calmamente, examinando cada milímetro daquela casa, a tua casa, aquela que conheces tão bem, mas mesmo assim parecia-te nova…

Estavas agora a chegar às escadas. Ao longo do corrimão, reparaste tu, estavam fotos nossas, fotos de alguns dos nossos momentos mais inesquecíveis: a viagem ao Brasil, as férias em Cuba, o acampamento no Gerês…Cada imagem daquelas valia muito mais do que qualquer descrição minha aqui e agora. E uma vez mais, sorriste. E ao sorriso acrescentaste um tal brilho nos olhos que…que nem consigo descrever. São poucas as pessoas que se podem gabar de olhar para alguém e reconhecer um olhar embevecido de ternura, de alegria, de sentimentos puros e nobres. E eu, a partir daquele momento, passei a fazer parte desse lote restrito e abençoado…

Chegaste ao topo das escadas e deixaste-te estar. Contemplaste, uma vez mais, o trajecto que havias percorrido até então e depois deixaste fugir um suspiro…um longo e quase insonoro suspiro. O brilho e o sorriso permaneciam contigo, como desde o dia em que te conheci…

Avançaste então numa passada firme. Estavas segura de ti e determinada a ver o que ainda havia para ver. Suave, muito suavemente, pronunciaste o meu nome. Sabias onde me encontrar, mas mesmo assim ouvi-te a chamar por mim. Deixei-me estar onde estava…tinhas que vir até mim, senão tudo aquilo deixava de fazer sentido…

E deste comigo no teu quarto. Estava sentado à beira da cama, na qual o enorme coração desenhado com pétalas de rosa te deixou boquiaberta. A luz das velas, que tão bem iluminava o quarto, realçava ainda mais a tua beleza. Meu Deus, como és bela, pensei eu. E quanto sorte tenho…

Levantei-me e fomos de encontro um ao outro. Tentaste falar, mas não te deixei. Coloquei um dedo sobre os teus lábios e impedi que houvesse diálogo. Ainda não era hora. Abraçámo-nos como aquando do primeiro abraço, como se não houvesse mais um amanhã. E beijámo-nos…a sensação suplantou o beijo que demos há tanto tempo atrás. A magia ainda estava ali…

Sussurrei ao teu ouvido que ainda faltava qualquer coisa. Lentamente comecei a despir-te. Sem pressas, e já com um cd de músicas que nos acompanharam desde sempre, comecei a deixar à mostra esse lindo corpo que tens, essa tentação que me enfeitiça e me ensandece de loucura e de desejo. Seguiste o meu exemplo e fizeste o mesmo…

Pouco depois estávamos ambos nus. Um abraço, um beijo, uma carícia…tudo feito na mais perfeita das sintonias, na mais sublime das simbioses. Batimentos cardíacos compassados, gestos sincronizados, palavras certas, tudo isso acontecia, tudo isso era real. Pus-me atrás de ti e abracei-te. Estava agora a sentir o perfume que o teu pescoço exalava, essa fragrância que tão bem combina contigo…

Sem precisar de dizer nada, deixaste-te guiar por mim. Fomos até à banheira. Espuma, sais minerais, velas e mais rosas. Assim estava ela à tua espera. Deixei que entrasses primeiro. Não conseguia imaginar melhor cenário do que aquele que via. Estava tudo perfeito. E ainda faltavam os morangos…os quais foste comendo da minha mão, num ritual que parecia muito mais do que aquilo que é…

Sugeri umas massagens, aceitaste. Comecei a massajar-te e de repente, aproveitando a minha distracção (estava atónito a contemplar o teu corpo, a tua beleza, o teu ser), puxaste-me para dentro da banheira. Ali estávamos nós agora, ambos dentro de uma banheira que tão boas recordações já nos dera. E conseguimos que outras fossem criadas mesmo ali, naquele preciso instante. Fizemos amor ali mesmo, rodeados de espuma, de velas, de morangos, de pétalas de rosa…

Em seguida voltamos à cama. Desta vez apenas as toalhas tapavam os nossos corpos. Sugeri jantar, mas não te apetecia. Querias ficar ali mais um pouco. Isso atrapalhava o que ainda restava do meu plano, mas tudo bem. Já tinha calculado essa possibilidade e então abri a porta da varanda do teu quarto e ali estava mais uma surpresa. Mesa posta, cadeiras, comida e, claro, velas. O jantar estava à nossa espera…

“Tu és qualquer coisa…”, foi assim que reagiste, para logo de seguida te lançares a mim, cobrindo-me de beijos e abraços. Pisquei o olho para ti e levei-te à mesa…

O jantar estava delicioso, e soube ainda melhor devido à companhia, devo confessar. Estávamos a chegar à sobremesa. E na altura em que te preparavas para saborear o gelado de chocolate caseiro, música…Acordes de guitarra e de viola, vozes e…serenata…

Abeiraste-te da varanda, esquecendo completamente que só estavas de toalha, e olhaste para baixo. A serenata começava agora. Aproximei-me de ti e abracei-te. Assim permanecemos até ao fim da serenata, a qual foi gentilmente dedicada a ti. Os músicos deixaram-nos de novo a sós e aproveitei para voltar ao quarto. Faltava apenas uma coisinha…

Ao voltar à varanda, reparei que brilhavas. Toda tu eras brilho, irradiavas alegria, emoção, felicidade. Eu tinha acertado…só podia…

No céu, uma lua cheia lindíssima procurava competir contigo no que diz respeito à beleza, mas perdia claramente. Pusemo-nos a admirar a lua e foi então que me enchi de coragem e pedi a tua atenção…

“Sabes, não tenho muito jeito para isto…sempre fui melhor a agir ou a escrever do que a falar…ainda para mais quando tem a ver comigo e com os meus sentimentos…Mas hoje preciso de fazer isto assim, a falar, a dizer, olhando-te nos olhos, o que quero, o que penso e o que sinto…

És tudo para mim…Quando olho para ti sinto esperança, sinto força, sinto coisas que nunca senti com mais ninguém. Sinto que tudo faz sentido, mesmo que não exista lógica. Sinto que tudo está bem, mesmo que não esteja. Sinto paz, mesmo que esteja em guerra comigo mesmo…

Não sei mais o que dizer para além de que és a pessoa que mais admiro, que mais prezo e estimo, a pessoa que mais alegria me dá e que mais feliz me faz sentir…És o ser mais fantástico que conheço e por ti tudo vale a pena, especialmente a vida…

Aceitas ser minha…para o resto da eternidade?”

Eu sabia que já andavas a pensar nisso…lia isso nos teus olhos, nos teus gestos, nas tuas conversas nem sempre directas. E decidi que chegara o momento de avançar com isto, de consumar definitivamente aquilo que nos unia…

Foi preciso muito para ali chegar. Só Deus sabe o quanto passei, o quanto sofri, o quanto desacreditei para agora estar ali a pedir-te algo desta natureza. Mas tudo valeu a pena. Porque sem isso nunca te teria conhecido, nunca teria dado real valor a sentimentos únicos e sensações nobres. Sem isso nunca teria tido a oportunidade de te dar o teu real valor também…

Tu, entretanto, fitavas-me com uma atenção e uma força descomunais. Comecei a temer um “não” como resposta. Os segundos passavam e não dizias nada. Apenas olhavas para mim. O meu coração batia a mil à hora. Tentei manter a calma, mas não era fácil. Até que…

Deixaste cair a toalha…Ali estavas tu, nua, lindíssima, esplendorosa, a caminhar na minha direcção com a firmeza de uma felina, de alguém que sabe de antemão o que vai fazer…

Fizeste cair a minha toalha também. E abraçaste-me. Saltaste para o meu colo e sussurraste ao meu ouvido “Te amo”…Um arrepio de alegria percorreu-me a espinha. Era tudo o que eu queria ouvir. Estava quase a dizer obrigado, quando colocaste um dedo nos meus lábios e puxaste-me para o interior do quarto…

A seguir…bem, o resto é fácil de imaginar. Fizemos amor como se o tivéssemos feito sempre, desde os primórdios da Humanidade. No mínimo, foi mágico…

E antes de adormeceres no meu peito, coloquei-te o anel no dedo. Era oficial agora. Afagava-te o cabelo e acabaste por adormecer. E logo a seguir fui eu…

Acordei…e vi que tinha sonhado…Acontece, acho eu…

Mote para a vida...


Há já algum tempo que tenho isto guardado (já não sei o porquê de nunca ter utilizado esta mensagem). Depois de me esquecer por completo da sua existência, eis que hoje esta mensagem surge novamente no meu caminho…

Resolvi partilhá-la convosco…

Estou certo de que este é um belo mote para a vida…

Disfrutem…

Saturday, August 23, 2008

Sábado à noite...


A noite está amena, a Lua brilha lá no alto, como que acenando e piscando o olho a todos os que a contemplam cá de baixo. A brisa sopra suavemente, transportando fragrâncias e aromas variados, anunciando uma noite pacífica, uma noite sem ondas e sem vendavais. As estrelam coadjuvam brilhantemente a Lua rainha. São suas súbditas, mas são estrelas ao mesmo tempo. Sabem o seu papel, a sua função, e nem por isso deixam de brilhar intensamente com o seu brilho próprio e característico…

É assim neste sábado à noite. É assim em tantos sábados à noite, como sempre acontece e vem acontecendo desde…sei lá…desde que a humanidade se recorda de parar e admirar as estrelas, a Lua, o céu. Talvez por isso este sábado não devesse ter nada de especial. E se calhar até nem tem. É mais um, apenas isso. Mais um sábado que aprecio, que contemplo. É mais um sábado a ser riscado no calendário da minha vida. E realmente, não há nada de especial neste sábado…

Quer dizer…não há, não, não há. Mas fá-lo-ei especial agora, aqui, nestas linhas. Ou pelo menos tentarei. Tentarei, a muito custo e a contra-gosto, tornar este sábado em algo digno e passível de ser recordado. Ora então vejamos…hum…

Bem, estou sozinho…não vou a nenhum bar ou clube ou discoteca. Não vou beber café com ninguém. Não vou sair para o engate. Não tenho nada combinado com nada nem com ninguém. Como acontece de há uns tempos a esta parte, sábado é sinónimo de…estar sozinho. E isso significa…estar mesmo sozinho…

Mas a Lua está lá em cima, a brisa continua a soprar, as fragrâncias e os aromas continuam perceptíveis e as estrelas piscam e cintilam cintilantemente. Lá em cima tudo continua igual. Ou mais bonito até. Como se tudo permanecesse assim por minha causa, por quererem arranjar uma forma de tornar este sábado memorável ou digno de registo. Às vezes gosto de pensar que é assim, que a Lua e as estrelas brilham porque me querem dar um sorriso; que a brisa sopra mansa e suavemente porque me quer arrepiar daquela forma tão boa, tão meiga e tão intensa ao mesmo tempo; que o céu se mantém aberto e desprovido de nuvens porque me quer dar o seu maior sorriso e a sua maior beleza…

Um pouco narcisista, não? Ah, que nada…Quem não gosta de se julgar, nem que seja por um milionésimo de segundo, o centro do universo, a razão pela qual um universo (o meu, o teu, o dele, o dela, os nossos, os deles, sei lá) se mostra e se demonstra belo e inolvidável?

E hoje quero pensar assim, quero dissertar sobre isso. Não sobre ser o centro do Mundo – já lá vai essa mania e já sei que não sou propriamente o cerne da questão principal. Não sobre ser a razão pela qual o universo se apresenta tantas e tantas vezes magnífico e inesquecível…

Hoje quero pensar que um dia fui centro de um universo. Ok, ok, talvez, e perdoem-me a falsa modéstia, talvez tenha sido o centro de mais do que um universo =P E isso não faz de mim mais perfeito nem mais feliz. Este pormenor, chamemos-lhe assim, é o que é e vale o que vale…

E para mim vale muito. Vale a certeza de que ontem fui centro de algo, que ontem tive e assumi uma qualquer importância. E hoje pouco importa se soube ou não valorizar isso, se soube ou não estar, ser e desempenhar esse papel central, esse papel fulcral. Pouco importa, não há análises que possam ser consensuais…

O que importa é que essa consciência me faz sorrir, faz-me lembrar de tempos em que me sentia bem. Tempos em que a Lua estava estampada no rosto de quem me adorava, em que as estrelas residiam nos olhos de quem me amava e a brisa surgia na ponta adocicada da língua que me arrepiava ou dos lábios que me enfeitiçavam. Nesses tempos o céu era todo brilhante, não havia nunca nuvens e eu aguardava a noite com a mesma ansiedade com que suspirava pelo dia…

Nesses tempos…belos tempos…há quanto tempo foi mesmo? Xxxxiiiiiiiii…já foi há tanto tempo…minha nossa….

Talvez a última vez tenha sido num sábado à noite. Quiçá como este, não sei…já não me lembro…

Ainda é sábado à noite…e tudo permanece igual, impassível, imutável. A Lua está lá a olhar por mim; as estrelas iluminam o caminho pelo qual sigo, mesmo sem saber por onde vou; e a brisa, ah a brisa…a brisa traz até mim os aromas inebriantes que um dia fizeram parte do meu dia-a-dia e hoje fazem (cada vez menos, com muita pena minha) parte apenas e só das minhas memórias, das minhas lembranças…

É assim neste sábado à noite…mais um…e ao mesmo tempo, menos um…

Friday, August 22, 2008

A little something...


Porquê esta música? Ora aí está uma pergunta de resposta fácil e simples: infelizmente, tenho-me dado conta de que alguns amigos meus estão a sofrer por amor. Têm-me chegado aos ouvidos relatos de diferentes pessoas, de diferentes origens e com histórias completamente diferentes, mas que acabam por ter nas dificuldades amorosas o seu ponto em comum….

Sinceramente, preferia que assim não fosse, essencialmente para que não sofressem, mas a vida é mais forte do que eu e não consigo poupar os meus amigos a este tipo de sofrimento…

Este vídeo é dedicado a todos os que passam, estão a passar, passaram e hão-de vir a passar por dificuldades nessa busca incessante, entusiasmante, mas igualmente extenuante (ainda que a recompensa seja mais do que boa e suficiente) que é a busca do Amor…

Desejo-vos, do fundo do coração, a maior das sortes nos recomeços, nos reinícios e nos prosseguimentos que estão mesmo à vossa frente. E lembrem-se, é melhor lutar pelo que se ama do que desistir e viver uma vida sem sal, sem sabor, enfim, sem Amor…

E não se habituem a viver sem amor…é um mau hábito e pode ser pernicioso…Vão por mim…

Senhoras e senhores, ladys and gentlemen, com vocês…Pedro Abrunhosa – Deixas em Mim Tanto de Ti…

Escritas...


Ando triste. De há uns tempos a esta parte custa-me sentar e escrever. Um texto, uma quadra, umas linhas, seja lá o que for…não sai nada. Nada de jeito, nada que possa merecer a minha atenção e, consequentemente, a atenção daqueles que vão passando pelo meu blog…

Se é falta de inspiração? Talvez, não sei. Mas e o que é a inspiração? Alguém sabe dizer?

Independentemente de, a verdade é que a travessia do deserto continua, permanece imutável e dá sinais de ter vindo para ficar. Não queria que o meu blog ficasse pejado de vídeos do YouTube, sejam eles meus ou não. Acho que sou mais que isso (atenção: não critico quem o faz, cada um sabe a melhor forma de se expressar…), acho que posso fazer mais e posso voltar a ter textos meus, textos que possam ou tentem reflectir de alguma forma a minha maneira de ver, de pensar e de sentir a vida…

Mas não sei o que se passa…não sei se é o lufa-lufa do dia-a-dia ou se é mesmo uma perda temporária de um dom (eu acredito que a minha escrita é um dom meu), não sei mesmo o que se passa. E isso acaba por me deixar triste…

Não posso, de cada vez que me sento para escrever, falar sempre das mesmas coisas, debater sempre os mesmos assuntos. Mesmo que tenha sempre uma nova abordagem ou uma diferente perspectiva. Não quero estar sempre a escrever sobre o mesmo. Ou será que é esse o meu destino? Será que estou destinado a escrever sobre aquilo que mais me afecta, mais me assusta e mais se faz sentir na minha vida? Será que todos os que escrevem também só escrevem sobre as mesmas coisas?

Ao menos hoje estou a escrever sobre a minha incapacidade de escrever algo que mereça publicação no blog. A priori tudo o que escrevo é passível de ser lido, embora o caso mude de figura se analisarmos a parte do poder ser entendido, mas não se pode publicar tudo o que se escreve, certo?

E cá continuo eu sem inspiração. Nem prosas poéticas nem poemas nem nada que possa ter um pouquinho do lirismo que, geralmente, aplico a tudo o que redijo. É triste sentir isso, sabem? É triste ter tanto para dizer, tanto para contar e pura e simplesmente não conseguir colocar tudo cá para fora, em textos, em prosas, em rimas, em linhas…

Acho que vou mesmo ter que recorrer aos vídeos. Ao menos esses, espero eu, podem tentar transmitir alguma ideia escondida algures em mim…

Fica o registo, caros amigos: não sai nada de jeito, mas vou tentar…vou continuar a tentar…não sei até quando, mas vou…e espero voltar aos meus bons momentos em breve, muito em breve mesmo…

Até lá, fiquem com o que vos posso, por agora, oferecer…

Sempre vosso, LF.

Thursday, August 21, 2008

Mensagem...


Não, não é a “Mensagem” de Fernando Pessoa. Nem nada que se assemelhe. É “apenas” uma mensagem, uma de entre tantas que tinha no telemóvel, uma de entre as centenas ou milhares que já recebi na vida…

Há pouco, e depois de ter tratado dos assuntos mais prementes, lembrei-me de fazer uma “limpeza” ao telemóvel. Números, contactos, recados, tudo isso foi à vida. Ou melhor, deixei apenas o que, para já, ainda interessa. E fiz o mesmo no que toca às mensagens…

Foi engraçado, creio eu. Engraçado porque já não me lembrava de muitas delas. Havia-as de várias feitios, com vários significados e diferentes simbolismos. E se as tinha era porque algum valor lhes atribuía. Mas tive que me desfazer de algumas…é a vida, não é? Na vida também precisamos de apagar certas coisas, de eliminar certos rastos. Mesmo que isso não os elimine de nós ou em nós…

Mas uma limpeza destas é sempre necessária. Quanto mais não seja para se ter mais espaço na memória do telemóvel. E, quem sabe, talvez arranje também mais espaço na memória da vida...

Só que nem todas as mensagens foram apagadas. Não poderia apagar tudo. Não é que queira ficar com coisas do passado, mas há mensagens especiais, mensagens que ficam e marcam…ou melhor, que marcaram, mas que ficam na mesma…

E curiosamente, uma das que fica tem a data de hoje, 21 de Agosto, pouco importa o ano. Já tem algum tempo, é verdade, mas não me importa. A mensagem não tem mais do que meia dúzia de linhas, mas não foram precisas mais. Ali, nessas seis linhas, está tudo o que tinha que estar. Não há palavras “caras”, não há aquela conversa fácil e banal, não há nada de transcendente em termos de construções frásicas…há apenas e só palavras. Palavras que, creio eu, foram sentidas e que expressavam o que precisava de ser expressado…

Poderia transcrever a mensagem para aqui, mas…perdoem-me o egoísmo (algo de que sou muitas vezes acusado). Quero ficar com esta mensagem só para mim. Tal como com mais umas quantas, não muitas, mas as suficientes para poder me lembrar que, um dia, eu vivi isto, eu ouvi aquilo, eu senti isto ou alguém me disse aquilo…

E com isto, quero apenas declarar o que me parece óbvio, mas que talvez continue demasiado disfarçado e por isso mesmo passe despercebido para a maioria de nós:

Mesmo que o mensageiro desapareça ou nunca mais volte, mesmo que o Sol dê lugar a intempéries intermináveis, mesmo que o negro da noite substitua infinitamente a luz do dia…o que importa não é o caminho, mas sim a viagem…o que importa não é quem transporta o conteúdo da carta, do envelope ou da encomenda…o que importa…é a mensagem…

Nota do Autor: a mensagem não é a que está na imagem =)

Friday, August 15, 2008

How could an angel break my heart...


Do you know this feeling? Getting your heart broken? I honestly hope you don’t because it hurts like hell…

I wish I could be friendly enough to share some of this pain with you folks, but I’m not. I’m pretty egocentric when it comes to pain and suffering and tears and broken hearts…Sorry…

But I’ll let you a song though…A song which is the perfect reflex of...whatever you want it to be...

Thursday, August 14, 2008

Não é chuva...são lágrimas...


...

Cada palavra uma memória,
Cada gesto uma emoção,
Cada lágrima uma história
Feita de amor e de ilusão.

Cada toque um sentimento,
Cada olhar uma lembrança,
Cada beijo um tormento,
Sinal de tempestade sem bonança.



E tanto mais eu poderia escrever. Mas não vou. Não consigo, não sou capaz, não dá. Como em tantos outros aspectos da minha vida, perdi. Dei-me conta de que já não sou capaz de ganhar batalha alguma…

Não, não estou a exagerar. Sou óptimo a batalhar com e pelos outros, mas por mim, zero. Não dá. E quando me arrisco…

Só Deus sabe o que me consome a alma neste momento. Quando “pedi” saúde, veio a doença. A luta está a ser travada e creio que vamos superá-la, com a ajuda de Deus e dos anjos. Quando “pedi” sucesso, veio o caos, o insucesso. Estou a aprender a lidar com isso e talvez um dia ultrapasse tudo. Quando “pedi” paz, veio a tormenta, a inquietude. Um dia, quero eu acreditar, ainda hei-de ter paz, seja onde for, aqui ou Além. Quando “pedi” felicidade, veio a tristeza, o cinzentismo de um céu sempre nublado. Aqui e além ainda fui espreitando um ou outro raio de sol, mas há muito que não sei o que é um céu azul. E quando “pedi”…

(Suspiro) Devia deixar as minhas lágrimas falar hoje. Mas ninguém as ia compreender. Ninguém as pode compreender. Só Deus. Mas hoje, justamente hoje, precisava de algo mais terreno, mais humano. Deus não me leva a mal, eu sei, mas precisava mesmo … (suspiro) …

Não está fácil…o nó na garganta, o aperto no peito, os olhos marejados de lágrimas, a cabeça a latejar, tudo isso me condiciona, me impede (e às tantas ainda bem) de tentar ser objectivo, concreto…Sinto que o próprio texto aparenta alguma dislexia, alguma confusão…

O objectivo, esse perdi-o…perdeu-se…deixou-se tornar concretamente abstracto. E com ele…com ele…segui eu. Resto apenas eu, este eu que agora se senta na cama, remói as suas entranhas e procura alcançar algo que possa ser posto aqui neste texto, nestas linhas que nunca poderão ser entendidas, uma vez que nunca serão analisadas…

Resto apenas eu…é assim desde há muito e será assim de agora em diante. Tem que ser. Após tantas e tantas derrotas, já não há mais saídas…

Vou partir…à chuva, como nos velhos filmes de cowboys. Mas parto sem cavalo, sem troféu, sem senhorita nem dama. Parto sem tecto, sem amigos, sem lar, sem cama. Parto rumo ao amanhã em que não acredito, mas para o qual todos caminham cegamente, sem se perguntarem se vale a pena. Parto solitariamente sozinho no meio de um rebanho imenso que procura no amanhã as respostas de hoje. Coitados…as respostas de hoje só podem ser encontradas num sítio. E esse sítio se chama passado (ontem) …

Mas mesmo assim, lá vou eu. Já fiz a trouxa e vou partir. Mas termine esta carta, este documento, ou sei lá o quê, partirei. Pouco importa para onde, por onde e como. Pouco importa mesmo…

Importa, isso sim, relembrar que hoje é assim, mas ontem não era…

...

Cada palavra uma memória,
Cada gesto uma emoção,
Cada lágrima uma história
Feita de amor e de ilusão.

Cada toque um sentimento,
Cada olhar uma lembrança,
Cada beijo um tormento,
Sinal de tempestade sem bonança.



E o amanhã? Acho que aqui jaz o amanhã…

Monday, August 11, 2008

Sem Ar...


Hoje acordei sem ar…

E isso fez-me pensar que, na vida, há momentos em que nos sentimos sem ar…

Um olhar apaixonado, um beijo arrebatador, um toque subtil e arrepiante, um abraço eterno…Um texto bem escrito, palavras ditas através do silêncio de um olhar, momentos únicos e inesquecíveis, uma fragrância que surge do nada numa brisa…tudo isso pode deixar alguém sem ar…

O resto da explicação, deixo ao encargo da música que hoje trago (home made video, by LF) …

Friday, August 08, 2008

Nas asas...


Nas asas…

De um sonho, de um desejo, de uma utopia…

Nas asas…

De um beijo, de uma paixão, de uma alegria…

Nas asas…

De um olhar, de um abraço, de um coração…

Nas asas…

De um verso, de uma rima, de uma canção…

Nas asas…

De tudo, de nada e de tão pouco…

Nas asas…

Como um sábio, como um menino, como um louco…

Nas asas…

Da memória, da lembrança, da saudade…

Nas asas…

Da esperança e da crença na felicidade…

Nas asas…

Sobre a terra, em pleno céu, sobre o mar…

Nas asas…

De tudo o que a vista possa alcançar…

Nas asas…

Do horizonte, do impossível, do infinito…

Nas asas…

De uma fala, de uma voz, de um simples grito…

Nas asas…

Da luz, do Sol, da Lua…

Nas asas…

De um corpo vestido de alma nua…

Nas asas…

Da pureza, da luxúria, do pecado…

Nas asas…

Do presente, do futuro, do passado…

Nas asas…

De toda a vida que já vivi…

Nas asas…

De tudo o que um dia senti por ti…

Nas asas…

Do preto, do branco e de toda a cor…

É nestas asas…

Que vôo ao encontro do meu amor…

Wednesday, August 06, 2008

Sem Radar...


Às vezes a vida tem destas coisas...um dia estamos bem e tudo parece "andar sobre rodas" e logo a seguir somos confrontados com a falta de algo que nos guie, nos oriente e que dê um real significado a tudo o que vemos, sentimos e vivemos...

Por mais que se diga ou se faça, por mais centrados e disciplinados que sejamos, precisamos sempre de um porto de abrigo, de um abraço reconfortante, de um ombro amigo e de um regaço onde possamos deixar fluir todos os nossos receios, todas as nossas ânsias e todas as nossas mágoas. Todos precisamos de um olhar que nos saiba ler, de um sorriso que nos saiba fazer feliz ou de uma mão que nos saiba transmitir segurança, mesmo quando nos agarra por um ou dois dedos...

Sem isso, é como se faltasse a orientação...é como se andássemos sem radar...Por isso trago-vos hoje esta música, esta letra...Para que possam dar valor a quem vos guia, a quem vos orienta, mesmo que, por vezes, desoriente. Aproveitem e saibam aproveitar...E lembrem-se: até os reis magos necessitaram de uma estrela-guia para poderem ir ter com Jesus...

PS - Dedicada com muito estima ao meu melhor amigo. Campeão, esta também é para ti...sei que me percebes...

Tuesday, August 05, 2008

Amar...




"Carta a um grande amigo,

Ontem deixaste-me a pensar. A conversa que tivémos, as coisas que revivi mentalmente enquanto falavas, os conceitos já assimilados por mim ao longo do que passei e que me assolaram a mente enquanto desabafavas, tudo isso veio à tona. Tudo isso e muito mais...

Ainda ponderei antes de partir para a escrita desta carta. Primeiro porque se trata de um assunto com o qual não estou, nem posso estar, directamente envolvido. Depois porque custou-me revisitar algumas ideias e pensamentos ao longo da noite, coisas que julgava bem guardadas e que tão depressa não voltariam a sair do "arquivo" em que as guardei. Por último, porque estou numa fase em que tenho evitado escrever, dado a uma série de acontecimentos menos bons que têm surgido na minha vida...mas por ti faço este esforço e redijo esta carta. Só mesmo por ti...se não fosse para ti, não o faria por mais ninguém, acredita...

Ontem falaste de amor, de coisas relacionadas com o amor: pedidos, projectos, futuro, cedência, etc...Tudo isso faz parte do amor. Tudo isso e muito mais. No caso concreto a que te referiste, apenas posso dizer que tenho pena que as coisas assim sejam e que, no que me for possível, tudo farei para que os desenvolvimentos possam ser do teu agrado, pois a mim só me interessa a tua felicidade...

No amor as regras, ainda que não pareçam, são muito simples. Nós, seres humanos, é que temos a tendência a complicar o que não se deve complicar. Nós é que gostamos de baralhar as cartas para voltar a dar, mesmo quando a "primeira vaza" das cartas nos é favorável. Temos essa estranha tendência, esse estranho vício de não confiar nas cartas que temos em mãos e preferimos deitá-las fora a assumir o jogo. Nós é que fazemos do jogo amoroso um jogo espécie roleta-russa em que, após termos a arma na mão e esta não ter disparado, voltamos a pedir a sua presença em nossas mãos, como se desejássemos que o tiro nos calhe a nós...Parece exagerado, mas não é...

Amar envolve muita coisa: confiança, amizade, cumplicidade, desejo, paixão, amor, etc e tal...Para amar precisamos de ter certas e determinadas características nas nossas relações e em nós próprios. Não se pode amar de ânimo leve, pois apesar de o amor transmitir leveza ao espírito, o amor não é, de todo, leve. Também não é pesado, atenção. É um sentimento volátil e adaptável às condições proporcionadas por cada uma das relações amorosas existentes no mundo...

No teu caso, grande amigo, só te posso aconselhar a olhar para mim. Já te disse ontem e volto a dizê-lo: infelizmente, nesse campo somos iguais. Poderia ser teu exemplo em tanta coisa mais positiva, mas quis o destino que assim não fosse e acabaste por ficar parecido comigo em aspectos que, agora, começam a ser um problema e não uma solução. E isso é mau...

Se o amor te pede algum sacrifício, mede, avalia esse sacrifício. Apesar de achar que não existem verdadeiros sacrifícios no amor, há coisas numa relação amorosa que podem ganhar esse contorno, essa aura de sacrifício. Essencialmente quando se trata de deixarmos de ser aquilo que realmente somos (não importa se bom ou se mau) para que a relação tenha futuro, tenha sucesso. A nossa essência é aquilo que nos dá alma, identidade, é aquilo que nos caracteriza e que nos define enquanto seres humanos. Mas e se a nossa essência for a causa de alguns males? E se a nossa essência for realmente o mal maior, o grande causador de discussões, de chatices? E se estivermos a perigar o futuro de uma relação por sermos o que somos?

Não estou a dizer que a culpa é tua e que tu és o único culpado. Numa relação a culpa é sempre dos dois. No matter what, é sempre dos dois. Mas acho que me cabe a mim, e tendo em conta que és o meu melhor amigo, zelar pelos teus interesses e dizer algumas coisas que possam servir de alerta. Mesmo que depois não assimiles nada do que te digo...

Não mudes só porque te dizem para mudar, muda porque achas que deves mudar. Não mudes porque só assim manterás quem amas a teu lado, muda porque quem está a teu lado vale esse esforço. Não sejas preto-e-branco só porque te pedem para deixar de ver a vida como um arco-íris, sê da cor que tiveres que ser, mesmo que queiras ser amarelo num dia de chuva ou preto num dia de sol. Não corras só porque os passos estão a ser acelerados nem pares só porque não os consegues acompanhar, corre apenas atrás dos teus sonhos e pára só para contemplar a beleza do caminho que trilhas ou para admirar a beleza de quem contigo caminha...

Não fales do que não sabes nem sintas o que não queres, sabe antes o que sentes e fala sobre isso. Não mintas a cada sim nem desmintas a cada não, sê antes de mais sincero contigo...as respostas estão todas em ti e no teu coração. Não forces o amor nem te deixes forçar por ele...a simbiose só é perfeita quando ambos se encontram em equilíbrio. Não queiras ser equilibrista sobre o precipício nem temas um vão de escadas com apenas 5 ou 6 lanços de degraus, caminha de forma sóbria e serena e procura adequar o teu ritmo àquilo que achas mais certo e seguro...

Não arrisques no escuro, mas também não estejas sempre à espera do "cavalo" certo para apostares - a vida é misteriosa e nem sempre descortinamos o verdadeiro significado das coisas, pelo que um verdadeiro amor pode estar encarnado tanto na pele de um TGV como na pele de uma velha locomotiva a carvão. Não sejas teimoso porque não queres perder o teu orgulho nem dês o braço a torcer só porque não queres ser apelidado de cabeça dura. Não te rias com desdém pois quem desdenha quem comprar...

Enfim, mede o amor pela força do que vives, do que viveste e do que pretendes vir a viver. Avalia tudo, mas não te esqueças nunca de consultar o grande perito em avaliações deste género - o teu coração. É ele quem decide, verdadeiramente, se vale a pena ou não...

Eu amei duas vezes na vida. Numa delas fui feliz e vivi o amor na plenitude, mas as coisas acabaram por não dar certo. Não desistimos de nada, apenas vimos que o melhor era seguirmos caminhos diferentes. O que não quer dizer que nos considerássemos pouco valiosos um para o outro. Apenas decidimos dar um novo rumos às nossas vidas, um sem o outro...

Na outra vez que amei não pude usufruir de muito. Culpa minha, mas não só. E neste caso nem tive tempo de avaliar o que quer que fosse para decidir o que quer que fosse. Não deixes que isso também te aconteça...

Conta comigo, grande amigo. Estou aqui para te dar um abraço de parabéns se tudo correr bem, como estarei aqui para ser o teu ombro se as coisas correrem menos bem. De uma maneira ou de outra, espero apenas e só que sejas feliz...

Estás cá dentro, é o que interessa. Um abraço do tamanho do mundo para ti...

LF"