Wednesday, November 18, 2009

Factos...


O inverno é quem manda por estes dias. É ele quem dita quais as condições climatéricas desfavoráveis a enfrentar dia após dia até chegarmos à Primavera…


Falta, no entanto, algum tempo para essa mudança de estação. A brisa sopra cada vez mais intensamente, acompanhada de uma toada gélida nada agradável para quem gosta de desfrutar dos prazeres de um passeio à beira-rio, de uma caminhada à beira-mar, de namorar num banco de jardim…


Urge, portanto, adaptarmo-nos às adversidades, percebermos como deve ser combatido o frio que nos faz hesitar sempre que levantamos de manhã bem cedo e vislumbramos o nevoeiro no horizonte, a humidade nas janelas ou a geada na capota dos carros…


É pois, importante, saber que se tem ao lado uma fonte inesgotável de calor, uma fonte constantemente renovável de fogo. Não, não falo do fogo de Prometeu, mas sim do fogo da paixão, das labaredas do amor, das chamas da libido…


Quem tem isso a seu lado não se importa com frio. Quem tem isso a seu lado não faz caso da chuva gélida que cai e inunda os passeios da cidade, nem do vento frio cortante que nos obriga a andar na rua tapados e abrigados até à ponta dos cabelos, nem tão-pouco a uma possível neve, sempre encantadora, mas igualmente fria…


Quem tem isso a seu lado valoriza muito mais os banhos em conjunto, as noites passadas à lareira, bebendo chocolate quente enquanto se assiste a um filme. Quem tem isso a seu lado prefere enaltecer as noites adormecidas no calor de um abraço, as manhãs abençoadas pelo calor de um enroscar de pernas sempre engraçado de se desfazer, principalmente se bêbados de sono…


Quem tem isso a seu lado tem…quase tudo, senão mesmo tudo…


Tudo isto para no fundo, e baseado numa publicidade recente, dizer o seguinte:


“Se eu podia viver sem ela? Podia, mas não era, de todo, a mesma coisa”.


Amo-te, Di.

Quatro anos de More Than Words...


Quatro anos…Quem diria?

Quatro anos depois de ter criado o More Than Words, eis que aqui me encontro, perante a blogosfera que me ouve, me lê e me acompanha a dar conta de mais um aniversário deste blog. Um projecto iniciado por incentivo de amigos, aos quais aproveito para agradecer e aos quais devo muito do que fiz e publiquei neste pequeno espaço…

Quatro anos já é alguma coisa. Penso que o percurso do blog fala por si e são muitos os momentos a merecer destaque especial numa ocasião como esta. No entanto, deixo isso para os que me acompanham nesta viagem ao mundo das confidências, das confissões, dos testemunhos e da expressão de ideias, sensações ou sentimentos…

Obrigado a todos os que visitam este cantinho tão meu, tão vosso…

Que venham muitos mais =)

Até sempre, Enke...



A morte é um daqueles temas que poucas vezes ousamos abordar, discutir, debater. Seja pelo medo que dela temos (alguns), seja pela insistência em fazer deste um tema tabu, a verdade é que hoje em dia continua a ser difícil falar da morte. Tal como é difícil, e cada vez mais pelo que se vê, falar dos nossos próprios problemas…

Não digo isto por sentir necessidade de desabafar ou falar das coisas que me afligem. Neste momento estou suficientemente equilibrado e sei como lidar com o mundo que gira em meu redor. Mas, e infelizmente, há pessoas cujo desgaste é maior, cuja pressão é mais intensa e cujas fragilidades psicológicas acabam por ser demasiadas e até mesmo fatais. Como Robert Enke, por exemplo…

Não falo do guarda-redes excepcional que foi, nem das suas brilhantes defesas, dos seus vôos e estiradas. Falo, isso sim, do pai, do marido, do cidadão consciencioso e activo que era. Falo do Robert Enke ser humano, do Robert Enke que encantava tudo e todos à sua volta, fosse pelas acções que levava a cabo, fosse pelo terno sorriso expressado sempre que tinha a sua filha ao colo…

Hoje a sua selecção joga pela primeira vez desde que partiu. Não sei se consigo imaginar como será e como reagirão os jogadores germânicos quando se sentarem no balneário e virem que naquele canto, naquele cacifo não está mais o capitão do Hannover. Mas sei como se sentem neste momento…

A Federação Alemã de Futebol publicou hoje, no seu site oficial, uma carta escrita pelos companheiros de selecção de Enke. Porque alongar-me mais seria divagar no vazio, deixo, a seguir, excertos de um documento que a todos deve tocar e que a todos deve suscitar alguma reflexão…

“ «Sentámo-nos juntos muitas vezes e pensámos em ti. Em conjunto, ficámos em silêncio, juntos chorámos e juntos procurámos respostas, mas apenas nos surgiram mais interrogações, perguntas agonizantes»

«Por que não te conseguimos ajudar? Por que é que tu não conseguiste, não quiseste falar-nos dos teus problemas? Por que é que não é possível neste nosso desporto competitivo, na nossa sociedade competitiva falar abertamente de medos e doenças?»

«É um pensamento penoso para todos nós, que tivesses estado em solidão, mesmo quando estavas rodeado por nós; que tantas vezes pensaste que estavas a perder muito mais do que uma mera partida de futebol; que para ti havia muito mais em jogo que para nós»

«Vamos sentir a tua falta. No caminho para o estádio, nos balneários, na grande área. Vamos sentir a tua falta porque eras um guarda-redes extraordinário. Mas, muito mais, porque eras uma pessoa excepcional. Hoje jogamos pela Alemanha, jogamos pelos adeptos. Mas a maioria de nós vai jogar por ti. Por um bom amigo cuja morte nos uniu ainda mais. Somos uma equipa e tu farás sempre parte dela.» “

Descansa em paz, Enke.

Saturday, November 07, 2009

Sobre o adeus de Paulo Bento...


Sei que não é meu apanágio utilizar este espaço para falar de futebol e sei que todos sabem que a minha cor clubística não é, nem de perto nem de longe, o verde. No entanto, creio que há alturas na vida, e no futebol subsequentemente, em que é preciso sabermo-nos desprender de certas e determinadas opções e paixões. Isto a propósito da demissão de Paulo Bento do comando técnico do SCP...

Começando pelo óbvio: sim, de facto talvez não estivessem garantidas as condições ideais para que Paulo Bento continuasse como treinador leonino; sim, de facto esta estava a ser, até ao momento, a sua pior temporada desde que assumiu os destinos do futebol sénior do SCP; sim, a suposta pressão (digo suposta porque so conheço duas - a da panela e a atmosférica) da massa adepta em nada estava a ajudar o grupo de trabalho. Até aqui tudo bem, estamos todos de acordo, independentemente do clube com que mais simpatizamos...

Porém não é isso que me leva a este post. O que me traz aqui hoje é tão-somente a incredulidade para com o facto de que quase todos os sportinguistas terem aceitado este desfecho com tanta naturalidade, enfim, como tanta tranquilidade...

É um facto que as coisas pareciam já não estar a resultar e que a mensagem de Paulo Bento há muito que deixou de passar para o universo sportinguista. Tal como também é um facto de que o próprio desgaste a que se sujeitou ao longo de 4 anos e 15 dias tenha deixado muitas mossas na sua imagem e tenha distanciado Paulo Bento de alguns elementos da estrutura directiva do clube...

No entanto eu pergunto: não terá sido o contrário? Não terá sido a incompetência de alguns directores e accionistas da SAD leonina a criar um fosso inultrapassável entre equipa técnica, jogadores, directores e adeptos? Não terá sido o pouco sportinguismo de algumas pessoas influentes no clube a originar esta espécie de cataclisma verde e branco? Sei que é fácil especular. Mas, e ainda que o mundo do futebol não seja justo, creio que os de Alvalade estão a ser extremamente ingratos e injustos para com Paulo Bento. Senão vejamos:

- que outro treinador teria sido capaz de fazer melhor com os recursos disponíveis?

- que outro treinador teria sido capaz de tanto tempo ao comando técnico do SCP sem se queixar uma única vez da falta de apoio dos directores e membros da SAD?

- que outro treinador, ainda que seja essa a política praticada, e bem, em Alvalade arriscaria apostar tanto na cantera do clube?

- que outro treinador teria sido tão Homem e defendido os seus jogadores, o seu clube, descurando a sua imagem, quando deveriam ter sido outros a fazê-lo?

E isto são apenas alguns tópicos...

Desde que passou pelo Benfica que admiro o carácter de Paulo Bento. Lembro-me bem do seu percurso e lembro que o antigo nº 6 benfiquista foi o primeiro estrangeiro a se tornar capitão do Real Oviedo de Espanha. Lembro-me que ele foi um dos esteios da selecção do Euro 2000, ajudando a alcançar o 3º lugar nessa mesma prova. Lembro-me de o ver jogar, já pelo SCP, no dia em que o seu pai falecera, marcando um golo nos 6-0 ao Paços de Ferreira, tendo sido também o melhor em campo. Lembro-me da sua despedida, emocionada e sentida, enquanto jogador de futebol, na qual Paulo Bento, chorando, relembrou o seu saudoso pai...

Paulo Bento foi, acima de tudo, mais Homem do que muitos que já vi no mundo do futebol. Sério, capaz, competente, o ex-treinador do SCP talvez peque apenas pelo seu grande coração. Mas, enfim, ele é apenas humano... Mister, da minha parte, e enquanto benfiquista, quero lhe deixar o mais sincero voto de felicidades. De certeza que o seu futuro será brilhante e ainda vai ganhar muitos títulos...

E honra lhe seja feita: Paulo Bento é grande...independentemente da cor que nos move!