Saturday, November 29, 2008

Frio...


Estamos em Novembro. Os dias amanhecem frios e anoitecem ainda mais gélidos. A chuva torna-se uma constante e traz consigo ventos e nuvens que anunciam o Inverno…

Nesta altura do ano é comum procurar-se calor. O calor de uma casa cuja sala tem a lareira acesa. O calor de um quarto cujo aquecimento está ligado. O calor de um revigorante banho de água quente. O calor de um chocolate quente preparado rapidamente num micro-ondas…

Mas também há quem procure outro tipo de calor. Há quem procure o calor de um olhar mais derretido. Há quem procure o calor de um abraço mais apertado. Há quem procure o calor de um beijo mais apaixonado. Há quem procure o calor de um corpo mais próximo. Há quem procure o calor de uma alma mais gémea…

E há ainda quem não se importe com o frio, a chuva, o vento…como se fosse normal haver chuva, frio e vento em Novembro. Há quem prefira não se resguardar aquando das intempéries, sejam elas da Natureza ou da própria vida em si…

Estamos em Novembro. A chuva bate-me à janela, o vento assobia à minha porta e o frio aguarda que o deixe entrar. Parece óbvio que tal não se irá suceder. Não porque eu esteja à procura de calor nem porque já o tenha encontrado. Mas sim porque o frio que hoje sinto não se encontra realmente lá fora…

Está cá dentro…bem cá dentro…

Sunday, November 23, 2008

Correr atrás...


Passam os minutos, passam as horas, passam os dias…Dia após dia busca-se a felicidade, a sorte, o futuro, a prosperidade…Dia após dia bate-se em portas, tenta-se abrir janelas, procura-se espreitar pela fresta de um qualquer postigo, de um qualquer lugar menos bem iluminado…

É a luta diária de quem quer partir, de quem quer sair, de quem quer alcançar…O quê? Pouco importa. Neste momento importa sim não esmorecer, não desanimar, não perder a moral nem a fé. Mas não é fácil. A necessidade e a urgência dos factos levam a crer que negra, ou pelo menos escura, será a cor das nuvens que se aproximam no horizonte…

Já não é cedo para tal constatação. Também não é tarde…ainda. Mas começa a caminhar para o tardiamente, para o eterno, para o exasperante…

Querer não é poder…Sempre o soubera, mas agora, mais que nunca, estou certo disso. Não neste momento…nem nunca, para ser sincero…

A cada badalada do relógio sinto a areia a esvair-se por entre os meus dedos. É o tempo que me foge, que se me escapa. É a vida que se despede lentamente e com ela leva algumas oportunidades, algumas portas e janelas. É o futuro a dizer que é tempo…de correr atrás do tempo…

Só espero ir ainda a tempo…

Thursday, November 20, 2008

6 - 2...


Inevitável…

Bem sei que pode parecer maldade, bem sei que já não ganhávamos há 19 anos, que havíamos perdido os últimos dois jogos, que este foi só um jogo particular, mas mesmo assim, nós é que somos Penta…

Ontem houve “show de bola”…Literalmente…

Uma goleada histórica e que ficará para sempre na memória de alguns amantes do futebol…tal como eu…

Eis um vídeo da TV Globo…

PS – espero que Carlos Queiroz e os seus pupilos vejam e revejam os erros que cometeram na noite de ontem. Apesar de tudo, esta é a minha segunda selecção e não gostei nada da atitude de certos jogadores…

Tuesday, November 18, 2008

Palavras soltas...


Queria ser ave e nos céus poder voar
Queria ser peixe e o fundo mar poder avistar
Queria ser nuvem e um dia fazer chover
Fazer a vida brilhar, ver a vida florescer

Queria ser vento para ao mundo soprar
O brilho das estrelas, as ondas do mar
Queria ser Sol e iluminar o mundo
Queria ser Lua de mistério profundo

Queria ser riso e chorar de alegria
Queria ser lágrima e rir-me disso um dia
Queria ser tacto da palma da mão
Queria poder ver através do coração

Queria ser tudo, tanta coisa e muito mais
Queria ser nada, ser sempre, ser jamais
Queria estas palavras poder entender
Queria, quem sabe, um dia as poder perceber

Tempo...


Tempo…

Tenho tido tempo ultimamente. Bastante, diria eu. Em demasia, arriscaria eu. Os últimos tempos têm sido passados no conforto (?) do lar (?), no meu quarto, numa espécie de exílio forçado por uma gripe e por um dente do siso…Ridículo, não? Pois, às vezes penso que sim, mas outras vezes há em que apenas e só constato que o ser humano é capaz de surpreender: não se deixa abater por críticas ou por más acções contra ele intentadas, mas cai que nem um tordo por causa de uma gripe e de um dente do siso…

Enfim, como diria eu mesmo, coisas da vida. Mas é um facto que este exílio tem-me oferecido a oportunidade de pensar e repensar muitos dos aspectos da minha vida. E acho que todos sabem o resultado de tal exercício quando isso acontece…

Há muito que não me sentia assim, tão sozinho, tão vulnerável, embora esta seja uma vulnerabilidade, para já, inqualificável e de estirpe desconhecida. Não sei muito bem qual a causa deste meu sentimento, até porque não vejo grande razões para tal, mas a verdade é que os últimos 15 dias acabaram por suscitar em mim umas quantas dúvidas, legítimas, diria eu, as quais assolam-me frequentemente por agora, impedindo-me de me dedicar a outro tipo de pensamentos…

No primeiro parágrafo deste texto interrogo-me, propositadamente, sobre os conceitos conforto e lar. Porquê? Não sei…talvez por não sentir que este seja o meu lar ou que este seja o meu verdadeiro conforto. Lar seria um lugar onde pudesse comungar e conviver com a minha família (sabem que isso para mim resume-se apenas a pais e irmão), cuidar da minha mãe e ajudar o meu pai. Lar seria estar longe de tanta coisa que não me agrada e nas quais não me revejo. Conforto seria estar a gozar de alguns benefícios que hoje não tenho (essencialmente por minha culpa, é um facto, mas não só…) e providenciar esses mesmos benefícios a quem verdadeiramente amo. Conforto seria poder aclamar e gritar a plenos pulmões que juntos vencemos a maior batalha em que já me vi envolvido e poder comemorá-lo com a minha família, mas especialmente com a minha mãe…

Porém a vida é tudo menos aquilo com que sonhamos. Pelo menos em certas e determinadas fases. E nesta fase, neste momento pseudo-decisivo da minha existência, reparo cada vez mais que torna-se difícil aspirar a tanto e alcançar tão pouco, torna-se complicado idealizar este ou aquele cenário e dar-me conta de que ainda falta muito, tanto, bastante, para o transpor dos primeiros enormes obstáculos…

E cada vez que penso nisso, sinto-me mais pesado em termos de responsabilidades (o que não me assusta, não agora…), mas mais leve em termos de certas amarras intelecto-emocionais, as quais poderiam turvar-me a visão e bloquear-me a mente…

Talvez por isso sinta o apelo do regresso a casa, à pátria-mãe gentil, ao meu país. Talvez tudo não passe de um sonho, mas adoraria poder voltar, levar os meus pais, ajudá-los a assentar e a estabelecer-se numa bela chácara, como nós dizemos por lá, ou numa finca…Isso sim seria um luxo, uma alegria tremenda…

Mas sei que dificilmente tal irá acontecer. O regresso, a perspectivar-se, será só meu. O que não me desagrada, atenção, mas os meus “velhos” merecem esta minha visualização idílica…

Com tudo isto, parece que perdi o fio à meada, mas não. Todo este tempo, toda esta minha prosa, todo o processo de percepção e reconhecimento da minha realidade actual tem servido para consolidar conceitos há muito adquiridos, mas que, de quando em vez, necessitam de ser revigorados e energizados…

Ou seja…sim, tenho tido tempo…tempo para ter ainda mais saudades do Brasil e ainda muitas mais saudades dos meus pais (graças a Deus que ainda vai dando para estar com o meu irmão) …tempo para acreditar que há tanta coisa por fazer e ainda mais por inventar…tempo para pedir ao tempo não para voltar atrás, mas sim para avançar a um ritmo que me permita, pelo menos, vencer algumas das minhas batalhas. A começar pela da minha mãe…

Por isso, ó Tempo, ó Chronos, sê simpático para comigo e concede-me apenas aquilo que todos desejamos, mas que poucos alcançam: uma chance, uma oportunidade para, lá, aqui ou noutro lado qualquer, poder encontrar o meu conforto, poder encontrar o meu próprio lar…
Quanto mais não seja para não me sentir assim…tão só…tão homeless…

Saturday, November 15, 2008

Parabéns...


Hoje é dia de festa. Não, não faço anos. Nem realizei nenhuma tarefa digna de menção honrosa…

Mas hoje, 15 de Novembro de 2008, o blog More Than Words completa 3 anos de existência. Três anos de histórias que fizeram rir, chorar, sonhar algumas pessoas…Três anos de textos, muitos textos, os quais também a mim me têm feito rir, chorar e sonhar…

Ao longo destes anos tentei ser fiel aos princípios que me levaram a criar este espaço. Penso que o tenho conseguido. Mas o que mais me alegra e reconforta é que alguns dos meus textos têm tido a capacidade de ajudar outras pessoas, as quais se vêem e revêem naquilo que vou escrevendo e dizendo. Para mim, como para qualquer “escritor”, esse é sempre um motivo de orgulho…

E é assim que me sinto. Orgulhoso pelo blog, pela qualidade de alguns textos e pelo facto de poder, através do que escrevo, fazer sonhar algumas mentes e despertar umas quantas outras…

Parabéns More Than Words. Que esta data se repita por muitos e bons anos…

Monday, November 10, 2008

Mais uma página que se vira...


Hoje (ou ontem, visto já passar da meia-noite) encerrei mais uma página da minha vida. Mais um capítulo se encerra e mais uma jornada finda. Hoje, deixei de ser Mocho Real da Real Tertúlia Bubones (RTB), a Comissão de Praxe da ESEC, isto depois de já ter tido o meu último jantar oficial…

Ao longo de oito anos enquanto aspirante a Tertuliano e Tertuliano de facto, foram muitas as histórias, as vivências e experiências vividas. Tantas que seria impossível numerar uma quantidade que fosse razoável ou comparável com aquilo que vi, vivi e experienciei…

Hoje, após um percurso do qual me orgulho, percurso esse marcado por muito mais coisas positivas do que negativas (embora agora cada um prefira dar relevância àquilo que mais lhe convier ou importar), gostaria apenas de agradecer a todos quantos fizeram parte deste meu caminho e que me ajudaram, de uma forma ou de outra, a concretizar sonhos, a ultrapassar barreiras, a vencer obstáculos e a quebrar tabus…

A todos vós, o meu mais sincero e humilde obrigado. Não quero nomear ninguém, pois a lista ainda é considerável e não me quero alongar muito mais…

Por último, deixo um excerto de um texto escrito por mim, um dia, há já cinco anos. Creio que este excerto ainda hoje faz sentido e, pelo menos para mim, espelha e reflecte um pouco a minha visão do que é ser Tertuliano…

E antes do excerto, uma referência ao novo Mocho Real. Mico, parabéns, rapaz. A RTB merece e fica extremamente bem entregue. Há malta com grande capacidade que está e estará a teu lado, lutando pelo mesmo que tu. Da minha parte, e no que precisares, já sabes. Um abraço…

Agora sim, o excerto…

(…) Todos nós sabemos que este assunto do “sentir a Tertúlia” é subjectivo. Mas mesmo assim atrevo-me a tentar torná-lo mais objectivo: para mim, sentir a Tertúlia não é procurar protagonismo nem é aparecer só quando nos apetece, é estar presente quando se é preciso. Sentir a Tertúlia não é ter “espírito para a coisa”, mas sim saber qual “o espírito da coisa”. Sentir a Tertúlia é ter prazer no acto praxístico, quer sejamos caloiros, quer sejamos doutores. Sentir a Tertúlia não é estar na moda (ser fashion), porque a moda é efémera e os sentimentos não o são. Sentir a Tertúlia não é afirmarmo-nos dentro dela…é afirmá-la dentro de nós (…) ".

Foi um prazer, um orgulho e uma honra tremenda…Até sempre…

Thursday, November 06, 2008

Ainda não a perdi...


Pai,

Sinto muito a falta de algo que, para mim, é essencial para que eu possa seguir pelo rumo que julgo estar traçado para mim e o qual abraço de bom grado e humildemente. Falta-me paz, Pai…

Falta-me paz para poder ser e estar condignamente perante o Senhor, para poder ser e estar condignamente perante mim mesmo e perante mais uns quantos (cada vez menos, é um facto) que ainda prezo e tenho em grande estima…

Não quero pedir perdão por nada, pois as minhas faltas já foram por mim identificadas e sei quando as irei justificar e perante quem. E para mim isso é o mais importante, saber que é perante Si que me vou e que tenho que justificar. Não quero, não espero, não peço nem pretendo que haja aceitação, compreensão e percepção perante actos por mim cometidos. Há coisas na vida que estão e estarão sempre para além da percepção humana e até mesmo eu tenho alguma dificuldade em perceber certas coisas…

Mas Pai, que nunca me deixe ser assolado pela soberba da Fúria nem me deixe ser dominado pela cegueira da Raiva. Hoje sei-me mais amargo, mais frio e mais cruel do que outrora fora e não desejo isso para mim. Nem para mim nem para ninguém, pois haverá sempre alguém a ser prejudicado por isso…

Não tenho sinais de remorso nem de arrependimento, mas demonstro sinais de fadiga e de cansaço perante o modo como decorrem as coisas que fazem parte da minha vida. Ajudai-me por isso, não a deixar de exprimir o que tiver que exprimir – independentemente de haver quem goste ou não -, mas sim a ter a serenidade necessária para voltar a alcançar a minha paz de espírito e a minha sanidade espiritual que tanto prezo, mas que por vezes negligencio…

Infelizmente, Senhor, sou humano. E alturas há em que sou humano em demasia. E ambos sabemos que não é esse o caminho, não é essa a escolha e não será nunca essa a salvação…

Pois a Luz que desejo, a Luz que procuro, a Luz que anseio, é tão-somente a Luz que me acompanha desde sempre, que me guia desde sempre, que me abençoa desde sempre. A Luz que procuro provém de Si, mas está em mim…

E eu sei que não a perdi…